Comissão Europeia lança projeto-piloto para combater fuga de talentos
A população idade ativa dos Estados-membros da União Europeia diminuiu em 3,5 milhões de pessoas entre 2015 e 2020. E, até 2050, estima-se que a queda seja de mais 35 milhões de pessoas.
A Comissão Europeia anunciou que será lançado, ainda este ano, um projeto-piloto para ajudar as regiões que registam uma forte diminuição da força laboral, baixa percentagem de pessoas com o ensino superior e um aumento da imigração jovem a desenvolver e implementar estratégias para formar, atrair e reter o talento. A iniciativa faz parte do ‘Talent Booster Mechanism’, anunciado esta quarta-feira pela Comissão Europeia. Em Portugal, o Alentejo é a região que apresenta o cenário mais preocupante, mas a região Norte está em risco de cair na mesma situação.
“Vamos começar um projeto-piloto destinado às regiões que estão nesta ‘armadilha de desenvolvimento de talentos’, para ajudá-las a elaborar estratégias e identificar projetos que sejam capazes de combater estas tendências”, afirmou Elisa Ferreira, comissária europeia da Coesão e Reformas, durante a conferência “Harnessing Talent in Europe: a new boost for EU Regions”, que aconteceu esta quarta-feira.
O projeto-piloto é, contudo, apenas um dos oito pilares que compõem o ‘Talent Booster Mechanism’. Será ainda lançada uma nova iniciativa, chamada ‘Smart adaptation of regions to demographic transition’, que visa apoiar as regiões que lidam com a transição demográfica a nível local; o Technical Support Instrument (TSI), que pode ser usados por todos os Estados-membros, para fazer face à diminuição da população em idade ativa e à falta de competências; assistência financeira dos programas da política de coesão para estimular a inovação e as oportunidades de emprego de elevadas competências; ações inovadoras no âmbito da ‘European Urban Initiative’ para testar soluções para desenvolver, reter e atrair talentos; e uma página web dedicada a iniciativas da UE que desenvolvimento de talento, o que facilitará o acesso à informação às regiões interessadas.
“Vamos começar um projeto-piloto destinado às regiões que estão nesta ‘armadilha de desenvolvimento de talentos’, para ajudá-las a elaborar estratégias e identificar projetos que sejam capazes de combater estas tendências.
Será ainda promovida a troca de experiências e divulgação de boas práticas entre regiões e Estados-membros, bem como feito um esforço adicional para melhorar os conhecimentos analíticos.
“Precisamos de mais informação. O que temos, atualmente, é um conjunto de fotografias, não temos o filme completo. Não temos a informação sobre o que acontece a um pessoa que é formada, em certa região, em certo país; o que a faz com que essa pessoa evolua; o que pode fazer com que a sua mentalidade mude… Há ainda muita investigação a fazer”, justifica a comissária europeia Elisa Ferreira.
Menos 35 milhões de pessoas em idade ativa até 2050
Estas iniciativas surgem a par da preocupação com as alterações demográficas que estão a acontecer na UE. A população idade ativa dos Estados-membros da União Europeia diminuiu em 3,5 milhões de pessoas entre 2015 e 2020. E, até 2050, estima-se que sejam menos 35 milhões de pessoas.
Além disso, 82 regiões em 16 Estados-membros (representando quase 30% da população da UE) estão já a ser severamente afetadas por este declínio da população em idade ativa, por uma baixa percentagem de licenciados universitários e de ensino superior, ou pela fuga (para outras regiões do país ou mesmo para outros países) da sua população com idades compreendidas entre os 15 e os 39 anos.
“Estas regiões enfrentam desafios estruturais específicos, tais como ineficiências no mercado de trabalho, educação, formação e sistemas de aprendizagem de adultos, baixo desempenho nas áreas da inovação, governação pública ou desenvolvimento empresarial, e baixo acesso aos serviços. Ao enfrentar estes desafios, as regiões poderiam atrair mais trabalhadores qualificados”, alerta a Comissão Europeia.
Muitos destas regiões já se encontram naquilo que denominam de “armadilha de desenvolvimento de talentos”, enquanto as outras enfrentam este risco num futuro próximo. “Se esta situação ficar por resolver, ameaçará a prosperidade a longo prazo da UE”, desencadeando novas e crescentes disparidades territoriais, à medida que as regiões envelhecem e ficam para trás em número e em competências da sua força de trabalho, acrescenta Elisa Ferreira.
Em Portugal, o Alentejo é a região que apresenta a situação mais preocupante, enfrentando já a “armadilha de desenvolvimento de talentos”, mas é preciso olhar também para a região Norte, está em risco de cair na mesma situação.
Este tema já tinha estado no centro das atenções, quando, em setembro, Ursula Von der Leyen fez o seu discurso do Estado da União Europeia. Na altura, a presidente da Comissão Europeia defendeu que apostar na formação e na atração de trabalhadores estrangeiros especializados para responder à falta de pessoas nas empresas europeias é a solução para a falta de pessoas.
“Queremos atrair trabalhadores estrangeiros especializados de uma forma controlada, que irão reforçar as empresas e o crescimento da Europa. Um primeiro passo importante é ter as suas qualificações melhor reconhecidas e mais rapidamente. A Europa tem de ser mais atrativa para aqueles que podem fazer alguma coisa e querem envolver-se”, afirmou, no Parlamento Europeu.
A responsável propôs ainda 2023 como o Ano Europeu da Educação.
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