Portugal paga quase 2% para obter 810 milhões em dívida a 12 meses

Custos de financiamento disparam. IGCP obteve financiamento de 1.250 milhões de euros em títulos de curto prazo, com juros perto dos 2% no prazo a 12 meses.

Portugal obteve um financiamento de 1.250 milhões de euros em dívida de curto prazo esta quarta-feira, mas viu os custos subirem de forma acentuada. O IGCP teve de pagar aos investidores juros acima de 1% para colocar títulos de dívida a seis e 12 meses, muito acima do último leilão.

Aliás, para se financiar em 810 milhões de euros em Bilhetes do Tesouro com o prazo a 12 meses, a agência que gere a dívida pública — agora liderada por Miguel Martín — já pagou uma taxa de juro de 1,916%. Quase 2%, quando a última operação do género, realizada em maio, registou uma taxa de apenas 0,236%.

No financiamento de 440 milhões em títulos a seis meses, o juro foi de 1,291%, que também marca uma subida muito expressiva face à taxa negativa de -0,179% do último leilão comparável realizado há quatro meses.

Resultados dos últimos leilões a 6 e 12 meses

Fonte: IGCP

Os analistas explicam a subida abrupta dos custos de financiamento com as “políticas monetárias agressivas” dos bancos centrais para controlarem a escalada da inflação. “As subidas de taxas têm sido globalizadas e a ritmos sem precedentes, elevando os custos de financiamento das novas emissões que chegam ao mercado. Portugal tem assistido a uma subida das taxas em todas as maturidades por força deste movimento”, refere Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.

O Banco Central Europeu (BCE) já subiu as taxas de juro diretoras por duas ocasiões nos últimos meses e promete continuar a apertar o cinto para fazer regressar a inflação ao objetivo dos 2%.

Para as famílias e empresas, a atual situação é muito sensível: enquanto veem o custo de vida subir de forma dramática com o agravamento dos preços dos bens e serviços que consomem e usam diariamente, também têm de enfrentar maiores encargos quando vão ao banco pedir dinheiro emprestado por causa da subida das taxas do banco central.

No caso do Estado, o aperto monetário do BCE traduz-se em maiores encargos dos contribuintes com o serviço da dívida pública. Em 2020 e 2021, Portugal pagou uma taxa média de 0,5% e 0,6% para emitir nova dívida. No entanto, por conta do ambiente de subida das taxas de referência do banco central, os títulos emitidos este ano representam já um custo médio de 1,3%.

“A era de juros negativos chegou ao fim e o custo do serviço da dívida vai continuar a aumentar, no entanto, se os bancos centrais conseguirem os seus objetivos, as subidas abruptas que temos assistido irão suavizar a prazo”, antecipa Filipe Silva.

(Notícia atualizada às 11h10)

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