A. Silva Matos tenta retoma do negócio metalomecânico com investimento nas fábricas

Depois de pandemia e guerra travarem o “arrojo” no crescimento, histórica metalomecânica ensaia recuperação com novas contratações e investimento industrial de três milhões em Sever do Vouga e Aveiro.

Fundada em 1980 pelo histórico empresário Adelino da Silva Matos, que morreu em outubro do ano passado, e liderada atualmente pela filha, Cláudia Matos Pinheiro, a metalomecânica A. Silva Matos está a avançar com um investimento de cerca de três milhões de euros para renovar o parque de máquinas e introduzir novas tecnologias de fabrico nas unidades industriais localizadas em Sever do Vouga e Aveiro.

A empresária conta ao ECO que “o projeto já está em marcha e estará concluído daqui a dois anos”, visando um aumento da capacidade de produção nestas duas fábricas, mas sem implicar uma expansão em termos de área industrial. A localização original de Sever do Vouga, onde está sediada a empresa, tem cerca de 20 mil metros quadrados, enquanto a mais recente unidade operacional em Aveiro, que inaugurou em 2015, ronda os 60 mil metros quadrados.

Cláudia Matos Pinheiro, presidente da A. Silva Matos Metalomecânica

Especializada no segmento dos reservatórios sob pressão e dos equipamentos para a indústria metalomecânica, a empresa integrada na sociedade ASM Metal fechou o ano passado com um volume de faturação de 14 milhões de euros, de acordo com os dados disponibilizados por Cláudia Matos Pinheiro. A Covid-19 e depois a guerra na Ucrânia, “pela incerteza provocada no mercado”, admite, acabaram por “desacelerar” o negócio e o “projeto de crescimento bastante arrojado [que tinha] antes da pandemia”.

“Esperemos que as condições [favoráveis] possam retomar. (…) Queremos fazer crescer o volume de negócios para cerca de 20 milhões de euros nos próximos três anos, beneficiando precisamente deste investimento fabril”, completa a presidente do conselho de administração, ressalvando que “não [está] à procura de investidores ou de novos acionistas” para a empresa. Emprega atualmente 112 trabalhadores e, “já a preparar” a modernização industrial, prevê durante este ano a contratação de “15 a 20 pessoas” para as áreas fabril e da engenharia.

Queremos fazer crescer o volume de negócios para cerca de 20 milhões de euros nos próximos três anos, beneficiando precisamente deste investimento fabril.

Cláudia Matos Pinheiro

Presidente da A. Silva Matos Metalomecânica

Com a quota de exportação a variar “entre 70% a 90%”, consoante os anos, já comercializou peças para mais de 60 países, da Indonésia até ao Chile. Os principais clientes são empresas da indústria transformadora, do setor energético (Oil & Gas), farmacêutico e médico. Além disso, tem no portefólio vários projetos com entidades do sistema científico internacional, como o instituto alemão Max Planck ou a Agência Espacial Europeia (ESA na sigla inglesa), a quem forneceu em 2017 equipamentos para o transporte e movimentação do satélite Euclides.

Mais recentemente, na área da investigação dos oceanos, liderou o projeto HiperSea, concluído no final de setembro do ano passado, que teve um orçamento global de 2,73 milhões de euros, cofinanciado pelo Portugal 2020, e no qual participaram o INESC TEC, liderado por José Manuel Mendonça, o Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), o CIIMAR (Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental) e o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

A. Silva Matos quer aproveitar a fábrica de Aveiro para “potenciar o crescimento com projetos especiais”.

Para este projeto 100% nacional, a A. Silva Matos desenvolveu um equipamento robótico destinado a investigar espécies vivas que se encontram a 1.000 metros de profundidade. Uma infraestrutura, como resumiu a empresa de Sever do Vouga, que viabilizou a “recolha de organismos vivos do mar profundo, em condições de elevada pressão, e a sua manutenção à superfície, em estruturas que permitem o suporte de vida continuado dos organismos, em ambiente hiperbárico”.

Foi em 2013 que o fundador Adelino da Silva Matos operou a divisão do antigo grupo industrial por áreas de negócio, repartindo-o pelos três filhos. Empresas independentes, desde então, Cláudia Matos Pinheiro ficou com a metalomecânica; Pedro Matos com a A. Silva Matos – Equipamentos de Transportes (fabrico, legalização e manutenção de cisternas e semirreboques para o transporte e armazenagem de matérias perigosas e alimentícias); e Adelino da Costa Matos com a ASM Industries (produção de torres eólicas e de fundações offshore), que vendeu no ano passado à gigante sul-coreana CS Wind.

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