Luz Saúde reforça mulheres na administração e troca auditor para entrar em bolsa

IPO vai obrigar a Luz Saúde a mudanças nos órgãos sociais. Conselho de administração será reforçado com três mulheres e auditor muda para cumprir regras da bolsa.

A ida para a bolsa vai obrigar a mudanças nos órgãos sociais da Luz Saúde. O conselho de administração para o quadriénio 2024-2027 vai ser reforçado com mais três mulheres para cumprir a regra de equilíbrio de género que se aplica às empresas cotadas. Atualmente, só conta com uma administradora: Isabel Vaz. Também haverá um novo auditor, a KPMG, porque a EY está lá há mais de dez anos e as regras obrigam a rotatividade.

As duas propostas vão ser votadas na assembleia geral extraordinária agendada para 22 de dezembro e na qual a Fidelidade (que detém 99,86% da Luz Saúde) vai votar ainda um aumento de capital e a admissão das ações do grupo de saúde na bolsa da Euronext Lisbon, no âmbito do IPO (oferta pública inicial) que está a ser preparado e terá lugar no próximo ano.

Em reação ao ECO, fonte oficial da Fidelidade confirma que as alterações no conselho de administração e no revisor oficial de contas visam “dar cumprimento às regras” que se aplicam às sociedades cotadas tanto em matéria de governance e de auditores, respetivamente.

Em relação ao novo conselho de administração, há três entradas em perspetiva e todas mulheres: Margarida Barros Couto (sócia fundadora da sociedade de advogados Vieira de Almeida e administradora não executiva dos CTT), Maria Toucedo Lage (general counsel e secretária-geral da Fidelidade) e Teresa Leitão Abecasis (administradora da Manuel Champalimaud SGPS). As três juntam-se à única mulher que está atualmente no board, Isabel Vaz, que se manterá como vice-presidente e CEO do grupo. De saída estão dois homens: Lingjiang Xin e Miguel Barroso Abecasis.

Estas alterações irão alargar o conselho de administração da Luz Saúde de 11 para 12 administradores. Com quatro mulheres, o grupo assegura que tem 33% do género sub-representado no board, regra que as empresas cotadas em bolsa têm de cumprir desde 2020.

Quanto à comissão executiva, vai manter os mesmos cinco nomes, com Isabel Vaz a liderar uma equipa com os vogais Artur Morais Vaz, Ivo Antão, João Abreu Novais e Tomás da Fonseca.

Os novos órgãos sociais iniciam o seu mandato logo no dia 1 de janeiro.

KPMG substitui EY como revisor de contas

A assembleia geral extraordinária irá ainda deliberar sobre o novo revisor de oficial de contas para o mesmo mandato de quatro anos. A necessidade de mudar de auditor decorre do facto de “o atual se encontrar em funções na sociedade há mais de dez anos”, de acordo com a proposta relativa ao ponto seis.

Desde 2016 que as regras de auditoria – atividade cuja supervisão passou para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) – obrigam as empresas a substituírem o auditor caso este esteja em funções há mais de 10 anos.

O atual revisor da Luz Saúde é a EY, que audita as contas do grupo desde 2013. Será substituída pela KPMG. Não será a primeira vez que vão trabalhar juntos. A KPMG já auditou o grupo de saúde no tempo em que se chamava Espírito Santo Saúde (antes da venda à Fosun).

Novos acionistas só poderão nomear com mais de 10%

No âmbito do IPO, que deve ter lugar no primeiro semestre do próximo ano, a seguradora detida pelo grupo chinês Fosun deve avançar para a venda de uma participação entre 30% a 45% do capital do grupo de saúde e que poderá permitir um encaixe entre 300 milhões e 450 milhões de euros.

A Fidelidade espera obter uma avaliação de mais de mil milhões de euros para o grupo que tem 28 unidades hospitalares e clínicas e perto de 14 mil funcionários em Portugal.

A seguradora adiantou ao ECO que, “nos termos da lei e dos estatutos, numa próxima assembleia eletiva [da Luz Saúde], os acionistas minoritários que votem contra uma proposta que faça vencimento na eleição de administradores terão o direito de designar um administrador, desde que essa minoria represente, no mínimo, 10% do capital social”.

A Luz Saúde registou rendimentos operacionais de 600 milhões de euros em 2022, um aumento de 10,6% em comparação com 2021. Fechou o ano passado com lucros de 26,9 milhões de euros, mais 62% em termos homólogos.

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