“Não tomo lados sobre episódios que não presenciei”, diz Pedro Nuno Santos sobre desacatos no ministério
Pedro Nuno Santos recusou tomar parte nos acontecimentos no Ministério das Infraestruturas que envolveram Frederico Pinheiro. Deixou, no entanto, elogios ao ex-adjunto.
Pedro Nuno Santos deixou esta quinta-feira elogios a Frederico Pinheiro, o ex-adjunto de João Galamba, exonerado pelo seu sucessor e um dos protagonistas dos incidentes de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas, marcados por agressões e o alegado roubo de um computador. Sobre este episódio não quis tomar parte ou tecer comentários.

“Não tomo lados sobre episódios que não presenciei”, respondeu o ex-ministro das Infraestruturas, respondendo a André Ventura, que quis saber se apoiava Frederico Pinheiro em relação ao sucedido, depois do ex-adjunto ter dito na sua audição que Pedro Nuno Santos estava com ele.
Pedro Nuno Santos salientou na comissão parlamentar de inquérito à TAP que Frederico Pinheiro referiu o apoio “como amigo”. Depois quis deixar bem claro: “Não vou emitir nenhuma opinião sobre esse caso”, cortou, perante a insistência do deputado do Chega. O Expresso noticia que os deputados já viram as filmagens de desacatos no Ministério das Infraestruturas.
O ex-governante confirmou que ligou a Frederico Pinheiro, “já tarde”, depois dos acontecimentos no ministério, mas que este não lhe pediu ajuda. Pedro Nuno Santos procurou apenas saber o que tinha acontecido. Pedro Filipe Soares perguntou se conversaram sobre o contacto feito pelo SIS ao ex-adjunto. “Já tinha entregue o computador ao SIS. Essa questão não se colocou. Foi um relato da situação que conhecem”.
“[Frederico Pinheiro] tinha-me ligado quando foi demitido, sem qualquer relação com a ida para o ministério. A chamada foi feita por mim, nesse dia. Soube disso. Já corria. As pessoas comentavam. Não me lembro quem me contou“, precisou, confrontado por André Ventura, deputado do Chega.
Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, quis saber a opinião de Pedro Nuno Santos sobre Frederico Pinheiro. “O Dr. Frederico Pinheiro trabalhou comigo cerca de seis anos, até ao fim. Se não estivesse satisfeito com o seu trabalho não tinha ficado seis anos. A avaliação que faço do seu trabalho é muito positiva. É inteligente, trabalhador. Do contacto comigo e que vi com os outros, respeitador“, disse.
Confrontado por Paulo Moniz, do PSD, garantiu que o plano de reestruturação da TAP não existia apenas no computador de Frederico Pinheiro, como foi referido pela chefe de gabinete do seu sucessor, João Galamba. “Só no computador de Frederico Pinheiro não foi no tempo em que fui ministro”, garantiu. Disse também que o ministério tinha “método de registo” dos documentos.
Pedro Nuno Santos era secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares quando, em fevereiro de 2019, foi convidado por António Costa para ministro das Infraestruturas e Habitação, sucedendo a Pedro Marques. Manteve-se no cargo no Executivo seguinte, saindo a 4 de janeiro deste ano, na sequência do caso da indemnização de 500 mil euros brutos paga a Alexandra Reis para deixar a administração da TAP. É apontado como um dos mais fortes candidatos a uma futura liderança do PS.
A comissão parlamentar de inquérito para “avaliar o exercício da tutela política da gestão da TAP” foi proposta pelo Bloco de Esquerda e aprovada pelo Parlamento no início de fevereiro com as abstenções de PS e PCP e o voto a favor dos restantes partidos. Nasceu da polémica sobre a indemnização de 500 mil euros paga a Alexandra Reis para deixar a administração executiva da TAP em fevereiro de 2022, mas vai recuar até à privatização da companhia em 2015. Tomou posse a 22 de fevereiro, estando a votação do relatório final prevista para 13 de julho.
(notícia atualizada às 21h11)
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