Investimento em Certificados de Aforro supera barreira dos 30 mil milhões de euros

As famílias continuam a apostar forte na dívida do Estado. Aplicações em Certificados de Aforro aumentaram 1,7 mil milhões em abril, o montante mais baixo em sete meses.

Os portugueses continuam a apostar forte na dívida do Estado. As aplicações nos Certificados de Aforro aumentaram 1,7 mil milhões de euros em abril. Foi o montante mais baixo em sete meses. Ainda assim, mais de 30 mil milhões das famílias portuguesas já estão ali investidos, o que corresponde a cerca de 10% da dívida pública portuguesa.

A corrida aos famosos certificados do Estado parece estar a perder fulgor, depois do aumento de 3,5 mil milhões em março. Em todo o caso, desde o início do ano, as aplicações neste produto de poupança engordaram 10,7 mil milhões de euros, a uma média de 2,6 mil milhões por mês, com os pequenos aforradores a aproveitarem a taxa de 3,5% que estes títulos pagam para tirarem o dinheiro depositado nos bancos, onde a remuneração continua muito baixa.

De resto, as principais instituições financeiras – ainda que disponham de muita liquidez – estão agora a apressarem-se na subida das taxas de juro dos depósitos, depois de terem visto sair 7,6 mil milhões de poupanças dos seus cofres nos três primeiros meses do ano. Os Certificados de Aforro têm sido um dos principais responsáveis por esta fuga.

A popularidade destes certificados — cuja remuneração está a ser impulsionada pela subida da taxa Euribor a 3 meses — surpreendeu mesmo o Governo, que já teve de aumentar por duas vezes a emissão destes títulos: na última revisão, o montante máximo de financiamento mais do que duplicou dos sete mil milhões de euros para 16,6 mil milhões. Se a tendência se mantiver, será uma questão de meses até atingir essa meta.

Certificados de Aforro disparam este ano

Fonte: Banco de Portugal

Certificados do Tesouro perdem dinheiro há 18 meses

Enquanto os Certificados de Aforro continuam a atrair cada vez mais poupanças, os certificados do Tesouro continuam em quebra há ano e meio. Em abril, as aplicações neste instrumento recuaram 378,86 milhões de euros, atingindo os 13,1 mil milhões, o valor mais baixo desde abril de 2017.

Os certificados do Tesouro estiveram na moda nos últimos anos, graças às boas condições oferecidas pelo Estado em termos de remuneração. Basta ver o exemplo dos Certificados do Tesouro Poupança Mais, já descontinuados e que chegaram a oferecer uma taxa de juro acima de 9%, à boleia do disparo da economia.

Com o tempo, o Governo foi baixando a taxa de juros dos novos produtos que foi lançando. Os certificados que estão hoje em dia em comercialização, os Certificados do Tesouro Poupança Valor, já só rendem uma taxa média de 1% nos sete anos de maturidade (acrescida de um prémio no terceiro ano que corresponde a 20% da média de crescimento da economia).

Famílias confiam 43,35 mil milhões ao Estado

A aposta nos Certificados de Aforro mais do que compensou o desinvestimento nos certificados do Tesouro: contas feitas, as aplicações nestes dois produtos do Estado aumentaram 1,3 mil milhões de euros em abril, de acordo com os dados disponibilizados pelo Banco de Portugal.

Tudo somado, as famílias portuguesas nunca confiaram tanto dinheiro às mãos do Estado – por via do IGCP, que é quem faz a gestão da dívida pública. Cerca de 43,35 mil milhões de euros estão aplicados nos certificados.

(Notícia atualizada às 13h10)

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