Grupo Altice avalia vendas para reduzir dívida

Grupo está a estudar várias opções para abater dívida que se aproxima dos 56 mil milhões de euros, incluindo a entrada de novos parceiros de capital ou dívida "em todas as geografias".

A Altice está a estudar “várias opções” para reduzir a montanha de dívida que, atualmente, se aproxima dos 56 mil milhões de euros (60 mil milhões de dólares). Para tal, o grupo está a tentar fechar a venda de ativos não estratégicos em França e Portugal, admite a entrada de novos parceiros de capital ou dívida “em todas as geografias”, e mantém a porta aberta à consolidação, apurou o ECO junto de fonte familiarizada com o assunto.

Patrick Drahi, o multimilionário que controla a Altice, tem estado sob pressão para reduzir o passivo do grupo internacional, perante a subida das taxas de juro e da aproximação de prazos de vencimento em 2025 e 2026, mas também por causa das buscas em Portugal relacionadas com a Operação Picoas e que conduziram à detenção, para interrogatório, do seu parceiro de negócios e cofundador da Altice, Armando Pereira.

O ECO sabe que as buscas resultaram na suspensão da venda do centro de dados da Altice na Covilhã, uma transação que a empresa estava quase a fechar com o fundo Horizon Equity Partners, de Sérgio Monteiro, antigo secretário de Estado das Infraestruturas. A Altice espera agora concluir a transação no outono, apurou o ECO, numa operação que lhe poderá permitir angariar 200 milhões de euros.

Além disso, na quarta-feira, o jornal francês Les Echos noticiou que a Altice está em negociações avançadas para a venda dos 92 centros de dados que tem em França ao Morgan Stanley. O negócio poderá ser avaliado em mil milhões de euros, uma informação confirmada pelo ECO junto de fonte familiarizada com os planos da Altice.

Na sequência das buscas realizadas em Portugal, Patrick Drahi viajou até Londres esta quarta-feira para responder às perguntas dos investidores, tendo cruzado o Atlântico esta quinta-feira para fazer o mesmo em Nova Iorque. Fonte familiarizada com o teor do encontro disse ao ECO que o multimilionário insistiu na intenção de reduzir o nível de endividamento da Altice e de continuar a fazer crescer o negócio.

Além da venda dos centros de dados em França e Portugal, o ECO sabe que está em curso o refinanciamento da XpFiber, a empresa de construção de fibra ótica da Altice em França, e, segundo disse ao ECO fonte familiarizada com o assunto, não está afastada a “potencial entrada de parceiros de capital ou de dívida”, uma reflexão que a empresa realiza “regularmente” nos mercados em que opera.

Contactada pelo ECO, fonte oficial da Altice declarou que “um dos objetivos principais, para além do crescimento de negócio, é a redução da dívida”. “Como tal, há várias opções em análise: venda de ativos não core; entrada de parceiros de capital ou dívida; ou ainda consolidação”, acrescentou.

A propósito deste assunto, citando o jornal francês Le Monde, a Bloomberg escreve esta quinta-feira que a Altice terá mandatado a boutique de investimento Lazard e o BNP Paribas para avaliar opções para a operadora francesa SFR, e que a Lazard também estará a estudar opções que envolvem a Altice Portugal, que detém a operadora Meo. O Morgan Stanley e o Goldman Sachs estarão a avaliar a empresa de publicidade digital Teads e a operação da Altice na República Dominicana, segundo a mesma fonte.

A Reuters também confirmou que estes quatro bancos de investimento estarão a avaliar os ativos da Altice para identificar potenciais negócios que permitam ajudar a cortar a dívida da companhia, incluindo a Altice Portugal.

Num encontro com representantes dos trabalhadores esta quinta-feira, o CEO da Altice France, Arthur Dreyfuss, terá confirmado que a Altice contratou consultores em “todas as geografias” para avaliarem a venda de participações ou de dívida, noticia também a Bloomberg, citando fontes familiarizadas com o assunto. Mas o gestor também terá afirmado que a Altice conduz periodicamente avaliações estratégicas nos mercados onde opera.

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