Navios russos estiveram na zona da sabotagem dos gasodutos Nord Stream

  • Lusa
  • 3 Maio 2023

Os dois primeiros navios russos estiveram na zona em junho, e o último cinco dias antes das explosões nos gasodutos construídos para transportar gás russo para a Alemanha através do Mar Báltico.

Três navios russos com capacidade para realizar operações subaquáticas estiveram na zona próxima de onde ocorreu a sabotagem dos gasodutos Nord Stream 1 e 2, em setembro, segundo uma investigação conjunta de emissoras públicas nórdicas.

Os navios permaneceram na zona durante várias horas e um deles quase um dia, de acordo com o documentário “Shadow War” (“Guerra Sombra”, numa tradução livre), citado pela agência espanhola EFE.

Os dois primeiros navios russos estiveram na zona em junho, e o último cinco dias antes das explosões nos gasodutos construídos para transportar gás russo para a Alemanha através do Mar Báltico.

Para reconstruir a rota, os investigadores recorreram a comunicações de rádio, imagens de satélite e aos sinais dos transmissores dos navios, que foram desligados em algumas secções.

Os navios zarparam das bases russas de São Petersburgo e Kaliningrado, segundo o documentário. As comunicações por rádio entre os navios e as bases foram intercetadas por um antigo oficial da marinha britânica que, até há alguns anos, vigiava a frota russa no Báltico.

O primeiro navio, cujo nome não foi possível determinar, zarpou de Kaliningrado em 6 de junho, segundo o documentário. Chegou a nordeste da ilha dinamarquesa de Bornholm no dia seguinte e navegou quatro quilómetros a sul do local onde ocorreram três das quatro fugas no gasoduto.

Uma semana mais tarde, um outro navio, identificado como “Sibiryakov”, chegou à zona e ali permaneceu durante um dia. De acordo com as comunicações rádio intercetadas, encontrava-se na mesma posição que o navio anterior, perto do gasoduto Nord Stream 1.

A presença dos dois navios na zona coincide com as manobras da NATO no Báltico, designadas BALTOPS.

O último navio russo, o “SB-123”, navegou na zona durante quase um dia, entre 21 e 22 de setembro, e foi mencionado anteriormente por meios de comunicação social alemães.

O “SB-123” é utilizado como navio de apoio em operações que envolvem submarinos, de acordo com especialistas da Universidade de Copenhaga.

A série “Shadow War” começou a ser transmitida há duas semanas. Em episódios anteriores, sugeriu que dezenas de navios russos patrulharam o Mar do Norte nos últimos meses, para alegadamente recolher informações sobre infraestruturas críticas para possíveis atos de sabotagem.

No total, foram localizadas duas fugas em cada gasoduto (ambos fora de serviço e situados no Báltico), duas na zona dinamarquesa e duas na zona sueca, todas em águas internacionais. Os governos da Dinamarca e da Suécia consideraram tratar-se de um ato de sabotagem levado a cabo por um ator estatal.

As autoridades alemãs, suecas e dinamarquesas, bem como as russas, mantêm em curso várias investigações, mas têm dado poucos pormenores sobre o seu estado.

O Ministério Público sueco declarou, no início de abril, que o caso é complicado e que será difícil confirmar quem foi o autor do crime. Os países envolvidos, bem como o resto da União Europeia (UE), os Estados Unidos e a Rússia, falam de sabotagem, embora divirjam quanto aos possíveis autores.

Moscovo acusou os países “anglo-saxónicos” de responsabilidade pela sabotagem, citando a oposição de longa data de Washington ao projeto e as ameaças de o parar por todos os meios se a Rússia interviesse militarmente na Ucrânia. Alguns países ocidentais apontaram na direção oposta, culpando a Rússia.

Há alguns meses, uma investigação do jornalista norte-americano Seymour Hersh culpou os serviços secretos dos Estados Unidos, com a colaboração da Noruega e de outros países ocidentais. Posteriormente, media norte-americanos e alemães disseram que um grupo pró-ucraniano poderá ter sido o autor da sabotagem.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Navios russos estiveram na zona da sabotagem dos gasodutos Nord Stream

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião