Euribor a seis meses supera os 3%, o valor mais alto em 14 anos
Indexante mais usado pelas famílias portuguesas nos empréstimos da casa voltou a superar a barreira dos 3%, o que já não acontecia desde dezembro de 2008.
As taxas usadas no crédito à habitação voltam a subir no arranque de 2023. É uma má notícia para quem está a pagar o empréstimo da casa ao banco. No caso da Euribor a seis meses, o indexante mais usado nos contratos em Portugal, superou novamente a barreira dos 3%, atingindo esta quarta-feira os 3,009%, o que não sucedia desde o final de dezembro de 2008, há mais de 14 anos.
Depois de anos a fio a negociaram em mínimos (incluindo em território negativo), as Euribor estão em alta há praticamente um ano, devido ao aperto monetário do Banco Central Europeu (BCE) para controlar a escalada da inflação. Este cenário tem-se traduzido, em última instância, num agravamento dramático da prestação da casa nos contratos com taxa variável – que são mais de 90% no mercado nacional.
Por exemplo, quem tem um empréstimo de 150 mil euros a 30 anos e um spread de 1%, o aumento da prestação atingiu os 300 euros em este mês (nos contratos com Euribor a 12 meses e cujas condições foram revistas este mês), um aumento de 50% em relação à prestação que pagou nos últimos 12 meses.
Enquanto o pico da inflação parece já ter ficado para trás — e os dados divulgados esta quarta-feira confirmam essa tendência — , os sinais dos responsáveis do BCE apontam no sentido de continuar o movimento de subida das taxas de referência. Desde julho do ano passado que já subiram 250 pontos base. A próxima reunião está marcada para esta quinta-feira e o conselho de governadores deverá voltar a decidir-se por um novo aumento de 50 pontos base, como na última reunião, mas já aliviando o ritmo de subidas face aos encontros anteriores.
A par da Euribor a seis meses, também as taxas nos prazos a três meses e 12 meses têm agravado. No prazo mais curto, avançou agora para os 2,483%. Já a 12 meses, que vem sendo a mais usada nos novos contratos, está nos 3,414%.
Face ao disparo das Euribor, o Governo avançou com novas regras para agilizar o regime de renegociação dos empréstimos, no sentido de aliviar a pressão sobre as famílias mais afetadas, nomeadamente ao impor balizas que obriguem os bancos a propor soluções para baixar a prestação.
Para já, os bancos dizem registar um cenário de “normalidade” nos pedidos de renegociação dos empréstimos. Porém, é expectável que as famílias venham a sentir dificuldades ao longo dos próximos meses, à medida que a subida acelerada das Euribor na segunda metade do ano passado se reflita nos seus contratos quando forem revistos.
A Euribor é a taxa de referência baseada na média dos juros praticados por um conjunto de 52 bancos da Zona Euro, nos empréstimos que fazem entre si no chamado mercado interbancário, num determinado prazo (uma semana, um mês, três meses seis meses e 12 meses).
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