Fábrica nuclear de Zaporijia deixou de fornecer energia ao lado ucraniano

  • Lusa
  • 3 Setembro 2022

O anúncio foi feito numa altura em que inspetores da agência nuclear das Nações Unidas (ONU) prosseguem com a sua missão no local.

O maior complexo nuclear ucraniano e também da Europa deixou de fornecer eletricidade aos territórios controlados pela Ucrânia, informaram neste sábado as autoridades apoiadas pelo Kremlin, citadas pela agência AP.

O anúncio foi feito numa altura em que inspetores da agência nuclear das Nações Unidas (ONU) prosseguem com a sua missão no local.

A administração municipal nomeada pela Rússia em Enerhodar, onde a fábrica de Zaporijia está localizada, justificou a situação com um alegado bombardeamento efetuado por tropas ucranianas na manhã de hoje e que terá destruído uma importante linha de energia.

“O fornecimento de eletricidade para os territórios controlados pela Ucrânia foi suspenso devido a dificuldades técnicas”, indicou a administração municipal. Não ficou esclarecido se a eletricidade do complexo nuclear está contudo a chegar às áreas controladas pelos russos.

Vladimir Rogov, membro da administração regional indicada pelo Kremlin, afirmou que um projétil atingiu uma área situada entre dois reatores. Tais alegações não puderam ser confirmadas imediatamente por outras fontes.

Nas últimas semanas, a Ucrânia e a Rússia culparam-se mutuamente pelos bombardeamentos na unidade e nas proximidades, ao mesmo tempo que se acusavam também de tentativas de boicotar a visita de especialistas da ONU, que chegaram ao complexo nuclear na quinta-feira.

A missão da Agência Internacional de Energia Atómica visa ajudar a proteger o local.

O Ministério da Defesa russo acusou as tropas ucranianas de terem efetuado na sexta-feira uma tentativa de se apoderarem daquele espaço, apesar da presença dos peritos da AIEA, ao enviarem 42 barcos com 250 militares das forças especiais e “mercenários” estrangeiros para tentar um desembarque na margem do reservatório próximo de Kakhovka.

O Ministério russo indicou que quatro caças russos e dois helicópteros destruíram cerca de 20 barcos e os outros retrocederam no rumo. Informou também que a artilharia russa atingiu a margem direita do rio Dnieper, controlada pela Ucrânia, para atingir o grupo de desembarque que estava em retirada.

O mesmo ministério alegou que os militares russos mataram 47 soldados, incluindo 10 “mercenários” e feriram 23. Estes dados não puderam ser verificados de forma independente através de outras fontes.

A Rússia tinham dito anteriormente que cerca de 60 soldados ucranianos tentaram desembarcar perto da fábrica na quinta-feira e que as forças russas impediram essa tentativa.

Na manhã de hoje, nem o Governo ucraniano, nem a operadora de energia nuclear do país, Enerhoatom, comentaram essas alegações.

O complexo nuclear sofreu repetidamente a desconexão completa da rede elétrica da Ucrânia desde a semana passada, com a Enerhoatom a culpar pelo sucedido o bombardeamento e incêndios perto do local provocados por morteiros.

As autoridades ucranianas locais acusaram por seu turno Moscovo de atacar com ‘rockets’ duas cidades próximas do complexo nuclear, do outro lado do rio Dnieper, imputação que tem sido feita repetidamente nas últimas semanas.

Em Zorya, uma pequena vila a cerca de 20 quilómetros da fábrica de Zaporijia, os moradores ouviram na sexta-feira o som de explosões na área. Não é porém o bombardeamento que mais os preocupa mas o risco de uma fuga radioativa da fábrica.

“A fábrica, sim, é parte mais assustadora”, disse à AP Natalia Stokoz, mãe de três filhos, justificando: “As crianças e os adultos serão afetados, e é assustador se o complexo nuclear explodir.”

Durante as primeiras semanas da guerra, as autoridades deram comprimidos de iodo e máscaras às pessoas que moravam perto da fábrica em caso de uma eventual exposição à radiação.

Entretanto, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ofereceu-se para assumir o papel de “facilitador” na questão do complexo nuclear de Zaporijia, num telefonema com o Presidente russo, Vladimir Putin, indica um comunicado da presidência turca.

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