Perto do fim da COP27, as “divisões são profundas”. Lula marca presença e pede COP30 na Amazónia

Na reta final da COP27, ainda existem "divisões profundas" e "muito trabalho pela frente". Lula marcou presença no diálogo climático e propôs acolher a COP em 2025 na Amazónia.

À medida que se entra na reta final da cimeira do clima, adensam-se as expectativas em relação ao pacto de Sharm el-Sheik, que deverá ser assinado entre os delegados presentes na 27ª Conferência das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas (COP 27), na sexta-feira. Mas, de acordo com o representante especial da presidência da COP27 do Egito, Wael Aboulmagd, as expectativas para já não são boas, uma vez que, dentro das salas das negociações, as “divisões são profundas”.

Acho que temos um número maior do que o normal de problemas persistentes“, cita a Reuters as declarações do responsável, esta quarta-feira. “Esperávamos, nas circunstâncias atuais, ver mais predisposição para cooperar e acomodar o que temos vindo a ver. As divisões são profundas”, admite.

Presente na cimeira do clima, está Francisco Ferreira, presidente da associação ambientalista Zero, que revelou esta tarde, em vídeo, não ter crenças de que a cimeira ficará concluída na próxima sexta-feira, 18 de outubro. “Ainda há ainda muito por decidir”, disse, anunciado que a partir de hoje as negociações deverão prolongar-se durante a noite.

“Temos muito trabalho pela frente. Vão começar as diretas a partir de hoje para chegarmos aos textos finais e à conciliação de vontades para ver até que ponto esta COP tem um conjunto de decisões que sejam, pelo menos, suficientes para nos dar alguma alegria”, referiu.

“O Brasil está de volta”

O Brasil voltou a sentar-se à mesa com os líderes mundiais para debater a crise climática, depois de o ex-presidente, Jair Bolsonaro, ter deixado claro de que essa não era uma prioridade no seu mandato. Nos quatro anos em que governou, as políticas ambientais do país enfraqueceram, ao passo que a desflorestação na floresta da Amazónia atingiu níveis recorde.

Mas o novo eleito, Lula da Silva, pretende deixar esse capítulo para trás e deixou isso bem claro ao marcar presença na cimeira do clima, apesar de só tomar posse, enquanto presidente, em janeiro de 2023. “Hoje, estou aqui para dizer que o Brasil está preparado para se juntar, uma vez mais, aos esforços para construirmos um planeta mais saudável”, afirmou esta quarta-feira, na COP27, no Egipto. “O Brasil está de volta”, vincou.

O presidente eleito brasileiro discursou em Sharm el-Sheik e lançou um desafio a António Guterres: “Vamos falar com o secretário-geral da ONU e vamos pedir que a COP de 2025 seja no Brasil, na Amazónia“, anunciou esta manhã.

A oferta para receber a COP30 em 2025 é um passo importante para reabrir as portas do Brasil ao mundo. Tal como a promessa de zelar pela proteção da Amazónia e criação de um Ministério dos Povos Originários, que servirá “para dar voz” à comunidade indígena no país. “A sobrevivência da Amazónia estava dependente destas eleições. A civilização está de volta. O respeito e o direito humano estão de volta”, atirou, sublinhando que “os esforços para combater as alterações climáticas” serão uma prioridade no seu mandato.

“Vamos priorizar o combate à desflorestação de todos os nossos biomas, e reverter anos dos governos anteriores. Em 2021, tivemos uma desflorestação de 13 mil quilómetros quadrados. A destruição ficará no passado”, vincou.

Portugal adere à aliança que visa pôr fim ao carvão e gás

Além do Brasil, Portugal também tem algo a assinalar neste que é o décimo dia da cimeira do clima ao aderir à iniciativa que visa por um fim ao recurso dos combustíveis fósseis, nomeadamente, o carvão e o gás natural. A adesão ao Beyond Oil and Gas Alliance (BOGA, na sigla inglês) foi formalizada esta tarde pelo ministro do Ambiente e da Ação Climática (MAAC).

“Este passo demonstra o compromisso nacional com a descarbonização, com o abandono de subsídios perversos aos combustíveis fósseis e com a recusa de explorar combustíveis fósseis no nosso território“, lê-se numa publicação das redes sociais do ministério liderado por Duarte Cordeiro.

A iniciativa, lançada na COP26, em Glasgow, pela Costa Rica e a Dinamarca contava, até então, com Portugal enquanto membro associado, tendo esta tarde passado a ser membro efetivo da iniciativa — decisão tomada também pelas Ilhas Fiji. O BOGA conta também com o apoio da Gronelândia, Irelanda, Quebec, Suécia e País de Gales e dos estados norte-americanos Califórnia e Washington.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Perto do fim da COP27, as “divisões são profundas”. Lula marca presença e pede COP30 na Amazónia

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião