Exclusivo UNA Seguros regista 18 milhões de prejuízo

Excesso de sinistralidade levou a UNA Seguros a um prejuízo de 18 milhões de euros no ano passado. Agora, o CEO Nuno David terá de convencer a China Tianying a aumentar capital do grupo em 40 milhões.

A UNA Seguros vai apresentar um prejuízo de 18 milhões de euros no exercício de 2022 levando a UNA Vida – que detém 100% do capital da Una Seguros – a registar uma imparidade de 3,6 milhões de euros e a apresentar um resultado de apenas dois milhões de euros pela sua atividade exclusivamente centrada no ramo de seguros de Vida.

Nuno David, CEO da Una Seguros, garante: ” a UNA não tem problemas de pagamento nem de sinistros nem de qualquer outro compromisso”.

Com 66 milhões de euros de negócios realizados no ano passado, o montante de prejuízos é demasiado elevado para a UNA Seguros, mas Nuno David, CEO das seguradoras UNA, afasta qualquer situação de rotura de tesouraria: “A UNA não tem problemas de pagamento nem de sinistros nem de qualquer outro compromisso”, garante Nuno David.

A ASF, entidade supervisora do setor, declarou ao ECOseguros que “as empresas de seguros UNA estão plenamente autorizadas ao exercício da atividade seguradora e estão a operar em condições normais de mercado”. Houve reuniões entre o supervisor e a UNA nas últimas semanas, com a situação já detetada, mas a ASF apenas afirma que “no exercício das funções de supervisão e no âmbito do processo de supervisão legalmente instituído, a Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de pensões acompanha a atividade e situação financeira e de solvência das empresas de seguros, e, neste contexto, desenvolve as ações necessárias ao cumprimento do regime legal vigente”, termina.

As vias para a solução

Quer a Una Vida quer a UNA Seguros tinham registado crescimentos muito acima da média nos últimos anos, na prática logo desde 2018 quando a China Tianying, um grupo estatal chinês em expansão mundial na área das indústrias ambientais, decidiu comprar as seguradoras que a francesa Groupama explorava em Portugal. Neste momento, a participação tem no cimo da cascata a Firion Investments, com sede em Madrid, que detém a totalidade da portuguesa Benefits and Increases, SGPS, que por sua vez controla 100% da UNA Vida, que é a detentora de 100% da UNA Seguros.

A administração da Firion, propriedade da China Tianying, já está informada de que será necessário um aumento de capital da Benefit & Increases para reforçar a solidez da seguradora UNA Vida, que tem neste momento o rácio de solvência SCR de 116% (autoridades europeias exigem um limite mínimo de 100%) e da UNA Seguros que está em apenas 104%. Nuno David tem já uma proposta apresentada ao acionista para um aumento de capital de 40 milhões de euros para o grupo, permitindo injetar 10 milhões na UNA Seguros e elevar o seu rácio SCR para 180%. A média das seguradoras em Portugal está acima dos 200%.

As causas do problema

Nuno David não esconde que os expressivos prejuízos da UNA seguros deveram-se a um mau desempenho de subscrição, isto é, aceitar fazer seguros cujos riscos ou o preço pago por eles pelos segurados ser insuficiente para compensar os custos com sinistros que provocam. As tempestades de dezembro passado em Lisboa são uma explicação, mas algumas apólices automóvel e de acidentes de trabalho problemáticas escaparam à análise quando da compra das seguradoras à Groupama.

A UNA Seguros tem registado um crescimento significativo dos seus negócios, mais que duplicou a sua quota de mercado desde 2019 para 2022 sendo atualmente a 28ª maior seguradora do país e a 14ª dos ramos Não Vida. Com 66 milhões de euros de prémios emitidos no ano passado – uma subida de 37% face a 2021-, é a 7ª maior em multirriscos industrial, a 10ª em acidentes de trabalho, a 11ª em seguros de saúde e a 12ª em automóvel.

Mais espetacular tem sido a subida da UNA Vida que duplicou a sua quota de mercado desde 2019 e obtendo prémios de cerca de 181 milhões de euros, cresceu 2,3 vezes em relação a 2021. Só focada nos seguros de puro Risco, ligados por exemplo ao crédito à habitação e ao consumo, não apresenta, segundo Nuno David, os problemas de elevada sinistralidade detetados na UNA seguros.

No entanto, dado o facto de a UNA Vida deter 100% do capital da UNA Seguros, a companhia precisou de registar uma imparidade de 3,6 milhões no seu investimento na seguradora irmã. Daí que em 2022 ficará com lucro de apenas 2 milhões de euros.

Retificação 22 março 16:30h: A UNA Vida – que detém 100% do capital da Una Seguros – registou uma imparidade de 3,6 milhões de euros devido aos prejuízos da UNA seguros e não de 12 milhões de euros como erradamente referimos.

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