“Há condições para reverter” saída das tecnológicas da Web Summit, diz Dias Martins da Startup Portugal
Startup Portugal acredita no regresso das 'big tech' e destaca a dinâmica imprimida pela nova CEO à cimeira tecnológica.
“Espero que isso tenha sido uma decisão pontual e que possa ser revertida em próximas edições”, da Web Summit, diz António Dias Martins sobre a saída das grandes tecnológicas da cimeira que termina esta quinta-feira em Lisboa. “Temos tempo e há condições para reverter essas decisões e em próximas edições tê-los todos juntos”, considera o diretor executivo da Startup Portugal, ao ECO.
“A nova CEO da Web Summit — Katherine Maher — tem uma dinâmica impressionante, uma experiência muitíssimo relevante, está a imprimir uma nova dinâmica a todo o evento, foi muito bem recebida por todos os participantes, portanto acho que temos tempo e há condições para reverter essas decisões e em próximas edições tê-los todos juntos”, considera o diretor executivo da Startup Portugal, à margem do anúncio das startups vencedoras do Road 2 Web Summit.
Google, Meta (dona do Facebook), Amazon ou Microsoft foram algumas das tecnológicas que abandonaram a edição deste ano da Web Summit, em Lisboa, após o ex-CEO e fundador da cimeira ter classificado as ações de Israel depois do ataque do Hamas como “crimes de guerra”. A polémica levou à saída de Cosgrave da liderança do evento, embora mantendo-se como acionista.
No pós-Cosgrave a a nova CEO fala de “recomeço” e que este ano a cimeira tecnológica está mais focada nas startups. “A partir do momento em que temos uma edição da Web Summit que traz um número recorde nacionais e internacionais, 2.600 startups, elas têm de ser o motivo principal para virmos aqui”, considera Dias Martins.
“Este evento ganhou uma projeção nacional e mundial que temos de aproveitar. Temos de falar de inovação, novas formas de promover a ligação entre startups e investidores. Não sei se é um back to basis porque quando era basis tinha pouco impacto e significado”, comenta o diretor executivo da Startup Portugal.
“Mais do que um back to basics é um reinventar no sentido de ainda ser mais eficaz da promoção do objetivo fundamental desta conferência: ligar as pessoas, sejam grandes tecnológicas, startups, empreendedores, curiosos, investidores. É para isso que serve e deve ser aproveitado da melhor forma”, reforça.
António Dias Martins destaca o “impacto brutal no nosso ecossistema” da cimeira tecnológica que decorre em Portugal desde 2016. “Temos de fazer tudo ao nosso alcance para fazer da Web Summit um sucesso, porque o sucesso da Web Summit é o sucesso também do ecossistema português de empreendedorismo e de Portugal em todo o mundo“, argumenta, destacando a participação nos vários eventos regionais da cimeira tecnológica, formas de Portugal “através de uma entidade parceira conseguirmos aceder mais facilmente a agentes relevantes que estão em todo o mundo”.
Investimento recua mais de 50% em 2023
Depois da Ucrânia, o mundo confronta-se com um conflito aberto no Médio Oriente depois do ataque do Hamas a Israel situação que está a ter um forte impacto nas decisões dos investidores. E com repercussões em Portugal: investimento recuou mais de 50% este ano.
“O que está a acontecer com estas duas guerras com que nos deparamos é que os investidores estão a por travão e a suspender decisões de investimento. O pior inimigo de um investidor é a incerteza. Gostam de investir no timing certo para que no futuro possam maximizar as suas saídas. E, neste momento, estão na dúvida se este é o melhor timing para investir dado o enquadramento internacional”, começa por dizer Dias Martins.
O investimento de venture capital em startups em 2023 vai quebrar mais de 50% em relação ao ano anterior. É uma quebra brutal em linha com o que acontece em todo o mundo. (…)
As startups nacionais enfrentam “uma dificuldade crescente para atrair e reter talento”. (..) Por estas duas razões, 2023 está a revelar-se um ano muito difícil para as startups e o empreendedorismo. Temos que meter cá fora medidas que tentem ajudar a ultrapassar isto.
“Isso faz-se sentir nas startups. O investimento de venture capital em startups em 2023 vai quebrar mais de 50% em relação ao ano anterior. É uma quebra brutal em linha com o que acontece em todo o mundo”, refere.
À falta e liquidez as startups nacionais enfrentam “uma dificuldade crescente para atrair e reter talento”, face à concorrência e capacidade das grandes tecnológicas em oferecer melhores salários. “Por estas duas razões, 2023 está a revelar-se um ano muito difícil para as startups e o empreendedorismo. Temos que meter cá fora medidas que tentem ajudar a ultrapassar isto”, aponta o aponta o responsável da Startup Portugal.
“Por isso foi importante aprovarmos uma nova Lei das Startups e um novo regime fiscal para as stock options“, refere.
Na proposta do Orçamento do Estado (OE) 2024, por exemplo, está previsto uma redução do IRC para startups e o alargamento do regime de stock options aos membros de órgãos sociais e estende-o às entidades que tenham criado esse plano “no ano da sua constituição ou no primeiro ano de atividade”.
“Esperamos que apesar da situação política que vivemos as propostas da Startup Portugal para o OE possam ser aprovadas. Tenho uma expectativa bastante positiva em relação a isso. Temos tido um bom retorno quer dos decisores políticos, quer de grupos parlamentares. Vamos esperar pela votação, mas espero poder fazer um balanço positivo do que está no OE que beneficie o empreendedorismo este ano”, acredita Dias Martins.
Com as eleições legislativas agendadas para 10 de março, o presidente do PSD, Luís Montenegro, já admitiu apresentar um Orçamento retificativo caso o seu partido ganhe. Poderá afetar medidas para promover empreendedorismo previstas no OE?
“Temos argumentos fortes para defender as nossas medidas. Não acho que seja uma questão de partidos é uma questão da economia portuguesa, deve reunir esforços em todos os quadrantes políticos, e a recetividade que temos tido nos partidos na AR é quase transversal”, afiança ao ECO.
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