Marcelo avisa que medidas devem sempre ser “reajustadas e revistas” face às circunstâncias

  • Lusa
  • 16 Setembro 2022

Presidente da República lembrou em Luanda que tudo deve ser sempre “reajustado e revisto” em função “da evolução das circunstâncias”, depois da apresentação de medidas para as empresas pelo Governo.

O Presidente da República disse na quinta-feira que ainda não fez uma “leitura específica” das medidas apresentadas pelo Governo para apoiar as empresas, mas lembrou que tudo deve ser sempre “reajustado e revisto” em função “da evolução das circunstâncias”.

“A leitura que se esperava, depois do primeiro pacote, que houvesse o segundo pacote, tudo sempre a ter de ser reajustado e revisto em função da evolução das circunstâncias”, realçou Marcelo Rebelo de Sousa em declarações aos jornalistas em Luanda, onde se deslocou para a cerimónia de investidura do Presidente da República de Angola reeleito, João Lourenço.

Marcelo explicou que ainda não fez uma “leitura específica” porque tem à sua espera, quando regressar a Lisboa, vários diplomas para analisar, como o da saúde ou sobre as ajudas às pessoas e empresas, todos “para ponderar com alguma urgência”.

O chefe de Estado lembrou ainda que o Governo vai apresentar brevemente as suas perspetivas para o próximo ano, ou seja, “o que é que prevê, tanto quanto é possível prever, de crescimento, de inflação, de défice ou de emprego”.

“Tudo isso [é] naturalmente, muito, muito importante. E desde já avançar com medidas, uma parte delas, provavelmente antes do Orçamento [de Estado] para 2023, para correrem pelo orçamento de 2022, que tem uma folga, apesar de tudo razoável, e outras para o ano que vem”, analisou Marcelo Rebelo de Sousa.

O ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, anunciou um pacote de medidas de mais de 1.400 milhões de euros para apoiar as empresas face ao aumento de custos com a energia, incluindo uma linha de crédito.

Em conferência de imprensa na quinta-feira, em Lisboa, o governante deu conta de várias medidas, desde uma linha de crédito de 600 milhões de euros, o alargamento de apoios a indústrias de consumo intensivo de gás, apoios à formação, medidas de aceleração da eficiência e transição energética, fiscais, entre outras.

Marcelo aguarda resposta (ou silêncio) do Governo sobre CEO do SNS

O Presidente da República disse também que foi dirigido ao Governo um “conjunto de dúvidas específicas” sobre o diploma que cria a direção executiva do SNS, referindo que aguarda “a resposta”, ou “o silêncio”, para tomar uma decisão.

“Confesso que foi dirigido ao Governo um conjunto de dúvidas específicas, não são de fundo, quatro ou cinco [dúvidas], sobre aspetos que têm a ver com esse novo diploma”, adiantou Marcelo Rebelo de Sousa. “Vamos ver se as resposta chegam ou não chegam, qual é a resposta, e se o silêncio ou a resposta são suficientes para limitar ou atrasar aquilo que todos desejamos, que é a promulgação da regulamentação do estatuto do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, acrescentou.

Marcelo Rebelo de Sousa insistiu que o mais importante é “a orgânica” no setor da saúde para permitir que o governo defina as “linhas políticas” e, depois, haver “quem com autonomia faça a gestão, não dependendo dos humores governativos na gestão do dia-a-dia ou das sensibilidades do dia-a-dia”.

“Se isso for para pessoas que percebem isso e vestem a camisola e avançam para esse passo, já na Segurança Social há um instituto da Segurança Social, quem gere não é ministro da Segurança Social é esse instituto obedecendo às linhas políticas do Governo”, sublinhou.

Para Marcelo Rebelo de Sousa é necessária “uma viragem na saúde” que “não tem a ver com o ministro a, b, c ou d, tem a ver com a forma de encarar a resolução do problema da gestão do Serviço Nacional de Saúde”.

O Presidente da República defendeu também que a solução deve contribuir para o primeiro-ministro não ser “chamado a ser ministro de não sei quantas pastas ao mesmo tempo”. “E, portanto, [que] tenha uma equipa que lhe permita a coordenação política, ao mesmo tempo que está na Europa e está a acompanhar questões internacionais muito importantes. Tudo isso também é bom porque há muito tempo que vinha dizendo que nos governos a coordenação política era fundamental”, ressalvou ainda.

O Governo aprovou em Conselho de Ministros no passado dia 8 de setembro o decreto-lei que estabelece a criação da direção executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS), prevista no estatuto do SNS. O Estatuto do SNS foi promulgado pelo Presidente da República em 1 de agosto, que considerou na altura que “seria incompreensível” retardá-lo, e instou o Governo a acelerar a sua regulamentação e clarificar pontos ambíguos.

No domingo, o Presidente da República considerou que o diploma que recebeu sobre o SNS “vai no bom caminho” ao criar uma instituição responsável pela gestão que está separada das decisões políticas.

Marcelo Rebelo de Sousa vai dar posse aos três novos secretários de Estado propostos pelo primeiro-ministro, dois deles do Ministério da Saúde, na sexta-feira, pelas 19h30, no Palácio de Belém, divulgou hoje a Presidência da República na sua página na Internet.

Tomam posse o dirigente socialista e até agora presidente da Câmara de Caminha, Miguel Alves, como secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, assim como Ricardo Mestre no cargo de secretário de Estado da Saúde e Margarida Tavares nas funções de secretária de Estado da Promoção da Saúde.

O chefe de Estado tinha referido também no início da semana que só após da tomada de posse dos novos secretários de Estado da Saúde, do ministério agora tutelado por Manuel Pizarro, é que se passaria “realmente à indicação do diretor executivo [do SNS]”.

O jornal Expresso noticiou na terça-feira que o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar de S. João, Fernando Araújo, deverá ocupar o cargo de diretor executivo do SNS, mas Marcelo rejeitou, nesse dia, comentar nomes concretos e salientou que o processo tem uma ordem.

(Notícia atualizada às 7h49 com mais informação)

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Marcelo avisa que medidas devem sempre ser “reajustadas e revistas” face às circunstâncias

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião