Investimento volta a ficar abaixo do esperado, mas em 2024 vai crescer mais do que o PIB

Elevada incerteza nos mercados e inflação elevada, que fazem empresários a adiar investimentos e atrasos na execução do PRR levam a forte revisão em baixa do investimento este ano.

A incerteza quanto à evolução da procura, quer seja interna ou externa, e os atrasos na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) fazem com que o investimento fique, este ano, novamente abaixo do esperado. Mas, de acordo com as previsões do Conselho das Finanças Públicas, em 2024, o investimento vai crescer mais do que o Produto Interno Bruto (PIB).

“A formação bruta de capital fixo (FBCF) tem vindo a apresentar uma evolução abaixo do projetado no exercício de março, penalizada pelo agravamento das condições de financiamento, uma maior incerteza relativamente à procura interna e externa e uma execução do PRR abaixo do esperado”, lê-se no relatório do CFP divulgado esta quinta-feira.

A instituição liderada por Nazaré Costa Cabral estima que este ano, o investimento cresça 0,6% em volume, “uma forte desaceleração face ao ritmo de crescimento de 3,1% observado em 2022”. Esta projeção, feita num cenário de políticas invariantes, ou seja, não são consideradas novas medidas de política, nem mesmo medidas já anunciadas, mas ainda não legisladas nem quantificadas, assenta sobretudo na expectativa de redução da procura (quer interna, quer externa) e de agravamento significativo dos custos de financiamento, decorrentes da maior restritividade da política monetária, e que se traduziram num fraco desempenho desta componente na primeira metade do ano”, justifica o CFP. “Estas condicionantes, associadas a um contexto de elevada incerteza nos mercados e de persistência de inflação elevada, tendem a agravar os custos de produção, deterioram o nível de confiança dos empresários, bem como as perspetivas de produção, conduzindo ao adiamento de decisões de investimento”, acrescenta o documento.

Mas, graças à expectativa de aceleração da execução dos fundos europeus, particularmente do PRR, “maioritariamente através da sua componente pública”, mas também do Portugal 2030, o ritmo de crescimento da FBCF total deverá acelerar para 3,7% no próximo ano e para 4,7%, em 2025. Já no último ano de execução do PRR, o crescimento do investimento deverá ser de 3,9%. Mas, este desempenho do investimento “também incorpora a expectativa de progressiva normalização da procura externa e a dissipação da incerteza nos mercados globais”, explica o relatório.

Em termos de contributos, o investimento vai contribuir em 0,2 pontos percentuais para o crescimento de 2,2% do PIB previsto para este ano, um contributo que aumentará para 0,3 pp no ano seguinte, embora a economia desacelere para 1,6%. O maior contributo do investimento para o PIB será alcançado em 2025 (0,6 pp), acompanhando o perfil de execução do PRR que termina em 2026.

“Com base na análise dos contributos líquidos de importações, conclui-se que a trajetória de abrandamento projetada para o PIB real em 2023 resulta sobretudo da dinâmica de desaceleração antecipada para as exportações e para o consumo privado, e em menor escala, para o investimento. No médio prazo, o perfil de crescimento do PIB é determinado, sobretudo, pela dinâmica do contributo da procura interna, especialmente através do consumo privado e investimento, e também do contributo das exportações, que deverá convergir para valores em torno de 0,7 p.p”, sublinha o documento que faz previsões para os várias indicadores até 2027.

O CFP recorda que é “desejável e necessária” uma “maior dinâmica” do investimento “dada a reconhecida carência da economia portuguesa em capital físico, privado e público”.

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