Exclusivo Montenegro em entrevista. PSD admite pedir eleições antecipadas depois das europeias

Luis Montenegro afirma em entrevista ao ECO que António Costa deve cumprir o mandato até 2026, mas admite um novo calendário se o Governo não estabilizar e o PS perder as europeias de 2024.

Luís Montenegro, presidente do PSD, em entrevista ao ECO - 26JAN23
Luís Montenegro, presidente do PSD, em entrevista ao ECOHenrique Casinhas/ECO

Luís Montenegro é presidente do PSD há cerca de seis meses — o congresso do partido decorreu no primeiro fim de semana de julho — e assinala-se agora o primeiro ano desde que António Costa ganhou as legislativas com maioria absoluta. Em entrevista exclusiva ao ECO, que será publicada na íntegra na segunda-feira, o líder dos social-democratas abre a porta à possibilidade de avaliar um pedido de antecipação de eleições se o Governo somar mais um ano de crise e se perder as europeias em meados de 2024.

Vamos imaginar que aquilo que aconteceu neste primeiro ano de Governo vai acontecer no segundo ano, exatamente nos mesmos termos, mais aqui, menos ali, e chegamos às europeias e o povo, enfim, tem uma decisão inequívoca. Se calhar, nessa altura, poderá haver condições para o país político, a começar pelo principal partido da oposição, poder tirar ilações, enfim, mais abrangentes, mais largas do que aquilo que normalmente acontece nas eleições para o Parlamento Europeu“, afirmou Luís Montenegro.

Ainda assim, o presidente do PSD tem como cenário central o cumprimento da legislatura de acordo com o calendário definido e espera chegar a São Bento. “Tenho uma grande confiança de que vou ser primeiro-ministro e que isso vai acontecer nas próximas eleições legislativas. Só não sei quando elas vão ser, sendo que o princípio é que serão em 2026“, insiste. E não se sente incomodado com a publicação de fotografias de militantes destacados do PSD em encontros com Pedro Passos Coelho. “Não, de maneira nenhuma. Não me senti nada incomodado, cada um tem os seus mecanismos de exteriorizar as suas participações nesse tipo de eventos. Eu não tenho por hábito, quando almoço ou janto com o Dr. Pedro Passos Coelho, andar a tirar fotografias, mas pronto, há pessoas…

Muito crítico da governação, Montenegro ganhou um novo balanço com a última sondagem que dá uma vitória ao PSD. “A única coisa que me surpreende é a rapidez do desgaste do PS. Ou seja, não estou nada surpreendido com o comportamento do PSD [nas sondagens], até corresponde àquela que era a minha expectativa, estou efetivamente um pouco surpreendido com o desbaratar de uma confiança maioritária como aquela que o primeiro-ministro, António Costa, e o Partido Socialista estão efetivamente a fazer“.

Nesta entrevista ao ECO, Luís Montenegro é comedido nos comentários sobre o caso das Jornadas da Juventude. “O número é de facto muito impactante, mas por outro lado, também é verdade que nós temos grandes vantagens em poder realizar aqui a Jornada Mundial da Juventude”, afirma, por isso, sugere “uma solução que possa ser mais comedida” do ponto de vista financeiro. Mas, ainda assim, defende Carlos Moedas, o presidente social-democrata da Câmara de Lisboa. “É altamente injusto estar a criticar a Câmara de Lisboa por várias razões. Em primeiro lugar, porque esta é uma organização tripartida do Governo, autarquias locais, não é só Lisboa, e a Igreja. E, em segundo lugar, o Presidente da Câmara de Lisboa exerce o seu mandato há pouco mais de um ano. Não tinha instrumentos de calendarização, nomeadamente concursos públicos, que pudessem obviar a outros instrumentos de contratação. Não vamos fazer demagogia com isso, até porque os ajustes diretos não são só da autarquia de Lisboa”, afirma.

Montenegro avalia as principais políticas públicas, particularmente o que se passa na educação e na saúde, admite que a recuperação integral das carreiras dos professores é difícil de cumprir por razões de ordem orçamental e tem dúvidas sobre a utilidade do CEO da Saúde. E deixa um avisa a António Costa: O primeiro-ministro não vai sair desta crise com a estratégia de anúncios e inaugurações de obras com os fundos do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência). “Eu espero sinceramente que isto não signifique que está de volta a farra socialista, aquela que nós ainda temos na memória com os governos do engº Sócrates que aliás, o Dr. António Costa e outros membros do Governo também integraram“.

Já sobre a TAP, Montenegro é claro: A gestão deve ser substituída depois do que sucedeu com a indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis, caso que levou à demissão do ministro Pedro Nuno Santos. A privatização da TAP, essa, é para avançar, a companhia deve ser 100% privada, mas tem dúvidas sobre a possibilidade de ser vendida à espanhola Iberia, como foi defendido, em Madrid, pelo ministro da Economia.

Luís Montenegro considera também que o ministro das Finanças está politicamente diminuído por causa do caso TAP. E se fosse primeiro-ministro, Medina já teria sido demitido. Sobre a prioridade do Governo na redução do défice público e da dívida, o presidente do PSD garante que quer um Estado com as contas certas. “Mas eu não quero um país que faça isso à conta apenas do esforço fiscal das famílias e das empresas e que faça apenas a conta do esforço fiscal e da falta de investimento público“.

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