Lucro do Santander Totta duplica para 568,5 milhões em 2022

O Santander Totta registou lucros de 568,5 milhões de euros em 2022, uma subida de 90% em relação ao ano anterior.

O Santander Totta registou lucros recorrentes de 568,5 milhões de euros em 2022, uma subida de 90% em relação ao ano anterior. Foram os melhores resultados de sempre. Ajudaram a subida de 7% da margem financeira e de 10% das comissões, segundo anunciou a instituição esta quinta-feira.

Contabilizando mais-valias relativas a operações feitas dentro do grupo, o lucro foi de 606 milhões de euros.

Por outro lado, os resultados de 2021 registaram um impacto negativo de 165 milhões de euros relacionados com custos de reestruturação, cujo efeito base se faz sentir com um disparo dos resultados em 2022.

“São resultados muito bons”, disse o CEO do banco português, Pedro Castro e Almeida, aos jornalistas, afastando a ideia de que sejam lucros excessivos. “É a primeira vez que temos resultados cuja rentabilidade ultrapassa o custo de capital. Ter uma rentabilidade de capital de 12% não é lucro excessivo”, apontou.

O banco prepara-se para dar novo dividendo à casa-mãe espanhola. O administrador financeiro Manuel Preto não revelou qual vai ser o valor, mas lembrou que o banco dispõe de “excesso de capital” e que irá fazer uma proposta “adequada” à assembleia geral de maio.

Olhando para a operação, a margem financeira aumentou 7,3% para 782,9 milhões de euros (com o banco já a notar o efeito da subida dos juros do banco central) e as receitas líquidas de comissões subiram 10,2% para 470,3 milhões de euros (com a reabertura da economia a traduzir-se em mais transações). O produto bancário atingiu os 1.258,6 milhões de euros, um aumento de 2,2% em relação a 2021. E isto sobre uma base de volume de negócio que contraiu: o crédito a clientes (bruto) cedeu 0,3% para 43,3 mil milhões e a carteira de depósitos encolheu 2,4% para 45,8 mil milhões.

“País está parado”, alerta

Castro e Almeida começou a sessão de apresentação de resultados com uma observação mista sobre a economia portuguesa: vai escapar a uma recessão este ano, mas lembrou que “combustível” do motor da economia está a mudar. “Era o investimento e está a mudar para o consumo. Faz lembrar tempos antigos e não é muito bom“, afirmou.

Neste ponto, o líder do Santander Totta explicou que uma das razões de o investimento não estar a aumentar tem a ver com o nível de execução do PPR. “Não está a chegar às empresas”, disse.

Em relação ao crescimento, crescer entre 0,2% e 0,4% nos últimos quatro trimestres não é um bom sinal para o país: “Não estamos a crescer, o país está parado. Se continuarmos neste modo do dia a dia não vai correr bem para ninguém”.

Mais tarde, instado a comentar se a coleção de casos no Governo atrapalha a governação do país, Castro e Almeida diz que “com muito barulho no dia-a-dia é muito difícil” o Executivo ter “alguma clarividência para resolver os problemas”.

“O Governo está no segundo ano do seu mandato de maioria. Espero que nos próximos meses possa haver mais tranquilidade para olhar para o que são os problemas de burocracia, não questão de é colocar mais dinheiro em cima dos problemas da saúde e educação, mas é uma questão de gestão, de fiscalidade, atração de talento”, enumerou.

Sem alteração relevante no nível de incumprimento

A subida muito rápida das taxas de juro está a colocar pressão sobre muitas famílias. Mas Castro e Almeida adianta que ainda não está a assistir a um aumento do nível de incumprimento dos clientes. “Não vemos nenhuma alteração relevante do incumprimento do credito à habitação em comparação com os meses e anos anteriores“, assegurou.

“Para já [as renegociações de contratos] estão ao nível que estavam antes da subida dos juros. Temos muitos pedidos, mas não temos situações alarmantes em termos de incumprimentos”, disse. Mais tarde revelou que o banco está a analisar cerca de 2.000 casos que se enquadram no Plano de Ação para o Risco de Incumprimento (PARI). “São casos que não foram necessariamente reestruturados, estamos a analisar soluções e os clientes depois pode não querer reestruturar”, adiantou Castro e Almeida, referindo que a realidade será a mesma nos outros bancos. “Anda tudo à volta destes números”.

O gestor considerou ainda as queixas levantadas pela Deco sobre o comportamento de alguns bancos na renegociação do crédito como se tratando apenas de casos pontuais. “Fala de um outro caso, e a realidade que temos nos bancos é outra”, considerou Castro e Almeida.

(Notícia atualizada às 11h20)

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