Ricardo Reis apela a “equilíbrio sensato” dos bancos centrais para “não quebrar as coisas”

  • ECO
  • 22 Dezembro 2022

Economista diz que a recessão que se antecipa para o próximo ano não é culpa dos bancos centrais, mas antes da guerra da Rússia na Ucrânia. Ricardo Reis sugere subida da meta da inflação para 3%.

Para Ricardo Reis, os bancos centrais não têm a sua credibilidade “manchada” pois, apesar da inflação estar em máximos de 40 anos, as expectativas para a subida dos preços a longo prazo estão ancoradas. Ainda assim, o economista e professor da London School of Economics apela aos bancos centrais que tenham um “equilíbrio sensato” na subida das taxas de juro para “não quebrar as coisas ao longo do caminho”.

Em entrevista ao jornal Financial Times (acesso pago, conteúdo em inglês), Ricardo Reis considera que a Zona Euro e o Reino Unido não iriam conseguir evitar uma recessão mesmo sem o aperto monetário dos bancos centrais. “A recessão do ano que vem é causada pela invasão da Ucrânia por Putin, não pelo aumento das taxas de juros pelos bancos centrais. Uma recessão sempre aconteceria na Zona Euro e no Reino Unido, que são grandes importadores líquidos de energia. Não há muito que os bancos centrais possam fazer sobre isso”, argumenta.

Contudo, apesar de o banco central ter um mandato para cumprir a meta da inflação e não para evitar uma recessão, o economista português defende “um equilíbrio sensato para reduzir a inflação sem quebrar as coisas ao longo do caminho”.

“Os bancos centrais não devem causar recessões profundas, crises financeiras e crises de dívida soberana. As taxas de juros estão a subir, e isso está a baixar a inflação, colocando desafios para outras partes da economia, mas não está a causar colapsos, então acho que a credibilidade permanecerá”, considera Ricardo Reis.

Sobre a possibilidade de os bancos centrais começarem a discutir a subida da meta da inflação, atualmente nos 2%, perante os desafios da transição climática, as mudanças na globalização e o envelhecimento demográfico, Ricardo Reis considera que há argumentos para essa discussão. Porém, disse que primeiro é preciso controlar a escalada dos preços que temos atualmente antes de começarmos a discutir um novo objetivo. “[Faria] mais sentido ter uma meta para a inflação de 3%? A resposta é provavelmente sim.”

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