“Não viveria num palácio em Lisboa.” Rui Moreira recusa candidatura a Belém
Após deixar a Câmara do Porto, com 70 anos, “será tempo de escrever, passear e navegar pela Galiza”. Moreira critica alcaide de Vigo pelo silêncio sobre o projeto de alta velocidade entre as cidades.
Rui Moreira afastou o cenário de se candidatar ao cargo de Presidente da República quando terminar o terceiro e último mandato à frente da Câmara do Porto. “Eu não viveria num palácio em Lisboa”, disse o autarca, ironizando ainda que “seria revolucionário mudar a Presidência [da República] para o Porto”.
A garantia foi deixada por Rui Moreira numa entrevista ao jornal La Voz de Galicia, publicada este domingo. A dois anos de deixar a liderança do segundo mais importante município português, o antigo presidente da Associação Comercial do Porto, já apontado igualmente como cabeça-de-lista do PSD nas europeias ou à sucessão de Pinto da Costa no FC Porto, recordou que nessa altura terá 70 anos e “será tempo de escrever, passear e navegar pela Galiza”.
"O Norte de Portugal não vai perdoar que se esqueça a alta velocidade [ferroviária entre Porto e Vigo] para 2030, independentemente de quem governe o país.”
Apoiante da candidata do PP às eleições de maio em Vigo, Marta Fernández-Tapias Núñez, Moreira criticou ainda o “silêncio sepulcral” do homólogo Abel Caballero (PSOE) sobre a ligação ferroviária entre as duas cidades, confiando que “em sete anos” estará feita a parte portuguesa do projeto. “O Norte de Portugal não vai perdoar que se esqueça a alta velocidade para 2030, independentemente de quem governe o país”, avisou.
Está previsto que, no final desta década, a viagem de comboio entre Porto e Vigo passe a durar uma hora, reduzindo em mais de uma hora o tempo atual. Para que isso aconteça, são necessárias obras dos dois lados da fronteira: em Portugal, pretende-se construir um novo troço entre Braga e Valença, sem paragens intermédias, por 1,25 mil milhões de euros.
Em Espanha, no entanto, é necessário construir a saída sul da estação de Vigo Urzaiz, o que implicará um túnel de mais de dez quilómetros. A empreitada custará entre 573,4 e 686,6 milhões de euros, segundo as propostas divulgadas no mês passado e que antecedem o lançamento do estudo informativo por parte do Estado do país vizinho.
Depois de 2030, o Governo português pretende construir a ligação ferroviária entre o aeroporto Francisco Sá Carneiro e a estação de Nine (Famalicão), no valor de 350 milhões de euros. Nessa altura, o comboio entre Porto e Vigo passará a demorar apenas 48 minutos – e a ligação até à Corunha poderá ser feita em duas horas e 23 minutos.
A aposta de Portugal na alta velocidade pela Galiza, em vez da Estremadura espanhola, já foi elogiada pelo Eixo Atlântico. O secretário-geral da entidade que fomenta a cooperação transfronteiriça, Xoán Mao, notou que a construção das novas linhas Lisboa-Porto e Porto-Vigo servirão para reforçar a centralidade do mar sobre o restante território.
A construção destas ligações ferroviárias “permitirá ligar a fachada marítima atlântica da Península Ibérica, as suas cidades, portos, centros empresariais tecnológicos, universidades e aeroportos num sistema integrado que reforça a sua competitividade com a maritimidade (sic) como eixo central”, referiu o dirigente associativo.
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