Deputado do PSD eleito pela Madeira renuncia ao mandato na Assembleia da República
Sérgio Marques, deputado do PSD eleito pelo círculo da Madeira, renunciou ao mandato de deputado no Parlamento, por considerar que deixou de "reunir condições políticas" para assumir as funções.
Sérgio Marques, deputado do PSD eleito pelo círculo da Madeira, anunciou esta terça-feira que renunciou ao mandato de deputado no Parlamento, por considerar que deixou de “reunir condições políticas” para assumir as funções.
“Por ter deixado de reunir condições políticas para o prosseguimento das minhas funções parlamentares, e por também querer manter-me como um social-democrata de pensamento livre, comunico-vos que apresentei hoje [terça-feira, 17 de janeiro] ao Presidente da Assembleia da República, a minha renúncia ao mandato de deputado eleito pelo círculo eleitoral da Madeira”, anunciou Sérgio Marques, na sua página da rede social Facebook. Além disso, diz que comunicou a Miguel Albuquerque a “saída da comissão política regional”.
O social-democrata sublinha ainda “foi uma honra e um privilégio” ter representado o povo madeirense na Assembleia da República e garante que é “coerente” com o seu “percurso político”, bem como “forma de pensamento e participação na política ativa, pugnada pela social-democracia e pela liberdade”.
Apesar de não haver uma referência direta, na origem da decisão estão as acusações de Sérgio Marques, em declarações ao Diário de Notícias, de “obras inventadas a partir de 2000”, quando Alberto João Jardim (PSD) era presidente do executivo madeirense, e grupos económicos que cresceram com o “dedo do Jardim”.
Sérgio Marques, que fez parte do executivo madeirense como diretor regional entre 1988 e 1989, refere na reportagem divulgada no domingo que a governação de Alberto João Jardim “foi fantástica até 2000”, mas depois “começaram a inventar-se obras, quis-se continuar no mesmo esquema de governo, a mesma linha, obras sem necessidade, aquela lógica das sociedades de desenvolvimento, todo aquele investimento louco que foi feito pelas sociedades de desenvolvimento”.
No domingo, também na sua página do Facebook, Sérgio Marques declarou que parte destas declarações foram prestadas em off, no âmbito de um trabalho sobre os 47 anos do PSD no poder na Madeira, apontando que as suas opiniões eram “conhecidas, não são segredo, mas que se referem a momentos do passado, e que estão distantes da atualidade política regional”,
O social-democrata, que fez também parte do Governo de Miguel Albuquerque como secretário regional do Assuntos Europeus e Parlamentares, entre 2015 e 2017, afirmou ainda que foi afastado do cargo por influência de um grande grupo económico da região.
Na segunda-feira, questionado pelos jornalistas sobre esta situação e se Sérgio Marques deveria afastar-se do partido por iniciativa própria, o líder do PSD/Madeira e presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque disse: “O PSD é um partido livre e só está no PSD quem quer”.
Na sequência das declarações de Sérgio Marques, os deputados do PS na Assembleia Legislativa da Madeira anunciaram, no domingo, que vão solicitar uma comissão de inquérito para averiguar alegados favorecimentos do executivo madeirense a grupos económicos.
Na segunda-feira, por seu turno, os eleitos do JPP indicaram que vão chamar os empresários Luís Miguel de Sousa (Grupo Sousa) e Avelino Farinha (grupo AFA) ao parlamento madeirense para prestarem esclarecimentos sobre declarações de Sérgio Marques e também do ex-governante regional, Miguel de Sousa, que apontam para favorecimento destes grupos.
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