Centeno responde a Costa e Medina: subida dos juros “está a atuar” na inflação

Primeiro-ministro e ministro das Finanças criticaram subida das taxas do BCE. Mário Centeno diz que não há política mais eficaz no combate à inflação que a política monetária. Afasta receios na banca.

Para o governador do Banco de Portugal, “a política monetária está a atuar” na redução da inflação, contrariamente ao que considerou o primeiro-ministro, António Costa, que não vê a subida dos juros do Banco Central Europeu (BCE) a contribuir para o alívio dos preços.

“Não me parece que haja um ranking de eficácia nessa matéria”, respondeu Mário Centeno confrontado pelos jornalistas sobre as posições de António Costa e também do ministro das Finanças.

Centeno sublinhou que “não é o momento de termos estas discussões de andar a ver quem faz mais pelo quê”. Ainda assim, se há política capaz de contrariar a escalada da inflação é a política monetária, acrescentou o também membro do conselho de governadores do BCE, que é quem decide o rumo das taxas de juro.

Falando à saída do Conselho Europeu, António Costa afirmou que, “até agora, as contribuições da subida significativa das taxas de juro para controlar a inflação não se verificaram e é improvável que se verifiquem devido às causas específicas que esta inflação tem”.

Em conferência de imprensa sobre o Boletim Económico de março, Centeno adiantou que a subida das taxas de juro “ainda não se traduziu na sua totalidade nas suas consequências na atividade economia, na inflação, nas famílias e empresas”. Mas já está a ter efeitos sobretudo nos países com maior predominância de taxa variável no crédito da casa, como Portugal.

O governador do Banco de Portugal destacou ainda que “o risco de sobre-reação da política monetária está identificado” e que ele próprio tem “sido porta-voz” dessa preocupação.

“350 pontos base é o maior aumento das taxas do BCE num tão curto espaço de tempo. Nunca aumentaram tanto em tão pouco tempo. É a grande preocupação com o ciclo da política monetária neste momento e não tanto o nível que me preocupa porque do ponto de vista, porque as taxas não estão muito longe das médias históricas na área do euro”, explicou.

De acordo com as novas projeções do Banco de Portugal, a inflação deverá recuar para 5,5% este ano e chegar a 2025 perto do objetivo do BCE.

Em relação à turbulência no sistema bancário, depois das falências nos EUA e do colapso do Credit Suisse, Mário Centeno não vê sinais de tensões na banca da Zona Euro e, em particular, na portuguesa, destacando que riscos nos balanços dos bancos que não tem comparação com a crise financeira. “Temos de reforçar toda a confiança no sistema bancário e do nosso lado temos de fazer monitorização”, apontou.

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