Bolsa de Hong Kong exclui construtora Sinic após entrar em incumprimento
A construtora chinesa Sinic é a primeira empresa do setor na China a ser expulsa de uma praça financeira, após entrar em incumprimento.
A Bolsa de Hong Kong anunciou esta sexta-feira que vai cancelar a negociação das ações da construtora chinesa Sinic da praça financeira chinesa a partir de 13 de abril, por a empresa ter entrado em incumprimento com obrigações.
O operador responsável pela gestão da Bolsa de Hong Kong suspendeu a negociação das ações em setembro de 2021 e como a construtora não cumpriu com a exigência de retomar as operações antes de 19 de março deste ano, a decisão passou por excluir a Sinic de negociação.
Em setembro de 2021, a Sinic falhou o pagamento de cerca de 38,7 milhões de yuan (cerca de 5,1 milhões de euros) em juros, referentes a títulos de dívida emitidos no mercado externo e, no mês seguinte, revelou que não tinha fundos para pagar o capital e os juros das obrigações, num valor total de 250 milhões de dólares (cerca de 228 milhões de euros).
A capitalização de mercado da construtora, antes de a negociação das ações terem sido suspensas, era de cerca de 1,8 mil milhões de yuan (cerca de 239 milhões de euros), uma queda de 81%, face ao valor da entrada em bolsa, realizada no final de 2019.
A empresa, que não apresentou resultados nos últimos 18 meses, tinha um passivo de 91,8 mil milhões de yuan (mais de 12 mil milhões de euros), em meados de 2021, de acordo com o portal de notícias chinês Yicai.
A Sinic é assim a primeira construtora na China a ser expulsa da Bolsa. No entanto, outras podem seguir-se. Várias construtoras chinesas mantêm a negociação dos seus títulos em bolsa suspensa devido a problemas financeiros. Nomes importantes do setor, como os grupos Shimao Group ou Sunac China, também podem ser excluídas dos mercados nos próximos seis meses.
Em 2022, as construtoras chinesas falharam o pagamento de um total de 149,6 mil milhões de yuan, em títulos emitidos onshore, e de 30 mil milhões de dólares, em obrigações emitidas offshore, segundo um relatório da corretora chinesa GF Securities. Um total de 26 construtoras chinesas entraram em incumprimento no mercado de dívida chinês.
Com um passivo superior a 300 mil milhões de dólares, o grupo Evergrande tornou-se emblemático da crise de liquidez que afeta o setor imobiliário da China.
O setor foi abalado, nos últimos dois anos, por uma campanha que visou reduzir os níveis de alavancagem, resultando numa crise de liquidez, e pela política de ‘zero casos’ de Covid-19, que pesou sobre a atividade económica do país.
Nos últimos meses, Pequim anunciou várias medidas de apoio, visando concluir projetos que ficaram a meio, devido à falta de liquidez.
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