Juros da dívida a dez anos superam 3% pela primeira vez em 5 anos

Aumento dos juros das obrigações portugueses voltam a ultrapassar fasquia dos 3% pela primeira vez desde julho de 2017, há cinco anos.

Os juros associados à dívida portuguesa continuam sob intensa pressão nos mercados internacionais, com os investidores a anteciparem um aperto monetário mais agressivo dos bancos centrais para domar a inflação. Esta terça-feira, a yield dos títulos a dez anos voltou a superar a fasquia dos 3%, o que já não acontecia desde 14 de julho de 2017, há quase cinco anos.

A taxa das obrigações portuguesas a dez anos atingiu esta terça-feira os 3,024%, um agravamento de mais de 2,5 pontos base em relação ao fecho da sessão de segunda, de acordo com os dados disponibilizados pela Reuters.

Juros a 10 anos superam fasquia dos 3%

Fonte: Reuters

Os juros nacionais subiam em todos os prazos, com as taxas a cinco e dois anos a renovarem máximos de sete anos (valores mais elevados desde 2014) nos 2,401% e 1,5%, respetivamente.

Lá por fora, outros países da Zona Euro também registavam agravamentos nas taxas das obrigações dos governos para máximos desde 2014. Eram esses os casos da Alemanha (a referência para os investidores), Itália e Espanha (com quem Portugal se equipara).

A taxa das obrigações alemãs a dez anos sobe para 1,647% e a taxa italiana no mesmo prazo, acabada de romper a barreira dos 4%, segue nos 4,12%. Em Espanha, os juros das obrigações copiam a tendência portuguesa ao ultrapassarem também a fasquia dos 3% esta terça-feira.

Desde o final do ano passado que os juros das obrigações vêm subindo, mas aceleraram a tendência à medida que as pressões da inflação se foram intensificando (com a guerra e os preços da energia) e encostando os bancos centrais à parede. Foram já várias autoridades monetárias que agravaram as taxas de juro para controlarem a subida dos preços, incluindo o a Reserva Federal norte-americana (Fed), que deverá anunciar esta quarta-feira um novo aumento das taxas das fed funds. Os analistas do Goldman Sachs apostam que a Fed vai subir os juros em 75 pontos base em junho e 50 pontos base em setembro, de acordo com um relatório citado pelo The Wall Street Journal.

Deste lado do Atlântico, com a inflação acima dos 8% na Zona Euro, o Banco Central Europeu (BCE) ainda não subiu os juros de referência, mas indicou na semana passada que vai começar a agravar as taxas a partir do próximo mês, o que está a adicionar pressão no mercado secundário.

O Commerzbank acrescentou que o recente sell-off no mercado obrigacionista poderá ter sido amplificado com o regresso de vários governos às emissões de dívida, como Alemanha, Itália (os custos dispararam para máximos de vários anos) e os Países Baixos o fizeram esta terça-feira.

Amanhã é o IGCP que vai ao mercado tentar levantar 500 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro com o prazo de três meses e a expectativa é de que Portugal venha a pagar mais do que nas últimas operações de financiamento.

(Notícia atualizada às 10h58)

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