Hoteleiros acusam políticos de se “demitirem” da solução para o novo aeroporto
Presidente da AHP vê com "bastante preocupação" o aumento de cinco para nove soluções para a localização do novo aeroporto e diz que o Governo não dá "a devida atenção" ao assunto.
É com “bastante preocupação” que os hoteleiros veem das soluções em cima da mesa para a localização do novo aeroporto de Lisboa e acusam a classe política de não dar a “devida atenção” e de se “demitir” deste assunto.
Ao ECO, o presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Bernardo Trindade, diz que “passámos de cinco para nove soluções num debate que já é bastante estafado” vendo, por isso, “com bastante preocupação” o cenário que agora existe: “Em vez de cinco defensores teremos agora nove defensores de cada uma destas soluções, que terão as suas razões muito atendíveis, mas incompatíveis face ao momento que estamos a viver atualmente”.
O representante dos hoteleiros – que foi secretário de Estado do Turismo num governo PS – diz ainda ao ECO que vê a “classe política entretida” com outros assuntos, acabando por se “demitir” da decisão para o novo aeroporto de Lisboa que é “absolutamente fundamental” num país que direta e indiretamente “depende de 20% do turismo”.
Bernardo Trindade volta, por isso, a apelar que seja tomada “uma decisão rápida, fundamentada e que responda aos timings de procura e às companhias aéreas” que querem voar para Portugal. Isto porque, segundo o presidente da AHP, o setor do turismo vive “um interesse crescente, uma procura crescente” que esbarra na “incapacidade de resposta da nossa principal infraestrutura aeroportuária, o aeroporto da Portela, que atualmente recusa slots de companhias aéreas de países distintos que querem voar para Portugal”.
Sobre as nove localizações analisadas pela comissão técnica independente, o presidente da AHP lembra que estão a “competir” soluções “cuja infraestrutura existe” e que, ao mesmo tempo, estão também a ser consideradas “soluções que nem terrenos ainda têm”, como o caso de Poceirão ou de Pegões. “Estamos a falar de horizontes temporais completamente diferentes e com implicações claras ao nível da capacidade da resposta que o setor do turismo anseia”, frisa Bernardo Trindade, que avisa que caso a localização para o novo aeroporto demore “dez anos a construir e a ver a luz do dia, é uma geração que perdemos”.
As preocupações da AHP são partilhadas pela Confederação de Turismo, presidida por Francisco Calheiros, que se mostra impaciente com o aumento das possibilidades da localização para o novo aeroporto.
No final da apresentação da comissão técnica independente, liderada por Rosário Partidário, o patrão do turismo lamentou a abertura “do concurso para que toda a gente pudesse dar a sua ideia de aeroporto” que resultou em 780 propostas. O que, em sua opinião, “é um problema” porque “é tempo que se está a perder”.
Para Francisco Calheiros, as soluções têm de ser encontradas pelos técnicos, defendendo que os peritos “têm de se fechar para, internamente, ver exatamente o que é melhor para o país”, frisando que é “muito urgente acelerar o processo”.
Depois de uma consulta pública ao país, a comissão técnica independente está a estudar nove localizações como solução para acolher o novo aeroporto. Destas, cinco já eram conhecidas, por proposta do Governo: Portela/Montijo ou Montijo/Portela – podendo o atual Aeroporto da Portela tornar-se na infraestrutura secundária –, Alcochete, Portela/Santarém e Santarém. A estas opções, a Comissão Técnica Independente acrescentou quatro alternativas: Portela/Alcochete, Pegões, Portela/Pegões e Rio Frio/Poceirão, que é a única solução que exclui a manutenção do Aeroporto Humberto Delgado.
Até ao final deste ano os peritos da comissão vão entregar ao Governo um relatório com comparativo das diferentes alternativas, identificando aquela que, na opinião dos peritos, estará mais bem colocada para ser a opção final.
Não há uma data prevista para o arranque das obras da nova estrutura aeroportuária, mas o Governo comprometeu-se com a construção antes de 2035.
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