Lisboa aprova contrato com a JCDecaux para a exploração de publicidade

A MOP fica com 40% do contrato e, no total, as duas empresas vão pagar à CML 8,3 milhões de euros por ano. A dreamMedia já reagiu.

Teríamos preferido ficar com o contrato inteiro, mas estamos muito felizes por ter sido encontrada uma solução. As coisas vão começar agora, Lisboa vai ficar a cidade mais digital da Europa“. É assim que Philippe Infante, desde julho diretor-geral da JCDecaux em Portugal, reage à decisão da autarquia de Lisboa, que aprovou o contrato de concessão para a instalação e exploração do espaço publicitário no município. Lisboa vai receber, anualmente, 8,3 milhões de euros. “É um contributo importante para os cofres do município”, diz o responsável ao ECO.

No total serão 2 mil abrigos, 900 mupis – 250 dos quais digitais – e 125 painéis digitais que serão explorados pela JCDecaux e pela Mop, que ficará com 40% das posições. As empresas, têm agora duas semanas para entregar à autarquia o levantamento das posições que pretendem implementar. “Vamos ter menos mobiliário e mais digital”, adianta o responsável. Está previsto que a implementação comece no prazo de seis meses, decorrendo ao longo do próximo ano. Philippe Infante não se compromete com a data final da substituição do mobiliário, “cuja localização vai depender da decisão da Câmara”. Quando o processo começar, podem ser substituídos até “60 a 70 posições por noite”. O responsável não adianta quanto é que vai ser investido na alteração do mobiliário, montante que será repartido entre as duas empresas de publicidade exterior.

A autarquia fica, para com comunicação institucional, com 40 mupis amovíveis (exclusivos do município), 20 mupis digitais cinco painéis digitais.

Concurso para publicidade em Lisboa aberto em 2017

A Câmara Municipal de Lisboa aprovou na quarta-feira o contrato de concessão à JCDecaux para a instalação e exploração publicitária na cidade, por um prazo de 15 anos, com a empresa a pagar 8,3 milhões de euros por ano.

Quatro anos após a Câmara Municipal de Lisboa (CML) ter decidido “adjudicar a concessão de utilização de domínio público para instalação e exploração publicitária de mobiliário urbano ao concorrente n.º 5 – JCDecaux Portugal, Mobiliário Urbano e Publicidade, Lda.”, o contrato com esta empresa, escolhida no âmbito do concurso público, foi aprovado pelo executivo camarário, com 15 votos a favor, designadamente sete da liderança PSD/CDS-PP, cinco do PS, dois do PCP e um do BE, e duas abstenções do Livre e da vereadora independente eleita pela coligação PS/Livre, informou hoje à Lusa fonte do município.

O contrato de concessão entre a CML e a JCDecaux para uso privativo do domínio público do município de Lisboa para a instalação e exploração publicitária refere-se ao lote 3, que abrange as peças de mobiliário urbano dos lotes 1 e 2, que inclui “900 mupis, dos quais pelo menos 10% devem ser de natureza digital”, 2.000 abrigos e 75 sanitários públicos dos quais, no mínimo 10%, terão de estar preparados para receber utilizadores com mobilidade condicionada, nomeadamente em cadeira de rodas.

Outros dos dispositivos previstos no contrato são “40 mupis amovíveis, para publicidade institucional; um número de painéis digitais de grande formato não superior a 125 e que, no seu conjunto, compreenda uma área total de faces publicitárias entre 2.500 m2 [metros quadrados] e 3.000 m2; e 20 mupis de natureza digital e cinco painéis digitais (4×3 metros), a utilizar exclusivamente como equipamento informativo municipal”, lê-se no contrato, a que a Lusa teve acesso.

Como contrapartida da atribuição da concessão, a JCDecaux obriga-se a pagar à CML “a remuneração anual de 8,3 milhões de euros”, segundo o contrato, que determina que esse valor é atualizado anualmente de acordo com a taxa de variação média anual do Índice de Preços no Consumidor nos últimos 12 meses.

A empresa tem de comunicar à CML, até 15 dias após o início do contrato, os locais onde pretende instalar as peças de mobiliário urbano e, após aprovação, tem que apresentar um plano de instalação.

“O prazo de exploração publicitária do mobiliário urbano é de 15 anos a contar do termo do terceiro mês após a data da aprovação pelo primeiro outorgante [a CML] do plano de instalação relativo a todas as peças do mobiliário urbano, sem prejuízo da possibilidade de início de exploração publicitária imediata à medida que as peças de mobiliário urbano sejam aceites”, de acordo com o contrato.

Neste âmbito, a CML autoriza a JCDecaux a “subcontratar, parcialmente, os direitos e obrigações, decorrentes do presente contrato à MOP – Multimédia Outdoors Portugal – Publicidade, S.A.”.

Em junho de 2018, a CML aprovou a adjudicação da exploração da publicidade no mobiliário urbano à JCDecaux, por 15 anos, após um processo polémico que gerou contestação de empresas concorrentes, que suscitou a intervenção da Autoridade da Concorrência para determinar “se a transação em causa consubstanciaria uma operação de concentração”, o que culminou, passados quatro anos, com a apresentação da proposta de contrato.

Em janeiro deste ano, a JCDecaux apresentou “uma proposta formal de compromissos”, envolvendo a subcontratação à MOP de 40% do lote 1 (mupis, abrigos e sanitários públicos) do contrato de concessão, e sete painéis médios digitais de dupla face (12 m2) do lote 2, a qual foi submetida a teste de mercado, para permitir que as entidades do setor se pronunciassem quanto ao potencial impacto jusconcorrencial e, “após audiência prévia em que intervieram vários dos contrainteressados, a Autoridade da Concorrência emitiu decisão de não oposição à concentração, com aposição de condições e obrigações”.

De acordo com a proposta do atual executivo camarário, apresentada pelo vereador da Economia e Inovação, Diogo Moura (CDS-PP), a decisão da Autoridade da Concorrência de não oposição ficou condicionada à celebração de contrato de subcontratação com a MOP.

No início do processo, a JCDecaux enviou à CML os documentos de habilitação e entregou o comprovativo de subscrição de caução por garantia bancária, a favor do município de Lisboa, no valor de 2,49 milhões de euros, uma vez que a aprovação do contrato só podia acontecer depois da prestação da caução pelo adjudicatário.

Em 2015, terminaram os contratos para a publicidade exterior de Lisboa que o município tinha celebrado com a JCDecaux e com a Cemusa em 1995 e, desde aí, a autarquia tem vindo a fazer aditamentos.

Em causa estão abrigos em paragens de transportes públicos, colunas de informação, painéis de divulgação de informação institucional do município de Lisboa e de outras entidades com as quais colabora e sanitários públicos.

Entretanto, a dreamMedia já reagiu. Em comunicado lembra que “tem um processo em tribunal visando a anulação do concurso de 2017, para além de ir contestar judicialmente esta outorga agora concretizada. A procedência da ação poderá acarretar o dever de indemnização dos concorrentes que foram ilegalmente preteridos. Isto quer dizer que se a Câmara de Lisboa, por ter assinado este contrato com a JCDecaux, será responsabilizada em Tribunal, com forte fundamento, o que redundará certamente em indemnizações milionárias, que podem chegar à centena de milhões de euros, tendo em conta os montantes da concessão”.

 

(notícia atualizada às 19h com declarações de Philippe Infante e a posição da dreamMedia)

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