Bruxelas mais pessimista que Governo. Economia portuguesa cresce 1% em 2023 e inflação sobe 5,4%

A Comissão Europeia projeta um crescimento do PIB de 1% em 2023 e 1,8% em 2024, uma revisão em alta. Mesmo assim, previsão é mais baixa que a do Governo, de 1,3% este ano.

A Comissão Europeia reviu em alta as previsões para o crescimento económico de Portugal neste ano, para 1%, mas, mesmo assim, continua a ser mais pessimista que o Governo. A estimativa do Executivo no Orçamento do Estado (OE) era de um crescimento de 1,3% este ano. Já para 2024, Bruxelas estima um crescimento do PIB de 1,8%. As projeções para inflação são também menos otimistas do que as do Executivo: 5,4% este ano, face aos 4% inscritos no OE.

Tanto as projeções para este ano como para o próximo foram revistas em alta pela Comissão Europeia, de 0,7% para 1% em 2023 e de 1,7% para 1,8% em 2024, segundo as previsões económicas de inverno divulgadas esta segunda-feira. A revisão dá-se numa altura em que há mais otimismo em torno da economia, nomeadamente com o abrandamento nos preços da energia que contribuiu para que os efeitos económicos da guerra tivessem um impacto menor do que o esperado no final do ano.

“Em 2023 como um todo, o crescimento deverá desacelerar para 1%. Apesar da recente queda nos preços de energia no grossista e da melhoria do sentimento económico, as perspetivas para o crescimento no primeiro trimestre do ano permanecem fracas, já que consumidores e empresas ainda enfrentam incertezas sobre os custos de energia nos meses de inverno”, sinaliza a Comissão Europeia.

Fonte: Comissão Europeia

Bruxelas prevê, ainda assim, que o crescimento “melhore ligeiramente no segundo trimestre de 2023 e recupere ainda mais a partir daí, atingindo uma taxa anual de 1,8% em 2024 num contexto de suposta procura externa mais forte e preços de matérias-primas mais favoráveis”.

Em reação a estas projeções, o ministro das Finanças sinalizou que são “sinais positivos” e que as “projeções reafirmam um sinal de confiança na evolução económica ao longo do ano de 2023″. “Afastam os riscos de uma recessão económica na Europa e no nosso país, dão um sinal de confiança na economia e nas famílias e nas empresas portuguesas de que 2023 terá um crescimento mais baixo do que em 2022 mas evitam um cenário mais complexo do que se esperava anteriormente”, reiterou Fernando Medina, em declarações aos jornalistas.

Já o primeiro-ministro mostra-se confiante que os números podem até ser melhores, num post no Twitter. “O histórico de previsões dá-nos confiança de que os resultados serão melhores do que agora previstos (em média COM nos últimos 6 anos subestimou o crescimento do PIB em 1,1 p.p.)”, reitera António Costa.

Bruxelas revê inflação em baixa mas mantém-se mais pessimista que Governo

Já os números da inflação em Portugal são revistos em baixa por Bruxelas, mantendo-se, ainda assim, mais pessimistas que aqueles inscritos pelo ministro das Finanças no Orçamento. As estimativas apontam para uma inflação de 5,4% este ano, acima dos 4% projetados por Fernando Medina, e de 2,6% em 2024.

A Comissão estima ainda que o pico da inflação já tenha passado. A inflação acelerou para 10,2% no último trimestre de 2022 “com a aceleração observada nos preços dos bens alimentares e industriais a compensarem o abrandamento dos preços da energia e dos serviços”, mas a estimativa rápida para janeiro de 2023 “confirmou as expectativas de que o pico da inflação foi alcançado” no quarto trimestre, “conforme a taxa de inflação global desacelerou para 8,6% durante o mês, refletindo uma desaceleração substancial no índice de preços de energia”.

A inflação deve desacelerar ainda mais “com a correção descendente em preços grossistas da energia e os desenvolvimentos assumidos nos mercados de matérias-primas”, sinaliza a Comissão. “As fortes chuvas na Península Ibérica ao longo dos últimos meses também deverá apoiar a trajetória desinflacionária tanto nos mercados de energia como de alimentos, revertendo em parte os efeitos negativos da forte seca que afetou o país até setembro de 2022”, nota ainda.

O aumento do nível dos reservatórios de água está a “contribuir para a diminuição significativa dos preços grossistas da eletricidade no mercado ibérico”. Apesar deste cenário, “as crescentes pressões salariais deverão manter os preços dos serviços e a inflação core relativamente elevados”, alerta Bruxelas.

Comparando com o Banco de Portugal, o banco central é mais otimista no crescimento para 2023 (estima 1,5%) e menos otimismo na inflação (5,8%). O Comissário Europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros, Paolo Gentiloni, justifica esta disparidade com as diferentes datas para as previsões: “A nossa segue-se e tem em conta os dados do quarto trimestre e a evolução da inflação, que mostra que está gradualmente a descer”, explicou, em conferência de imprensa.

(Notícia atualizada pela última vez às 15h20)

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