“Devemos ser muito ativos na procura de melhores soluções de depósitos”, apela Centeno

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, aponta a inércia dos portugueses como a razão para as taxas de juro dos novos depósitos permanecer entre as mais baixas da Zona Euro.

A taxa de juro dos novos depósitos quadruplicou desde o início do ano, passando de 0,56% em janeiro para 2,29% em setembro. No entanto, a remuneração das poupanças das famílias pelos bancos continua abaixo da média da Zona Euro e é a quinta mais baixa do espaço da moeda única. Mário Centeno recomenda, por isso, a procura de melhores soluções aos depositantes.

O governador do Banco de Portugal entende que “as ofertas que hoje em dia existem no mercado permitiriam antecipar uma subida mais rápida da taxa de juro dos novos depósitos do que aquela que se verifica”, houvesse menos inércia por parte dos portugueses, alertou no decorrer da apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira de novembro, esta quarta-feira.

“Há uma enorme inércia e uma pouca ação do lado dos depositantes na renovação das condições dos depósitos”, refere Mário Centeno, com o governador a deixar um apelo para que as famílias conheçam todas as ofertas existentes no mercado.

“No mercado, enquanto consumidores, devemos ser muito ativos na procura de melhores soluções de depósitos“, refere o governador, destacando que “a boa notícia é que o grau de concorrência na banca em Portugal é elevado”, tanto nos depósitos como no crédito. “É muito importante estar muito ativo nestas duas margens do mercado”, refere Mário Centeno, não deixando de salientar que “ainda há margem de melhoria” em ambos os lados (depósitos de crédito).

Regulador pede prudência aos bancos na gestão do seu capital

Apesar de estar a cair há seis meses seguidos, o diferencial entre as taxas de juro ativas e passivas dos bancos portugueses permanece entre os mais elevados do espaço da moeda única.

No decorrer da apresentação do Relatório de Estabilidade Financeira de novembro, Clara Raposo, administradora do Banco de Portugal, referiu que, atualmente, a margem financeira da banca nacional é de 2,38 vezes, quase o dobro da margem de 1,37 vezes da média dos bancos da Zona Euro.

Sem querer fazer projeções para a evolução das taxas de juro dos depósitos e do crédito à habitação, Clara Raposo lembra que “os bancos portugueses ainda têm memória de outras crises financeiras que, por dificuldade de liquidez, houve alguns depósitos com taxas muito apetecíveis”, dando assim a perceção de que a remuneração dos depósitos não deverá subir muito mais. “Queremos bancos bens capitalizados”, reforçou a administradora do regulador.

Para garantir a solidez do setor, Clara Raposo revelou que não faz parte dos planos imediatos do Banco de Portugal condicionar os bancos sobre a distribuição de capital aos seus acionistas. “Mas temos feito este apelo pedagógico de que tenham bem noção do ciclo económico em que nos encontramos”, disse.

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