BCP duplica lucros para 215 milhões no primeiro trimestre

Resultados do BCP continuam condicionados pelo negócio na Polónia. Ainda assim, subida dos juros impulsionou lucros do BCP no arranque do ano para 215 milhões de euros.

O BCP registou lucros de 215 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, quase o dobro em relação ao mesmo período do ano passado. Tal como os outros bancos, também a instituição liderada por Miguel Maya beneficiou da subida dos juros, mas continua condicionada pela Polónia.

A margem financeira — diferença entre os juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos — aumentou 42,9% para 664,6 milhões de euros, com a taxa da margem a avançar de 2,19 para 3,25%. Em Portugal, a taxa situou-se nos 2,44%, com o CEO Miguel Maya a sublinhar que está em linha com outros países, como a Alemanha.

Nem tudo foram boas notícias, O banco manteve-se pressionado pelo seu negócio na Polónia. O Bank Millennium continua a enfrentar problemas relacionados com a carteira de empréstimos em francos suíços e a ter de colocar dinheiro de lado para eventuais decisões negativas do tribunal — mais de 1.200 milhões em provisões, cerca de 56% da carteira problemática. De acordo com o banco, os encargos com a unidade polaca ascenderam a mais de 200 milhões no primeiro trimestre.

No que diz respeito ao negócio doméstico, os lucros ascenderam a 170 milhões de euros, 75% do lucro de todo o grupo. O lucro de 54 milhões do Bank Millennium deveu-se à venda da seguradora.

Em termos operacionais, o produto bancário totalizou os 999 milhões de euros, o que corresponde a uma subida homóloga, o que corresponde a uma subida homóloga de 42%. Para lá do disparo da margem, à boleia da subida dos juros do BCE, o BCP contabilizou 195 milhões de euros em receitas com comissões, estabilizando face ao trimestre de 2022.

BCP resiste à fuga de depósitos

O crédito caiu 2% em termos globais, com a carteira de empréstimos a encolher para 57,3 mil milhões de euros. Apenas o crédito pessoal cresceu. O crédito à compra de casa contraiu 1,7% para 27,7 mil milhões e o crédito às empresas caiu 3,4% para 23,5 mil milhões.

No que diz respeito à evolução no segmento empresarial, o banco diz que foi “influenciado pelo ambiente de menor procura de crédito devido às taxas de juro mais elevadas e atrasos em projetos de investimento e, também, pela redução de stock de NPE”.

Nos depósitos, o BCP resistiu à saída de poupanças para os Certificados de Aforro no arranque do ano. Os recursos de cliente em Portugal aumentaram 0,5% para 67 mil milhões de euros, com os depósitos a subirem para 51,5 mil milhões. “É o único banco que apresentou um crescimento positivo dos recursos”, apontou. De acordo com o Banco de Portugal, os bancos perderam cerca de 7,6 mil milhões em depósitos no primeiro trimestre.

Rácios de capital com “reforço significativo”

O BCP chegou ao final de março com um rácio CET1 de 13,6%, 4,2 pontos percentuais acima dos requisitos. O banco fala em “reforço significativo dos rácios” e Miguel Maya considera que estão finalmente “ajustado ao modelo de negócio” da instituição e agradeceu o “suporte dos acionistas e forte compromisso das equipas do banco na geração de resultados”.

Em termos de rentabilidade, o ROE disparou para 17,7%. “Não é projetável para o ano, mas permite alcançar o guidance [acima de 10%] que demos ao mercado”, disse Maya, notando que algumas contribuições — para o Fundo de Resolução, por exemplo — só serão contabilizadas posteriormente.

(Notícia atualizada às 18h16)

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