AIE: É “inexplicável” a falta de ação na eficiência energética

Agência Internacional de Energia considera que economizar mais energia é “totalmente essencial” para acelerar o fim da dependência dos combustíveis fósseis como a Rússia e reduzir as emissões de CO2.

A Agência Internacional de Energia (AIE) considera “inexplicável” a falta de ação por parte do setor público e privado em acelerar as metas de eficiência energética, isto depois de a entidade revelar que, se fosse duplicada a taxa de esforço registada na última década, o mundo poderia reduzir, até 2030, o uso global de energia equivalente à mesma quantidade consumida na China todos os anos. O feito poderia resultar também na poupança de 650 mil milhões de dólares (cerca de 606 mil milhões de euros) para as famílias.

Além do nível de poupança, a AIE alerta que este esforço reduziria ainda mais o uso de petróleo e gás do que a quantidade destes combustíveis importados da Rússia para a União Europeia, um dado relevante considerando que decorrem a negociações entre os 27 Estados-membros para acabar com a dependência de Moscovo depois da decisão de invadir a Ucrânia, a 24 de fevereiro.

Fatih Birol, diretor executivo da AIE, considera que economizar mais energia é “totalmente essencial” para reduzir os custos das famílias que, por causa da guerra, têm continuado a aumentar nos últimos meses. Mas vê como igualmente importante acelerar o fim da dependência de regimes de combustíveis fósseis como a Rússia e reduzir as emissões de CO2 que agravam a crise climática. “Mas, inexplicavelmente, o governo e os líderes de negócio estão a falhar a atuar adequadamente nisto”, avalia Birol.

De acordo com o documento, duplicar o nível de eficiência energética global atual para 4% ao ano, tem o potencial de evitar 95 exajoules por ano de consumo final de energia até o final desta década, em comparação com um caminho baseado nas configurações de políticas atuais. Isso é equivalente ao atual uso anual de energia da China, informa o relatório.

Esse esforço reduziria as emissões globais de CO2 em mais 5 mil milhões de toneladas anuais até 2030, cerca de um terço dos esforços totais de redução de emissões necessários nesta década para descarbonizar o planeta zero até 2050, tal como recomendam os roteiros de neutralidade carbónica.

A entidade adianta ainda que aumentar o empenho rumo à eficiência energética no mundo, resultariam também na redução da quantidade de gás natural usada equivalente quatro vezes ao que a União Europeia importou da Rússia, no ano passado, e menos quase 30 milhões de barris de petróleo por dia, cerca do triplo da produção média da Rússia, em 2021. Em comparação com hoje, esse impulso global para a eficiência ajudaria a criar 10 milhões de empregos adicionais em áreas que vão desde reformas de construção até infraestrutura de fabricação e transporte.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

AIE: É “inexplicável” a falta de ação na eficiência energética

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião