Exclusivo Luís Castro Henriques de saída da Aicep
O presidente da Aicep termina o mandato no final do ano e não vai manter-se em funções. Secretário de Estado Bernardo Ivo Cruz quer nova estratégia para a agência de investimento.
Vai haver mudanças na liderança da Aicep, a Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, o organismo público que promove a globalização da economia portuguesa. Luís Castro Henriques, na administração da Aicep desde 2014 e presidente desde 2017, não vai continuar no próximo mandato, apurou o ECO junto de duas fontes que conhecem o processo.
A decisão está tomada. A tutela da Aicep é conjunta entre os Ministérios dos Negócios Estrangeiros, Economia e Finanças, mas a gestão operacional compete ao secretário de Estado da Internacionalização, Bernardo Ivo Cruz, que depende do ministro dos Estrangeiros. E o governante quer mudanças na gestão da agência. A saída de Luís Castro Henriques será, de qualquer forma, de mútuo acordo. O gestor terá desabafado que considera concluído o seu trabalho e precisará de novos desafios, provavelmente no setor privado. Não foi possível obter um comentário de Luís Castro Henriques e a Secretaria de Estado da Internacionalização escusou-se a fazer comentários.
Em entrevista à TSF/DV, em fevereiro deste ano, o ainda presidente da Aicep escusava-se a esclarecer se estaria disponível para ser reconduzido se fosse esse o entendimento do Governo. “Não estou a colocar essa questão neste momento. A vida na Aicep é muito intensa, com muitas frentes de trabalho e esse é um processo de reflexão a fazer mais tarde“. A essa data, dizia que tinha como prioridade a preparação da participação de Portugal numa Feira industrial alemã, a Hannover Messe, “o maior evento de promoção empresarial dos últimos 15 anos e dos próximos dez“.
Na mesma entrevista, considerou que Portugal tem condições para manter o objetivo de captar mil milhões de euros de investimento estrangeiro por ano. Note-se que a entrevista foi publicada no dia 26 de fevereiro, dois dias depois do início da guerra na Ucrânia, mas terá sido dada uns dias antes. “Em 2019 estávamos em 44%, é razoável trabalhar para chegar a 50% nos próximos três ou quatro anos. E a partir daí temos de trabalhar para, no médio e longo prazo, chegarmos a 70% (…) Perguntou-me se é possível continuar acima dos mil milhões e do que conheço, digo: porque não?”, dizia o gestor.
A Aicep foi notícia na semana passada por outra mudança na administração. Com a saída do gestor João Dias no início de setembro, uma renúncia ao mandato que termina no final do ano, o Governo decidiu nomear um gestor para os próximos três meses, e que continuará na nova equipa que venha a ser indicada. Luís Mesquita Rebelo de Sousa, até agora assessor da administração na área de negócios com os países CPLP, foi nomeado pelo Governo para administrador da agência.
Luís Mesquita Rebelo de Sousa é filho de António Rebelo de Sousa, chairman da Sofid, uma sociedade de investimento pública para apoiar empresas portuguesas em países em desenvolvimento. E o atual secretário de Estado que tutela a Aicep, Bernardo Ivo Cruz, foi presidente daquela sociedade, em simultâneo com António Rebelo de Sousa., de onde saiu em setembro de 2020 para a equipa que estava a preparar a presidência portuguesa no primeiro semestre de 2021.
A nomeação de Luís Mesquita Rebelo de Sousa foi justificada “dado o grande volume de trabalho a cargo de cada um dos membros do conselho de administração”, escreveu o líder da Aicep, Luís Castro Henriques, no despacho publicado no Diário da República, noticiado pelo Público (acesso condicionado). E o novo administrador passou no crivo da Cresap.
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