White Airways acusa TAP de a empurrar para a “insustentabilidade”

TAP anunciou a semana passada que iria terminar o contrato com a White Airways, argumentando com o elevado número de voos cancelados. Empresa acusa a TAP de lesar o seu bom nome.

A White Airways acusa a comissão executiva da TAP de “tentar justificar o injustificável”, “ofendendo e lesando” o seu bom nome, com a decisão de prescindir dos seus serviços a partir de final de outubro. A decisão, diz, põe em causa 120 empregos e a sustentabilidade da empresa, que opera seis aviões ATR ao serviço da Portugália.

“Para tentar justificar um ato de gestão em que a TAP, altamente capitalizada com recursos públicos, troca uma empresa portuguesa, que não recebeu nenhum apoio do Estado além dos disponibilizados para toda a economia, por uma empresa da Estónia, propriedade do Estado e apoiada por este no âmbito das compensações pelos impactos da pandemia, foi emitido um comunicado lamentável, hostil e lesivo do nome da empresa no tom e no conteúdo”, afirma a White Airways, numa nota divulgada este domingo.

É a reação ao anúncio feito pela TAP na passada quarta-feira, dia 19, de que não iria renovar o contrato com a White Airways, para a operação de seis aviões ATR, que termina a 31 de outubro. No comunicado, a companhia de bandeira justificava a decisão com a necessidade “de reforçar a fiabilidade da sua frota, para evitar que os resultados operacionais sejam penalizados pela indisponibilidade de aeronaves”, referindo os repetidos problemas técnicos com as aeronaves que têm levado a cancelamentos.

“Entre novembro de 2021 e setembro de 2022, razões técnicas resultaram num agregado de 342 voos cancelados, com uma média de 31 voos cancelados por mês. Só em setembro de 2022, a White teve 84 voos cancelados por razões técnicas”, apontava a TAP, assinalando que a frota de ATR será encolhida para apenas dois aviões com a chegada de seis novos Embraer até final de janeiro.

“Desde janeiro de 2022, o baixo desempenho da frota ATR operada pela White teve um impacto financeiro negativo na TAP de 4,8 milhões de euros devido a cancelamentos, necessidade de troca de aviões com aumento de capacidade e indemnizações aos passageiros”, apontou ainda a companhia.

“A comissão executiva da TAP quer tentar justificar o injustificável, ofendendo e lesando o bom nome de uma empresa portuguesa de serviços aeronáuticos com mais de duas décadas de operação no mercado, de criação de emprego, de obtenção de resultados positivos e de contributo para a economia nacional”, afirma a White Airways.

A troca de “uma empresa portuguesa por uma empresa estatal da Estónia” vai pôr a causa o emprego de 120 trabalhadores qualificados e gerar a “insustentabilidade de uma empresa que se constituiu num ativo da economia nacional”, alega a empresa do grupo OMNI. Contesta ainda a “hostilidade com uma empresa que tem de ser parte da resolução do processo da devolução das aeronaves ATR, cujo leasing foi resolvido pela atual administração, com custos superiores (encargo de 20 milhões) aos pagamentos das mensalidades em vigor no contrato”.

Sobre os problemas nas aeronaves, a White diz que a “a gestão da TAP sabe ou devia saber que a fiabilidade de uma frota de turbo propulsão é sempre inferior a uma frota de jatos”. Sustenta também que o “comunicado de quarta-feira omite que um dos pressupostos da operação, da construção da fiabilidade e da regularidade, é a manutenção de linha (a que permite o despacho dos aviões), que, por imposição da TAP, era da responsabilidade da Portugália, empresa do universo TAP”.

Acusando a companhia de bandeira de “construir uma narrativa em que sacode a água do capote das suas responsabilidades nos resultados e na operação”, diz que “continuará a trabalhar para salvaguardar soluções para os 120 trabalhadores lesados pela opção da TAP e para a viabilidade de um projeto empresarial com lastro, experiência e competência em Portugal e no Mundo”.

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