BRANDS' CAPITAL VERDE “O automóvel elétrico é um dos avanços para o futuro”

  • BRAND'S CAPITAL VERDE
  • 2 Junho 2023

Carlos Silva, piloto da PEP, revela ao ECO como vê o futuro da competição automóvel e os avanços que já estão a ser feitos, atualmente, para tornar o desporto automobilístico mais sustentável.

Os automóveis elétricos estão a tornar-se cada vez mais comuns nas estradas, mas também no mundo da competição automóvel. Esta mudança deve-se a uma consciencialização cada vez maior de uma necessidade de tornar o planeta mais sustentável e de travar as emissões de gases com efeito de estufa.

Prova disso é já se adaptarem carros de rally, que até então só existiam em versões a combustão, para elétricos. Apesar de ser uma mudança que está a entrar no mundo desportivo de forma ponderada, a verdade é que já está a acontecer e o próprio objetivo da UE de se tornar neutra em carbono até 2050 assim o obriga.

Em entrevista ao ECO, Carlos Silva, piloto da equipa Prolama Eletric Power (PEP), revela de que forma a Prolama tem contribuído para a descarbonização dos automóveis e ainda explicou em que consiste o projeto Novas Energias, lançado no ano passado, que se trata de um “rally verde”, onde todos os participantes correm com carros elétricos.

Em que consiste o PEP – Prolama Eletric Power?

O Projeto PEP da Prolama, trata-se de uma nova visão da Prolama enquanto equipa e empresa virada para o futuro das novas tendências de mobilidade. Teve início em 2020 com a associação que Rui Sousa e Carlos Silva fizeram com projeto de desenvolvimento universitário para colocar em testes um Karting elétrico, que rodou no Kartódromo de Palmela e Algarve com Ricardo Sousa ao volante. Após a paragem imposta pela pandemia, regressou em 2022, com a participação de Carlos Silva e António Serrão no Campeonato de Portugal de Novas Energias, aos comandos de uma viatura DS3 Crossback cedido pela Consilcar que, como empresa dedicada à comercialização de viaturas elétricas, esteve desde a primeira hora como principal patrocinador do projeto. Assim, esta iniciativa tem por objetivo demonstrar que é possível uma nova forma de praticar provas automobilísticas de uma forma despoluída e com uma pegada carbónica de excelência.

No ano passado lançaram o projeto Novas Energias. Pode falar-nos dele?

Com o nascimento deste novo campeonato com chancela da Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting, a Prolama, como equipa atenta a todas os indicadores de competição, quis marcar presença nesta nova forma de competir. Avaliamos as possibilidades de estarmos presentes com uma viatura, conscientes da validade que esta nova experiência de mobilidade pode trazer no futuro. É uma competição que reúne uma nova filosofia de utilizar o automóvel, na qual a principal garantia é, sem dúvida, a baixa pegada carbónica que a competição comporta. Acabam por ser ralis realizados com viaturas 100% elétricas, sem qualquer preparação para o efeito, e é disputado com duas vertentes: a Competição de Regularidade, tal como eram disputados os ralis na sua génese, o que representa de facto um regresso às origens, e depois uma outra classificação dedicada à Eficiência Energética. Complementos que fazem com que existam vários focos de aproveitamento competitivo para todas as equipas participantes. Este facto fez a Prolama e a Consilcar e todos os patrocinadores apostarem no Carlos Silva e no António Serrão para disputar este campeonato.

E, este ano, também vão participar no Campeonato Portugal Novas Energias. Qual a importância de fazerem parte de iniciativas como esta?

Com a aposta reforçada de todos os patrocinadores e a chegada de outras novos apoios ao projeto, foi fácil regressar de novo ao Campeonato de Novas Energias, que começa a fazer parte da estratégia de comunicação da Prolama. O 6º lugar final no campeonato do ano passado e a conquista de dois pódios foram muito motivadores, e este conjunto de resultados alavancou a projeto PEP para mais um ano, elevando o nome da Prolama para um ambiente desconhecido, mas muito produtivo em termos de mensagem e conteúdos. Hoje a Prolama abriu horizontes e é reconhecidamente uma marca registada no panorama desportivo em toda a sua abrangência. Esta foi a grande afirmação que as novas energias trouxeram à Prolama.

Como é que o processo de descarbonização está a ser recebido dentro da comunidade do desporto automóvel?

É um processo em franca ebulição e cria, como é natural, alguma disputa de opinião. Trata-se de uma competição nova que, pelas suas características, reúne diversos discursos. No entanto, pensamos que tem o seu espaço e tem tudo para crescer. É uma competição limpa, acessível, com bons programas sociais e uma cobertura do continente e ilhas de grande abrangência, bem como uma cobertura mediática muito boa e facilitada. Achamos que é possível coabitar dentro da comunidade das competições motorizadas sem qualquer confronto; basta olhar à volta e ver o que se está a passar com a Fórmula E, com a Extreme E, com RX E, competições sustentáveis e completamente elétricas, e ainda a chegada das motorizações Híbridas à Fórmula 1; WRC e aos Protótipos, sinal que a mudança de mentalidade está a chegar e que a Federação Internacional do Automóvel (FIA) está muito focada nesta alteração ideológica.

Quais são os maiores entraves na mudança de um automóvel a combustão para um elétrico?

Serão, com certeza, razões motivadas pela paixão, mas acreditamos que a razão vai ter um papel importante nesta mudança. É, também, uma questão de mentalidade, de racionalidade, em que o fator económico vai desempenhar o papel de fiel da balança. No comércio de viaturas, o investimento inicial representa um esforço acrescido, que nem sempre é explicado devidamente ao consumidor, e este facto condiciona a decisão. O consumidor ainda não está completamente esclarecido pelos fabricantes das vantagens da utilização de uma viatura elétrica, e o seu próprio hábito de utilizador não se encaixa por vezes na “nova” mobilidade proposta pelos veículos elétricos. Com o avançar da informação, a desmistificação do processo de carregamento e a melhor comunicação das Marcas, vão eliminar os entraves que hoje se sentem.

As infraestruturas de carregamento também terão uma palavra a dizer neste processo. Quanto mais evoluírem e se tornarem mais acessíveis, mais apetecível ficará para o utilizador. Como disse atrás, existe ainda um longo caminho a percorrer entre estas duas formas de mobilidade e vai ganhar aquela que melhor conseguir suportar a outra.

Há a crença de que os elétricos são menos potentes. Existem realmente diferenças que se refletem numa menor capacidade de resposta do automóvel elétrico, principalmente em provas em que a velocidade e a rapidez são tão importantes?

Nas competições das Novas Energias em que participamos, a rapidez e a velocidade não são o argumento principal, mas respondendo à questão posso adiantar que a potência dos veículos elétricos e a forma como esta é disponibilizada, tem uma larga vantagem para os carros a combustão. O peso é que normalmente é desfavorável, mas dinamicamente a utilização dos veículos elétricos é muito similar aos carros sem esta motorização. Concluo dizendo que potência não é um problema, e que a capacidade de resposta é substancialmente mais eficaz nos veículos elétricos.

O que é que ainda falta acontecer para que haja uma maior adesão a veículos elétricos?

Já referi atrás alguns destes fatores, mas acrescento a mentalidade social que, no sul da Europa, é bastante vincada e pode condicionar a adesão; depois a indústria automóvel tem de conseguir aligeirar o processo de construção destes veículos para que se tornem mais acessíveis, e a rede de carregamento tem de evoluir rapidamente para minorar o fator tempo de imobilização para repor um veículo de novo em marcha. Acredito que todos estes aspetos serão relevados pelas novas gerações, muito mais predispostas a tecnologia, mais atentas aos fatores ambientais, o que de uma forma conjunta vai melhorar a adesão a esta nova mobilidade ou outra que, porventura, possa surgir.

A PEP é patrocinada pelo Montepio Crédito, que também lançou o produto Eco financiamento, precisamente com a intenção de apoiar os interessados nesta transição de veículos a combustão para elétricos. Em que medida este patrocínio vos ajudou?

É sempre positivo quando os nossos projetos reúnem condições que sejam motivadoras para novos patrocinadores. Com o Montepio Crédito, o patrocínio acabou por ser uma extensão de todo o processo de imagem que temos desenvolvido ao longo dos anos em conjunto. Com o produto “Eco financiamento” a aproximação ao projeto Novas Energias foi perfeita e é para toda a equipa uma motivação extra poder dar visibilidade ao Montepio Crédito através dos nossos canais de comunicação e toda a estratégia que a PEP tem desenvolvido em televisão. Acreditamos que esta nossa ligação ao Eco financiamento do Montepio Crédito possa fortalecer a ligação das duas marcas, e que possa potenciar, através de financiamento, os novos interessados em trocar de veículos e de mobilidade.

O investimento em carros elétricos pode parecer, à primeira vista, insuportável. Considera que o produto Eco financiamento do Montepio Crédito pode ser uma boa opção para quem pretende fazer este investimento?

Sem dúvida que sim. Sendo o Montepio Crédito uma das mais antigas financeiras da área automóvel, será legítimo pensar que os seus quadros e técnicos investiram todo o conhecimento, na realidade atual, e assim criaram um produto muito interessante para fazer face ao custo inicial que as viaturas elétricas comportam. Sabemos que este produto será ainda mais importante no tecido empresarial que, através desta ferramenta, tem uma possibilidade única de trocar a sua frota de uma forma sustentada e adaptada ao mapeamento das suas deslocações.

O que diria a quem ainda tem dúvidas em trocar o seu automóvel por um elétrico?

O automóvel elétrico é uma realidade, é um dos avanços para o futuro, e cada vez mais vai responder às necessidades dos utilizadores. Para terminar, creio que a análise unitária e pessoal da utilização do automóvel no seu todo pode dar a resposta que necessita para a decisão. A quilometragem que faz anualmente, a distância que percorre em cada dia, a necessidade ou não, de deslocações de longo curso, pode dar a resposta que necessita.

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