Livre acusa direita: “Estão numa competição para ver quem chama mais a atenção”

  • Mariana Marques Tiago
  • 29 Dezembro 2022

"A moção de censura é um instrumento sério e faz-se quando há uma alternativa", diz Rui Tavares. "A IL quer ir para o Governo? Com o PS? Que outra maioria tem para oferecer?", questionou.

O Livre reagiu durante a manhã desta quinta-feira à demissão de Pedro Nuno Santos, até então ministro das Infraestruturas e da Habitação. Rui Tavares considera que o passo da Iniciativa Liberal (IL), ao propor uma moção de censura, foi precipitado e acusa a direita de estar a tirar o foco da questão mais relevante: a necessidade de existir um maior escrutínio no Governo.

“A IL decide, de um momento para o outro, pedir a moção de censura. A moção de censura é um instrumento sério e faz-se quando há uma alternativa“, disse o deputado. “A IL quer ir para o Governo? Com o PS? Que outra maioria tem para oferecer?”, questionou em declarações à SIC Notícias.

O líder do partido afirma que é preciso olhar para as sondagens para perceber que, ao derrubar o Governo, se “oferece” um Executivo “composto pelo PSD, Chega e IL”, abrindo caminho para o CDS, que também apoia a dissolução do Parlamento. “Se os partidos e os políticos não têm melhor para oferecer ao país, então que se concentrem em trabalhar com a situação que têm”.

“Os partidos à direita estão numa competição para ver quem chama mais a atenção, num momento em que aquilo que devia chamar mais a atenção é o escrutínio dos processos de governação”, explicou o deputado. Nas suas declarações, defendeu ainda que a verdadeira questão é: “há alternativas [da direita] para oferecer? Quero ouvir quais“.

“Estes partidos [de direita] fazem uma proposta de dissolução do Parlamento ou de moção de censura sem ter nada de concreto e sabem que daqui a 24 horas vamos estar a falar de outra coisa. O Livre não é assim, está preocupado com a democracia, que está a dar sinais de degradação”, alertou, afirmando que “as pessoas não querem saltar da frigideira para o lume”, numa metafórica referência a uma possível união dos partidos de direita.

Livre quer maior transparência para evitar crises políticas futuras

Para Rui Tavares, a solução para evitar que “crises políticas como a que estamos a viver” não se repitam passa pelo preenchimento de um questionário por parte de cada governante antes de assumir uma função. Nessa “folha A4 simples”, surgiriam questões como: “se tem conflitos e litígios com o Estado ou empresas públicas, se acumula vencimentos, se recebeu ou tem a receber indemnizações do Estado”, exemplifica o líder partidário.

No entanto, acrescenta, mais importante que o questionário, é a ida dos ministros e secretários de Estado à Assembleia da República, “onde haverá um questionamento e escrutínio muito acentuado por parte dos partidos, o que permitirá apanhar a maior parte destes problemas”.

A urgência é “modernizar a nossa política”, para que “haja mais transparência e escrutínio”, sublinhou o líder do Livre. O próximo ano “tem mesmo de ser ano novo, vida nova em termos de exigência, transparência e abertura. António Costa tem aí uma responsabilidade muito grande: tem de estar presente, exercendo a coordenação política que um Governo tem de ter”, concluiu.

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