Exclusivo Fundo Alameda, do criador da FTX, investiu 20 milhões no unicórnio português Anchorage
Alameda Research, de Sam Bankman-Fried, investiu na ronda que tornou a Anchorage no sétimo unicórnio português em 2021. Diogo Mónica diz que colapso da FTX não tem influência direta na sua empresa.
O unicórnio português Anchorage Digital, um banco de criptomoedas, tem entre os acionistas o fundo falido Alameda Research, que entrou em insolvência na semana passada, após o colapso da corretora cripto FTX. A informação foi confirmada ao ECO pelo cofundador da Anchorage, Diogo Mónica, que mostrou interesse em adquirir as ações à massa falida.
Em dezembro de 2021, a Anchorage anunciou uma ronda de capital Série D de 350 milhões de dólares, liderada pelo fundo KKR, tornando-se no sétimo unicórnio de ADN nacional (o nome dado às startups que atingem uma avaliação de mil milhões de dólares). Num comunicado, a Anchorage indicava que entre os participantes estava também a Alameda Research.
Quase um ano depois do anúncio, a FTX, outrora uma das maiores corretoras de criptomoedas do mundo, pediu falência na semana passada e arrastou com ela a Alameda, ambas fundadas por Sam Bankman-Fried, bem como o valor da maioria das criptomoedas. O jovem multimilionário é acusado de transferir para a Alameda fundos depositados pelos clientes na FTX, deixando esta última numa situação financeira débil para fazer face às responsabilidades.
Numa entrevista ao ECO, Diogo Mónica conta que a participação da Alameda na ronda de investimento da Anchorage em dezembro de 2021 foi “menos de 5%” dos 350 milhões de dólares angariados, ou cerca de 20 milhões de dólares. O português garante que a posição da Alameda na Anchorage é “muito pequena” e que o grupo de Sam Bankman-Fried, que acusa de ser “criminoso”, “não tem influência nenhuma” no unicórnio português.
(Áudio: Diogo Mónica explica os contornos do investimento da Alameda na Anchorage e o que acredita que vai acontecer à participação)
Questionado sobre o que vai acontecer às ações da Anchorage Digital detidas pela Alameda, Diogo Mónica, presidente do banco de criptomoedas de ADN português, diz que “alguém as há de comprar”. Esse alguém pode ser a própria Anchorage (“talvez a Anchorage em si, ou qualquer outra pessoa”, diz). “Mas não tem qualquer influência em nós, não tem influência na empresa, não tem influência no capital em si, não há capacidade de fazer clawback [reembolso] do capital”, assegura.
Diogo Mónica viu com “muita surpresa” o colapso do império de Sam Bankman-Fried, assumindo não ter detetado sinais de que uma situação como esta estaria iminente. Com o que sabe agora, não tem dúvidas de que “foi claramente uma atitude criminal”. “O que correu mal foi ter um criminoso como CEO“, diz, referindo-se ao criador da FTX e da Alameda.
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