Governo já pode cair. Último Orçamento da era Costa aprovado pelo PS com abstenção do Livre e PAN

Orçamento do Estado para 2024 foi aprovado, em votação final global, com os votos a favor do PS, a abstenção do Livre e do PAN e os votos contra dos restantes partidos.

O Orçamento do Estado para 2024, o último de António Costa como primeiro-ministro, acaba de ser aprovado na Assembleia da República, em votação final global, com os votos a favor do PS, a abstenção do Livre e do PAN e votos contra dos restantes partidos: PSD, Chega, IL, BE e PCP.

Quando, a 9 de novembro, optou pela dissolução da Assembleia da República e pela marcação de eleições em 10 de março de 2024, na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro, o Presidente da República anunciou que iria deixar passar o diploma orçamental para o próximo ano, antes de assinar e publicar o decreto que formaliza a aceitação da demissão de Costa.

“Quero deixar a garantia da indispensável estabilidade económica e social, que é dada pela prévia votação do Orçamento do Estado, antes mesmo de ser formalizada a exoneração em inícios de dezembro”, sublinhou Marcelo Rebelo de Sousa, depois de ter ouvido o Conselho de Estado durante quatro horas.

A partir da publicação pelo chefe de Estado do decreto da demissão, que irá acontecer nos próximo dias, o atual Governo entra em modo de gestão, passando a estar limitado nos seus poderes. Apenas poderá aprovar atos estritamente necessários e quaisquer propostas de lei caducam automaticamente, segundo a Constituição da República.

Nos últimos quatro dias de votações do Orçamento do Estado na especialidade acabaram por ser viabilizadas mais de 180 propostas, das quais 109 do PS e 74 da oposição. Entre outras, caiu o agravamento do Imposto Único de Circulação (IUC) para carros anteriores a julho de 2007, as deduções com rendas aumentaram para 600 euros e foi aligeirado o regime dos residentes não habituais. “Nunca nenhuma maioria” absoluta “aprovou tantas propostas da oposição”, assinalou Eurico Brilhante Dias, líder parlamentar socialista, no encerramento do debate.

Dívida e défice no balanço de Medina e Costa

Fernando Medina, ministro das Finanças, que fechou o debate em nome do Governo, enalteceu que o Executivo conseguiu “vencer os dogmas da esquerda, que permanentemente se opõe” às contas certas. “A redução da dívida não é um capricho, não é troféu, não é fetiche. É um caminho que garante a nossa soberania”, sublinhou o ministro, notando que o país voltou a estar no grupo dos países “com melhores notações de risco”.

À saída do hemiciclo, António Costa destacou que “os portugueses vão ter em 2024 um OE que prossegue a trajetória de melhoria dos rendimentos, que promove o investimento e que protege o futuro”. “Ao longo destes oito anos, foi possível demonstrar que com uma política económica que apostasse em mais emprego, mais qualificações, mais inovação, teríamos maior investimento empresarial e maior capacidade de exportação”, completou.

Em jeito de balanço sobre o período em que chefiou três Governos diferentes, em declarações aos jornalistas, o ainda primeiro-ministro considerou ter “[virado] a página da austeridade e [tirado] o país de uma situação de défice excessivo para uma situação de sólida e tranquila estabilidade orçamental, o que aumenta agora as liberdades das escolhas políticas”.

Chuva de críticas da oposição na hora da despedida

A sessão de encerramento realizada esta quarta-feira, que antecedeu a votação final global, ficou marcada por uma chuva críticas da oposição à gestão do governo socialista. À direita, o PSD defendeu que o PS “desbaratou a maioria e caiu por dentro“, enquanto o Chega criticou as “cambalhotas eleitoralistas” do Governo, com os recuos na lei do tabaco e no aumento do IUC, na sequência da crise política.

Iniciativa Liberal apontou que “não foi o parágrafo [da PGR] que fechou urgências de 36 hospitais, provocou a crise na habitação, manteve o desemprego jovem em mais de 20% ou que deixou turmas sem professores”. “Não foi parágrafo que apresentou este OE que bate mais um recorde de carga fiscal”, declarou Rui Rocha.

À esquerda, pela voz de Paula Santos, o PCP realçou que a maioria absoluta socialista ficou marcada pela “instabilidade política” e considerou que este OE “não vai melhorar a vida dos trabalhadores e do povo, nem assegurará melhores serviços públicos ou mais justiça fiscal”.

Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, descreveu como “o ex libris da maioria absoluta na hora da despedida” o país a “arder com a crise da habitação”. A sucessora de Catarina Martins falou ainda numa gestão do Governo marcada por uma “política de remendos”, com a “vida do povo” a ficar “presa por arames”.

PAN e Livre, que se abstiveram no voto final, preferiram realçar as conquistas que alcançaram com a aprovação de algumas medidas que propuseram em sede de especialidade.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h36)

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