Fosun prepara venda de ativos não essenciais. Fidelidade é considerada ativo principal
Grupo chinês, a braços com problemas de liquidez e refinanciamento, detém a Fidelidade, cerca de 30% do BCP e mais de 5% da REN. Posições na Fidelidade e BCP não estão à venda.
A Fosun está a preparar a venda de ativos não essenciais ao longo dos próximos 12 meses, revela o Citigroup num research citado pela Bloomberg. Em Portugal, o grupo chinês, a braços com escassa liquidez e elevada pressão de refinanciamento, detém a seguradora Fidelidade, uma participação de quase 30% no banco Millennium BCP e mais de 5% da REN – Redes Energéticas Nacionais.
A Bloomberg, citada pelo Jornal de Negócios, avança ainda que a Fosun está a rever as participações em várias instituições financeiras na Europa, nomeadamente no banco alemão Hauck & Aufhauser, “assim como outros investimentos em Portugal”. Citando fontes familiarizadas conhecedoras do dossiê, a Bloomberg diz que o grupo chinês está a trabalhar com várias consultoras para explorar diferentes opções, incluindo a venda de participações. Contactada pela Bloomberg, fonte oficial da Fosun disse não haver planos de venda.
Mas o processo estará ainda numa fase inicial. O conglomerado soma uma dívida equivalente a mais de 38 mil milhões de euros e anunciou, na semana passada, que planeia vender a sua participação maioritária na Nanjing Nangang Iron & Steel United, que está cotada na Bolsa de Xangai. Se este negócio se vier a concretizar, elevará para mais de cinco mil milhões de euros as vendas de ativos este ano. Um valor que compara com 100 milhões de euros em 2021, segundo dados da Dealogic.
A Fosun considera como principais ativos os braços do setor farmacêutico, retalho e turismo, bem como a portuguesa Fidelidade, revelou o grupo chinês num encontro que decorreu esta segunda-feira com analistas. De facto, fonte oficial da Fidelidade disse ao ECO que “a posição da Fidelidade na Luz Saúde não está à venda, é um ativo estratégico essencial para a estratégia de crescimento do grupo em Portugal”. E fonte oficial da Fosun garantiu ao ECO que “a posição no BCP não está à venda”. Mas o objetivo será vender ativos até 80 mil milhões de iuans (11 mil milhões de euros), segundo o Citigroup.
Em março, o conglomerado chegou a acordo para vender a sua divisão de moda, Lanvin Group, através de uma entrada na Bolsa de Valores de Nova Iorque, mediante uma empresa de aquisições para fins específicos (SPAC, na sigla em inglês). No mês seguinte, a empresa acordou a venda da seguradora norte-americana AmeriTrust Group Inc à Accident Fund Insurance Company of America, subsidiária integral do AF Group, com sede nos Estados Unidos.
Entre os ativos vendidos este ano pelo grupo constam ainda uma posição no valor de 500 milhões de euros na Tsingtao Brewery, a principal marca de cervejas da China, 5% do grupo chinês Taihe Technology, no valor de 43 milhões de euros, ou 6% do capital da empresa Zhongshan, por 100 milhões de euros, de acordo com a cotação atual no mercado.
Desde o início do ano, as ações da Fosun International, a principal entidade do grupo cotada na Bolsa de Valores de Hong Kong, caíram quase 50% e negociam perto do valor mínimo dos últimos dez anos.
A revista chinesa de informação económica Caixin informou recentemente que o presidente do grupo, Guo Guangchang, está em negociações para garantir um empréstimo de 2,1 mil milhões dólares, liderado pelo estatal Banco Industrial e Comercial da China (ICBC, na sigla em inglês) e o China Minsheng Bank, um dos maiores credores privados da China.
(Notícia atualizada às 12h02 com a respostas oficiais da Fidelidade e Fosun)
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