Bancos fecharam mais de mil balcões em cinco anos, mas Portugal é o país do Euro com mais caixas multibanco por habitante
Lisboa, Porto, Braga e Aveiro concentram a maioria dos encerramentos das agências bancárias desde 2017. Banco de Portugal alerta para "desafio sobretudo em matéria de inclusão financeira".
Nos últimos cinco anos, os bancos encerraram 1.077 balcões em todo o país. A grande maioria destes encerramentos aconteceu nos distritos de Lisboa, Porto, Braga e Aveiro.
De acordo com um estudo divulgado esta quarta-feira pelo Banco de Portugal (BdP) sobre a cobertura da rede de caixas automáticas e agências bancárias, referente ao ano passado, entre 2017 e 2022 houve uma redução de agências bancárias de 4.592 para 3.515. Prestavam sobretudo serviços relacionados com o depósito e o levantamento de notas e moedas.
A redução da rede de balcões foi especialmente concentrada nos distritos de Lisboa, Porto, Braga e Aveiro, que em conjunto representaram 60% do número total de agências encerradas. “Os cinco municípios com mais agências (Lisboa, Porto, Sintra, Cascais e Gaia) dispunham de tantas quanto o conjunto dos 161 municípios com menos agências”, lê-se no relatório do BdP.
O banco central antecipa, por outro lado, que a tendência de encerramento de agências em todo o território vai continuar nos próximos anos, ainda que não tenha sido feita nenhuma comunicação oficial da parte das instituições financeiras, deixando um alerta quanto aos possíveis impactos socioeconómicos.
“No limite, a inevitável substituição dos canais tradicionais, especialmente das agências, por instrumentos tecnológicos alternativos poderá constituir um desafio, sobretudo em matéria de inclusão financeira, e culminar numa situação subótima em termos de distribuição de numerário”, alerta a entidade.
99% tem ATM a menos de cinco quilómetros de casa
O estudo do BdP dá também conta de que a quase totalidade da população (99%) dispõe de um ponto de acesso à rede multibanco a menos de cinco quilómetros, em linha reta, de distância do seu local de residência. Ao mesmo tempo, das 3.092 freguesias, menos de 50 estavam localizadas a uma distância superior a dez quilómetros de um balcão ou de uma caixa automática. Este valor, informa o BdP, não sofreu alterações face aos estudos que decorreram em anos anteriores.
Em 2022, a maior distância, em linha reta, entre uma freguesia e o ponto de acesso mais próximo era de 17 quilómetros. Embora o Banco de Portugal não dê detalhes quanto à localização e reconheça a “dificuldade que esta distância possa representar em Portugal”, o supervisor frisa, ainda assim, que “a cobertura por pontos de acesso continuava a ser quase integral”.
O estudo indica ainda que há 31 balcões por cada 100 mil habitantes — valor que coloca Portugal na sexta posição quando comparado com os restantes países da zona euro. O país lidera, no entanto, quando se olha para o número de caixas automáticas: existem 131 por 100 mil habitantes.
Segundo o banco central, no final de 2022 havia um total de 310 mil caixas automáticas e 120 mil balcões nos países da moeda única, ou seja, descreve, 430 mil pontos de acesso ao numerário. França é o país do grupo com o maior número de meios, seguindo-lhe Itália, Alemanha e Espanha. Em conjunto, estes países têm quase 80% do parque instalado na zona euro.
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