Portugal “claramente atrás” em Seguros de Vida corporativos

  • ECO Seguros
  • 17 Abril 2023

O Seguro de Vida tem vindo a ganhar prevalência entre os benefícios oferecidos pelas organizações, enquanto o Seguro de Saúde se mantém entre os preferidos pelos colaboradores, apurou estudo da WTW.

O Seguro de Vida tem vindo a ganhar prevalência entre os benefícios oferecidos pelas organizações, enquanto o Seguro de Saúde se mantém entre os preferidos pelos colaboradores. Estas são algumas das conclusões do Barómetro Benefícios de Saúde e Vida 2023 da WTW, apresentado num webinar da consultora, segundo o qual ambos os benefícios são cada vez mais determinantes na atração e retenção de talentos.

Natália Bernardo, Associate Director Health & Benefits da WTW Portugal, apresentou as conclusões relativas ao Benefício de Saúde, salientando a sua criticidade na atração e retenção de talento, visto ser cada vez mais valorizado pelos colaboradores.

Alexandre Falcão, Associate Diretor Health & Benefits da WTW Portugal, apresentou as conclusões sobre o Seguro de Vida Grupo, destacando o crescimento da sua prevalência em 5 pontos percentuais no último triénio (dos 69% das empresas em 2020 para os 74% em 2022). Uma tendência transversal a todos os setores de atividade.

Segundo o estudo da WTW, existem três motivos principais na base desta tendência: tratar-se de um benefício com um custo controlado, embora de elevado impacto por ser acionado em situações críticas; o aumento do foco das empresas na responsabilidade social corporativa (87% da carteira da WTW oferece o seguro à totalidade dos seus colaboradores) e Portugal “estar claramente atrás na prevalência deste benefício” na Europa. O mercado nacional regista uma prevalência de 74%, em contraste com, por exemplo, Espanha (82%), o Reino Unido (93%), França (99%) ou a Suíça (100%), segundo estudos da consultora.

Reforço de coberturas e abrangência ampla

O Seguro de Vida Grupo em Portugal, tendo por base a carteira da WTW, é financiado pelas organizações, tem um âmbito de cobertura muito abrangente e o âmbito territorial, por defeito, inclui todo o mundo. Engloba sinistros decorrentes de pandemias e contempla poucas exclusões, com uma tendência cada vez maior para possíveis derrogações, resultando no reforço das coberturas.

Outra tendência é o foco das organizações no reforço da proteção em caso de morte para filhos menores e o reforço da proteção em vida do próprio colaborador, com destaque para a cobertura de doenças graves.

O capital seguro neste benefício continua a ser definido como um múltiplo salarial, sendo o salário base a rubrica normalmente considerada. A prática de mercado situa-se num capital equivalente a dois anos de salário.

Alexandre Falcão alertou, ainda, para “a possibilidade de o colaborador utilizar o seguro de vida corporativo, pago pelo seu empregador, para efeitos das obrigações bancárias relativas ao crédito a habitação”; e para “as organizações de maior dimensão serem mais propensas a contratar a cláusula de participação nos resultados, que consiste no direito do tomador receber parte dos resultados gerados pelo contrato do seguro”.

Natália Bernardo, Associate Director Health & Benefits da WTW Portugal, apresentou as conclusões relativas ao Benefício de Saúde, salientando a sua criticidade na atração e retenção de talento, visto ser cada vez mais valorizado pelos colaboradores, especialmente tendo em conta o contexto atual do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Trata-se do principal benefício selecionado quando integrado em programas flexíveis e, nos últimos três anos, tem-se assistido a um crescimento da oferta de bem-estar e de integração com benefícios flexíveis (12 e 15 pontos percentuais, respetivamente) e a uma aposta na prevenção.

Em termos de mercado, a projeção de 10% de inflação médica em Portugal e o condicionamento do SNS levam a uma maior procura pelo privado, maior frequência e utilização que estão a pressionar fortemente os custos neste tipo de contratos. Acresce que o número reduzido de seguradoras para seguros complexos tem-se traduzido em processos muito agressivos e com uma menor flexibilidade negocial, fazendo com que as empresas sejam cada vez mais confrontadas com um esforço orçamental superior ao previsto.

A pressão dos custos está, também, a condicionar a melhoria de benefícios desejada pelas empresas e já existem contratos onde foi necessário recorrer a medidas de mitigação e de gestão do risco através de copagamentos e franquias mais elevadas. Natália Bernardo destaca, também, a procura crescente por soluções de maior flexibilidade e a existência de uma maior preocupação com o enquadramento de despesas de saúde mental.

No que respeita aos plafonds, e após um inquérito a cinco seguradoras, que representam 89% do mercado, as medianas de internamento e de ambulatório mantêm-se sem variações, mas a procura pela cobertura de parto tem vindo a destacar-se.

“Embora não seja uma cobertura transversal, é uma cobertura muito valorizada pela população mais jovem e houve um aumento assinalável das empresas a introduzi-la nos seguros, como fator de captação e retenção e como resposta ao que os colaboradores podem não encontrar no sistema público”, refere Natália Bernardo.

No top 3 de custos em termos de internamento hospitalar mantêm-se as especialidades de ortopedia e de cirurgia geral. Contudo, registam-se os custos com oncologia na 3.ª posição. De acordo com estudo global da WTW o cancro será a segunda patologia causadora de maiores custos de sinistros. Já em termos de assistência ambulatória, os custos são liderados pela medicina geral e familiar, a obstetrícia/ginecologia e a pediatria.

Desafios para as seguradoras e empresas

O aumento da incidência de doenças do foro mental, crónicas, respiratórias e autoimunes, e o respetivo incremento dos custos associados ao tratamento, é outro desafio do mercado; enquanto a implementação de serviços de telemedicina pode funcionar como um mecanismo de controlo de custos.

As seguradoras querem, ainda, investir no rastreio e automonitorização da saúde, no reforço da proteção da saúde mental e na prevenção, nomeadamente através da aposta no acesso aos cuidados médicos primários e acompanhamento da doença crónica e oncológica. Ações que podem resultar num controlo de custos se se atuar no domínio da prevenção.

O webinar sobre Benefícios de Saúde e Vida 2023 da WTW terminou com um debate moderado por Elsa Carvalho, Head of Business Development da consultora, que teve como convidados Rita Guimarães, Benefits Supervisor da Farfetch, e Nuno Ribeiro Ferreira, Head of People, Culture, Environment and Safety Management da Floene.

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