Exclusivo Inditex “renova votos” com Portugal na venda e no fabrico de roupa

A testar no Porto tecnologias de ponta e o novo modelo de lojas com integração online, dona da Zara assegura ao ECO o compromisso com o mercado português, tanto na vertente comercial como industrial.

Portugal foi o primeiro destino internacional da Inditex, quando abriu na Rua de Santa Catarina, no Porto, aquela que foi a primeira loja da Zara fora de Espanha, assinalando o início da expansão global que prosseguiu no ano seguinte em Nova Iorque (EUA) e em 1990 em Paris (França), até estar atualmente presente em 200 mercados espalhados pelo mundo. Volvidos 34 anos, o grupo de origem galega “renova os votos” de compromisso com o mercado português, tanto na vertente comercial como a nível industrial.

Seguindo os passos da Zara, as restantes marcas comerciais da Inditex começaram a sua expansão internacional com aberturas em Portugal: Pull&Bear (1993), Massimo Dutti (1994), Bershka (1998), Stradivarius (2000), Oysho (2001) e Zara Home (2003). Detém atualmente cerca de 300 lojas no país – 51 delas são da Zara, que representa dois terços da faturação –, emprega perto de 1.900 pessoas e garante ao ECO que os planos incluem a abertura de novas unidades e a renovação de vários espaços comerciais, como acaba de fazer na Baixa da Invicta e vai prosseguir no Centro Comercial Colombo, em Lisboa.

Loja da Zara na Rua de Santa Catarina, no Porto, reabriu esta semana após seis meses em obrasRicardo Castelo/ECO

“Portugal é um mercado muito importante para o grupo Inditex. Temos um plano para melhorar os espaços comerciais e definimos o modelo de flagships stores, apostando em lojas em localizações prime, com mais metros quadrados e a possibilidade de implementar todas as possibilidades que oferece o nosso modelo integrado”, adiantou fonte oficial. Além de estar a “estudar” novas lojas de rua, frisa que “há centros comerciais em que também é muito importante estar” e que por vezes surgem “locais que ficam livres e permitem fazer ampliações e reformas”. “Temos abertas em cima da mesa possibilidades de todo o tipo”, acrescenta.

Já no que toca ao papel da indústria portuguesa do têxtil e do vestuário no abastecimento das lojas, fala numa “relação absolutamente privilegiada”, recusando que se tenha alterado. “O grupo Inditex tem um modelo único de fornecimento e cuida de [ter] relação estáveis e de longo prazo com fornecedores que não são exclusivos. Portugal é um dos países em que temos produção de proximidade – os outros, além de Espanha, são Turquia e Marrocos. Isso não mudou. Mais de metade dos fornecedores está em fábricas de proximidade. E nessa equação Portugal continua a ser um ator muito relevante para a Inditex”, assegura.

Mais de metade dos fornecedores estão em fábricas de proximidade. E nessa equação Portugal continua a ser um ator muito relevante para a Inditex.

Fonte oficial da Inditex

Já questionada sobre o tema da inflação, a mesma fonte não quis ir além do que foi referido durante a apresentação anual de resultados do grupo, em março, de que na nova coleção foram feitas “pequenas correções de preço em algumas categorias concretas”, com um aumento médio de 5% a nível mundial e de 2% em países como Espanha e Portugal. E se os valores na etiqueta ainda não dispararam, alinhados com os das matérias-primas, da energia ou dos salários, justifica-o com a eficiência das operações, o modelo de fornecimento, as relações com os fornecedores e a capacidade para antecipar esse tipo de questões que vão acontecendo no mercado”.

Porto testa tecnologias e modelo de loja

Esta espécie de “renovação dos votos” de casamento com Portugal acontece numa altura em que a Zara reabre a histórica loja na Rua de Santa Catarina, que estava fechada para obras desde março. Além de uma remodelação profunda para realçar os elementos classificados do edifício, tal como a fachada de estilo neoclássico, duplicou a área de venda para 4.000 metros quadrados, adicionando um terceiro piso comercial, e equipou este espaço com as mais recentes ferramentas tecnológicas para oferecer ao cliente uma experiência de moda integrada com a plataforma online da marca.

Navegar online pela loja, consultar o stock disponível, fazer a reserva de um provador (válida por 20 minutos) ou a recolha em duas horas de uma encomenda feita online. Estes são alguns dos serviços disponíveis através da app da Zara. Na área dos provadores, por exemplo, basta aproximar os artigos de uma tela, que faz a contabilização das peças e indica de forma automática qual está disponível – à saída repete este processo e encontra as caixas de pagamento automáticas para completar a compra. Apesar da maior automatização em vários processos, o número de funcionários desta loja quase triplicou de 35 para 103 após reabrir esta quinta-feira.

No piso térreo, o silo robotizado é um dos principais símbolos da integração entre a loja física e online. Tem capacidade para 800 caixas, permitindo ao cliente evitar filas e contactos na loja para recolher aquilo que encomendou e pagou online. Basta inserir o código que recebeu e a máquina entrega o pacote. Ao lado tem outras duas novidades: um depósito para cartão reciclado, no qual pode deixar a caixa – para reciclagem ou reutilização noutras compras, caso os clientes queiram; e um contentor para entregar roupas antigas (sem qualquer contrapartida comercial), ao abrigo de um programa gerido em parceria pela Cruz Vermelha Portuguesa para aumentar o ciclo de vida do vestuário.

No exterior, a renovação incluiu a recuperação de ornamentos originais, como as varandas ou as cantarias em pedra das janelas, despojando o edifício de outros elementos decorativos que tinham sido acrescentados ao longo do tempo, como as famosas colunas duplas da entrada. No interior, o espaço portuense é o primeiro em Portugal e apenas o terceiro no mundo, a seguir a Madrid e Qatar, a adotar o novo conceito de decoração “White Box, que o grupo liderado desde abril pela filha do fundador, Marta Ortega, quer implementar progressivamente em todas as lojas.

“O espaço, onde convivem moda e tecnologia, foi concebido como um grande contentor branco, limpo e neutro, cedendo o protagonismo aos elementos originais recuperados no projeto, tal como o muro de pedra à vista, que atravessa todo edifício desde o piso inferior. A madeira do mobiliário e os tons dos têxteis proporcionam notas de calor e um contraste natural ao ambiente”, descreve a empresa. Com este novo modelo de loja, refere ainda, consome menos 20% de energia e menos 40% de água do que numa loja tradicional.

A loja flagship na mais conhecida artéria comercial da cidade Invicta conta ainda com três novas áreas comerciais específicas dedicadas aos lançamentos mais recentes da marca, a nível mundial. É o caso de um espaço boutique dedicado à linha de lingerie, que até agora só era vendido online; de uma nova zona exclusiva para calçado e acessórios na secção de mulher; e ainda da coleção de equipamento desportivo Athleticz, com “produtos que reúnem funcionalidade técnica, materiais sustentáveis, estética simples e máxima comodidade”, que passa a ocupar parte do último piso desta loja.

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