Mesa do recrutador: Maria do Rosário Vilhena, diretora de recursos humanos da Nestlé Portugal
Na Nestlé há quase 20 anos, quando assumiu a direção de RH, em 2016, nem sonhava com o enorme desafio que a esperava: garantir um modelo laboral (mais do que híbrido) totalmente flexível.
Defensora da flexibilidade (com responsabilidade) e nada fã de regras, Maria do Rosário Vilhena, 47 anos, acredita que a Nestlé vai no sentido certo, rumo a um modelo de trabalho que, “mais do que híbrido”, é “completamente flexível”. “Não há número de dias fixos para vir ao escritório. Cada um gere o seu tempo, os seus objetivos e a partir de onde trabalha. Posso vir de manhã para o escritório, entrar às 10h00 e sair às 15h00… Ou, com o bom tempo, porque não ir para fora do país, ou ir até à praia?”, exemplifica a diretora de recursos humanos e serviços ibéricos da Nestlé Portugal.
O objetivo é dar autonomia para que as pessoas façam a gestão do seu tempo. Porquê? “Porque eu também tenho uma vida lá fora”, responde Maria do Rosário Vilhena. “Mais do que work-life balance, acreditamos em work-life integration.” “Não criamos regras. Não gosto muito de regras, confesso. Basta que saiba que tenho de entregar e, a partir daí, não há regras. Se dermos a liberdade às pessoas para encontrarem o seu caminho e a melhor maneira de fazerem as coisas, resulta tudo melhor, até porque se sentem muito mais empowered e energizadas”, argumenta.
A vida não são compartimentos estanques. Quisemos criar um espaço que potenciasse isso mesmo, que as pessoas não tenham de fazer um hiato entre o que é a sua vida profissional e a sua vida privada, mas consigam articular as duas da melhor forma.
Para fazer a máquina funcionar, a liderança e o trabalho dos managers é crucial. “É tudo uma questão de concordarem com a chefia”, destaca a líder. A empresa limita-se a fazer recomendações, nomeadamente “sobre interações que devem acontecer no escritório, cara a cara”. “A única coisa que pedimos às pessoas é que não deixem de vir, porque é importante para a cultura organizacional e sentido de pertença”, admite. Mas a responsabilidade de criar um ambiente que faça com as pessoas queiram ir ao escritório é da organização.
Desenhar o escritório do futuro – um espaço de cocriação e colaboração – passa por criar um lugar que inspire os profissionais a pensarem diferente e, muito importante, que facilite as novas formas de trabalho, desde o uso das tecnologias às metodologias design thinking ou à necessidade de contemplar diferentes espaços consoante o tipo de tarefa a executar.
Em Portugal, onde conta com 2.300 colaboradores, a Nestlé tem conseguido: “Em média, temos cerca de 50% da população no edifício, que é precisamente o nosso target.”
Criar diferentes espaços no escritório nem sempre tem a ver com trabalho propriamente dito. Está também relacionado com o bem-estar. “Posso ter uma sessão de mindfulness ou ioga no nosso jardim, se tiver de levar o meu filho a uma consulta durante a manhã, posso deixá-lo lá em baixo no Kidspace…”, exemplifica. “A vida não são compartimentos estanques. Quisemos criar um espaço que potenciasse isso mesmo, que as pessoas não tenham de fazer um hiato entre o que é a sua vida profissional e a sua vida privada, mas consigam articular as duas da melhor forma.”
Veja aqui a entrevista da gestora de RH à Pessoas, bem como todos os objetos que estão em cima da ‘Mesa do Recrutador’:
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