Salsa pronta a vestir mais em Espanha do que em Portugal

Após confirmar a "conquista" de Espanha, a marca de calças de ganga do grupo Sonae pretende colocar França no topo das vendas e estrear-se na Itália, Bélgica, Países Baixos e Irlanda.

2022 poderá ser um ano histórico para a Salsa. A marca portuguesa de calças de ganga poderá obter, pela primeira vez, mais receitas em Espanha do que no mercado doméstico. A ambição da empresa do grupo Sonae não fica por aqui: de seguida, “dentro de dois ou três anos”, quer colocar França como o principal mercado e ainda estrear-se com lojas próprias em países como Itália, Bélgica, Países Baixos e Irlanda.

No final de 2021, o mercado português representava cerca de 35% da faturação total da Salsa; o mercado espanhol valia mais de 30%. A ultrapassagem está para breve: “Se não for neste ano, o mercado espanhol vai ultrapassar o português em 2023”, prevê, em entrevista ao ECO, o diretor executivo da marca, Hugo Martins.

Atualmente, a Salsa conta com 26 lojas próprias no país vizinho, com presença em 68 armazéns do El Corte Inglés e com uma “rede grande de distribuição em lojas multimarca”. Mas do outro lado da fronteira “há maior potencial de crescimento, com muitas opções de abertura” em comparação com Portugal, onde “há poucos sítios onde ainda [possa] abrir novas lojas”. Em Portugal, a insígnia conta com 59 lojas próprias.

Se não for neste ano, o mercado espanhol vai ultrapassar o português em 2023

Hugo Martins

Diretor executivo da Salsa

Sem detalhar valores, a marca nascida em Vila Nova de Famalicão conta que as vendas “fiquem ao nível pré-pandemia” no final de 2022 — acima dos 200 milhões de euros –, apesar de um início de ano turbulento. O período de saldos foi atirado para meados de janeiro — em vez do final de dezembro — e o período de trocas foi alargado. A Salsa pertence à Zeitreel, unidade de negócio da Sonae para a moda e que também conta com a Mo, Zippy e Losan.

À conquista de França (e da Europa)

Além de Portugal e Espanha, a Salsa tem lojas próprias em França e no Luxemburgo. E tem ainda cerca de 30 lojas em regime de franchising em Malta, Eslovénia, Qatar, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Líbano, Kuwait, Bahrain e Angola. Depois de tornar Espanha no país que mais contribui para o volume de negócios, a empresa “já está a pensar mais para a frente” e quer valorizar mais o mercado francês.

“O nosso próximo objetivo é que França venha a ser o maior mercado da Salsa. Gostaria que isso acontecesse em dois ou três anos”, ambiciona Hugo Martins. Atualmente, a marca conta com nove lojas próprias no país, presença em 600 pontos de venda multimarca e ainda um site “com vendas semelhantes às de Portugal e de Espanha”.

O nosso próximo objetivo é que França venha a ser o maior mercado da Salsa. Gostaria que isso acontecesse em dois ou três anos.

Hugo Martins

Diretor executivo da Salsa

A empresa de vestuário também quer reforçar a aposta no mercado europeu, com a estreia noutros países. “Queremos aprofundar a nossa presença na região do Benelux [Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo] e nos mercados italiano e irlandês, sem fechar a porta a outros sítios”, frisou. Contribui ainda para esta expansão a aposta na integração das vendas digitais com o comércio físico.

“Monto uma pequena rede de lojas físicas para marcar posição, complemento com entregas online, com parceiros franchisados ou com espaços especializados em lojas multimarca e ainda com presença em marketplaces bandeira. Prefiro uma abordagem que mistura o digital e físico com muita capilaridade do que entrar primeiro num país apenas no mercado digital, deixá-lo sozinho e só depois fazer o resto”, explica o diretor executivo.

Diretor executivo da Salsa, Hugo Martins.DR

Está ainda na mira regressar ao Reino Unido com espaços físicos e entregas no digital, depois de “algumas complicações resultantes do pós-Brexit”. Par a par, a Salsa procura assim acelerar a expansão internacional e conquistar o mercado europeu, depois de o grupo Sonae ter assumido a totalidade das ações da empresa em abril de 2020.

Calças para o “infinito”

Com o setor da moda cada vez mais preocupado em reduzir a pegada ambiental, a Salsa arrancou com um serviço de reparação para prolongar a vida dos produtos. Qualquer pessoa pode deslocar-se a uma loja em Portugal, Espanha, França e Luxemburgo para perceber se pode dar uma nova vida ao par de calças de ganga, casacos e vestidos da marca do grupo Sonae. Os serviços custam entre cinco e 20 euros e a avaliação é feita pela marca depois do aconselhamento dos funcionários da loja.

Se forem para arranjo, as calças são enviadas para o atelier da marca, em Vila Nova de Famalicão. Se o cliente não quiser fazer nada, a empresa “assume a responsabilidade pelo fim do produto e dá-lhe o melhor fim possível: tentar repará-lo e ver quem pode ficar com ele; tentar pegar nele e colaborar com alguém para dar-lhe uma nova vida; ou se nada mais puder ser feito, [trata] da sua reciclagem”, detalha Hugo Martins.

Vamos assumir a responsabilidade pelo fim do produto e dar-lhe o melhor fim possível: tentar repará-lo e ver quem pode ficar com ele; tentar pegar nele e colaborar com alguém para dar-lhe uma nova vida; se nada mais puder ser feito, vamos tratar da sua reciclagem.

Hugo Martins

Diretor executivo da Salsa

O projeto Infinity “não é uma oportunidade de negócio, mas sim para mudar as mentalidades sobre o que significa ter uma peça que ainda pode ser aproveitada”. Por conta disso, para “evitar o fomento do consumo, não é dado um voucher de desconto numa segunda peça para quem entregar peças, porque isso derrotaria o princípio do programa”.

Reparação de calças de ganga no atelier da Salsa, em Vila Nova de Famalicão.DR

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