Portugal regista primeiro défice externo desde a chamada da troika

A economia portuguesa acumulou um défice externo de 1.573 milhões de euros nos primeiros onze meses do ano. É o primeiro défice no período de janeiro a novembro desde 2011.

Portugal registou um défice externo de 1.573 milhões de euros até novembro, quando no mesmo período de 2021 se tinha verificado um excedente de 1.287 milhões de euros, segundo os dados divulgados pelo Banco de Portugal esta quinta-feira. “Trata-se do primeiro défice desde 2011, para o período janeiro a novembro”, indica o organismo.

A economia portuguesa teve assim “necessidade de financiamento de 1,6 mil milhões de euros até novembro de 2022“, de acordo com o BdP. As importações cresceram mais que as exportações, apesar do turismo impedir maiores perdas. Além disso, o aumento dos passivos perante o exterior (1,5 mil milhões de euros) foi superior ao crescimento dos ativos (0,9 mil milhões de euros), devido a fatores como o investimento do exterior no imobiliário em Portugal.

No mês de novembro destacaram-se as evoluções das balanças corrente e de capital, que “apresentaram um défice de 256 milhões de euros, o que corresponde a um aumento de 12 milhões de euros relativamente ao mesmo mês de 2021”, bem como um agravamento da balança de bens.

O “crescimento das importações superior ao das exportações em relação a novembro de 2021 (taxas de variação homólogas de 20,1% e 18,0%, respetivamente)” ditou um aumento do défice, de 467 milhões de euros, da balança de bens. Esta evolução foi “parcialmente compensada pelo aumento do excedente da balança de serviços, de 387 milhões de euros, com destaque para os aumentos homólogos das exportações e das importações, de, respetivamente, 26,0% e 18,0%”.

São as rubricas de viagens e turismo que impulsionam as contas dos serviços, sendo que as “exportações e importações cresceram, em termos homólogos, respetivamente, 35,1% e 22,4%”. “O excedente desta rubrica aumentou 246 milhões de euros, para 832 milhões de euros”, diz o banco central.

Na comparação com o ano anterior, é de notar que a “acentuada redução do excedente da balança de capital se deveu ainda ao recebimento excecional, em julho de 2021, da devolução da margem financeira relacionada com o Programa de Assistência Económica e Financeira“.

O BdP dá também dados sobre a balança financeira, cujo saldo foi de -1,0 mil milhões de euros, com um aumento dos passivos perante o exterior mais expressivo que o crescimento dos ativos. Há vários fatores a afetar a evolução dos passivos, nomeadamente o “crescimento do investimento direto do exterior em Portugal, com destaque para o investimento imobiliário”, o “aumento dos empréstimos obtidos por residentes junto de entidades não-residentes” e o “aumento dos depósitos de não residentes junto de bancos residentes”.

(Notícia atualizada às 11h35)

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