Sanções ditam queda de 50% nas transferências com bancos russos

Transferências de e para entidades localizadas na Federação Russa caíram mais de 50% em termos médios. Por outro lado, chegada de refugiados a Portugal fez disparar compras com cartões ucranianos.

As operações financeiras realizadas entre os bancos portugueses e russos sofreram uma redução de mais de 50% na sequência das sanções aplicadas a Moscovo por conta da invasão russa da Ucrânia, revela o Banco de Portugal.

Segundo o supervisor, durante o ano de 2022, registou-se no sistema TARGET2-PT um total de 289 milhões de euros em transferências de e para entidades localizadas na Federação Russa, sendo que um terço deste valor foi liquidado até à data de exclusão dos bancos russos da rede Swift, em março do ano passado, com uma média de 1,9 milhões de euros por dia.

A partir dessa data, a média diária de operações caiu mais de metade, para 900 mil euros diários, de acordo com o Relatório dos Sistemas de Pagamentos de 2022 divulgado esta quinta-feira.

Operações entre Portugal e Rússia afundam

Evolução das transferências enviadas e recebidas no TARGET2-PT de contrapartes russasFonte: Banco de Portugal (Valor em milhões de euros)

No âmbito das sanções aplicadas ao regime de Vladimir Putin, os bancos russos foram “desligados” do SWIFT a 12 de março de 2022. O sistema SWIFT é uma plataforma de troca de mensagens financeiras eficaz e segura, utilizada por bancos e infraestruturas de pagamentos, como é o caso do TARGET2, o sistema de pagamentos de grande montante do Eurosistema, para enviar dinheiro de forma rápida e segura entre fronteiras.

“De entre os 148 códigos de identificação de instituições financeiras (BIC) pertencentes a entidades localizadas na Federação Russa e para onde era possível enviar fundos através do TARGET2, apenas 31 se mantinham ativos no final de 2022, em consequência da implementação da referida sanção”, adianta o Banco de Portugal.

Pagamentos com cartões ucranianos em Portugal disparam 10 vezes

Ainda de acordo com o relatório, a chegada de refugiados ucranianos a Portugal refletiu-se num aumento expressivo do número e valor das operações de pagamento com cartões emitidos por bancos ucranianos.

“Esse aumento foi particularmente notório a partir de março, traduzindo-se, em termos anuais, num crescimento dez vezes superior à média observada entre 2018 e 2021”, refere o supervisor.

Disparam pagamentos com cartões emitidos por bancos ucranianos

Compras e levantamentos com cartões de pagamento ucranianos em PortugalFonte: Banco de Portugal ( Quantidade em milhares e valor em milhões de euros)

Este crescimento foi acompanhado por uma “alteração do perfil de consumo por setor de atividade económica”. “Observou-se, no caso dos cartões ucranianos, um desvio à habitual utilização associada a turismo ou a estadias de curta duração, para um perfil que se aproxima do comportamento de um residente, ainda que com traços diferenciados”, explica o Banco de Portugal.

Por exemplo, o valor das compras no setor do comércio, manutenção e reparação de veículos automóveis, chegou a ser 54 vezes superior à média observada em 2021.

Aumentam compras no retalho e automóvel

Perfil de compras dos cartões de pagamento ucranianos por setor de atividade em PortugalFonte: Banco de Portugal (Peso em 2022 e variação face a 2021)

O comércio a retalho também registou um aumento significativo no valor dos pagamentos efetuados em 2022, enquanto se assistiu a uma redução do peso da restauração e alojamento, setores habitualmente ligados ao turismo.

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