Nova greve dos tripulantes afetará 1.316 voos e custará até 68 milhões à TAP

A companhia aérea estima que a paralisação de sete dias dos tripulantes terá um custo financeiro direto de 48 milhões e indireto de 20 milhões, pondo em causa o alívio previsto nos cortes salariais.

A TAP prevê que a greve de sete dias, agendada pelos tripulantes para o final de janeiro, afete 1.316 voos e 156 mil passageiros. A quebra na atividade terá um impacto negativo direto e indireto de até 68 milhões, que põe em causa o alívio nos cortes salariais, diz a companhia. Vai ser criado um plano de contingência para minimizar o transtorno para os passageiros.

Os associados do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) rejeitaram esta quinta-feira a mais recente proposta laboral apresentada pela TAP, mantendo o pré-aviso de greve para os dias 25 a 31 de janeiro. Decisão que a TAP “lamenta profundamente”, bem como as “graves consequências que a mesma terá”.

A companhia aérea calcula “um custo total direto estimado de 48 milhões de euros”, dos quais 29,3 milhões em receitas perdidas e 18,7 milhões em indemnizações aos passageiros. “Prevêem-se também perdas de 20 milhões adicionais devido ao impacto potencial nas vendas para outros dias e à sub-optimização de outros voos, com passageiros reacomodados”, acrescenta.

A TAP diz mesmo que, se a greve avançar, ficará “posta em causa” a “recompensa a todos os trabalhadores” que estava a ser analisada pela administração. A companhia estava disponível para reduzir de 25% para 20% os cortes salariais, como avançou o ECO, e subir para 1.520 euros o vencimento isento dos cortes. Na missiva que enviou aos trabalhadores na quarta-feira à tarde, Christine Ourmières-Widener calculava em 48 milhões de euros o “investimento” realizado no alívio da redução salarial.

“A concorrência nesta indústria global é muito forte e a companhia disputa o mercado com outras companhias em todas as rotas que opera. Qualquer fator que comprometa esta confiança dos clientes na TAP põe em causa o caminho de recuperação que temos vindo a percorrer e todo o esforço e sacrifício conjunto que os trabalhadores têm feito”, sublinha a companhia em comunicado.

Dos 14 pontos que estavam em negociação, a TAP e o SNPVAC já chegaram a acordo em 12. Para a administração da transportadora, existiu já um “considerável avanço nas conversações” com o SNPVAC, “tendo a companhia aceitado grande parte das reivindicações apresentadas”, como seja destacar um tripulante de cabina adicional nos aviões de médio curso Airbus A321LR. Uma conquista valorizada esta manhã pelo presidente do sindicato, Ricardo Penarroias.

De fora ficou “o reconhecimento dos níveis de entrada e respetivos pagamentos (processo CAB0 – CAB1)”, que não foi aceite por o “tema estar atualmente a ser tratado em tribunal, havendo alguns casos já decididos a favor da TAP”.

Também não foi aceite a pretensão de ter mais um chefe de cabina nos aviões de longa distância (Airbus A330), por a retirada deste tripulante ter sido “devidamente aprovada pelo sindicato e seus associados, sendo incorporado no Acordo de Emergência” assinado em 2021. “A cedência desta medida significaria vários milhões de euros, acrescidos ao esforço que já representam todos os pontos aceites, além de colocarem a TAP em desvantagem competitiva com os seus pares europeus que têm hoje menos um elemento também”, argumenta a companhia.

A TAP diz estar a construir um plano de contingência para tentar mitigar os efeitos da greve nos passageiros, “através do ajuste da operação, bem como através da flexibilização de alteração do agendamento das viagens e dos reembolsos de bilhetes”.

Antes da assembleia geral, o presidente do sindicato dos tripulantes, Ricardo Penarroias, antecipava já que era “muito provável” que a proposta da TAP fosse chumbada, mantendo o pré-aviso de greve. “Nós não nos podemos dissociar da realidade, de tudo o que se vive à volta da administração, da insatisfação de todos os trabalhadores do grupo TAP”, disse. “Os contribuintes não colocaram 3,2 mil milhões na TAP para que as condições de trabalho dos trabalhadores sejam deterioradas, como muitas vezes tem acontecido. É isso que estamos a tentar evitar. Estamos a lutar pelos nossos direitos”, argumentou também.

A manutenção da greve “deita por terra todo o trabalho de aproximação entre as partes”, afirma a TAP. “Teria sido do mais elementar bom senso e de justiça para todos, tripulantes de cabina e demais trabalhadores da TAP, seus clientes, parceiros e acionistas, que somos todos nós, ter evitado deitar a perder todo o esforço coletivo que tem sido feito até agora e que tão bem encaminhado estava para chegar a bom porto”.

(notícia atualizada às 18h20 )

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