Exclusivo Fidelidade aprova planos do IPO da Luz Saúde em dezembro. Operação derrapa para 2024

Seguradora confirma oficialmente a intenção de vender uma participação minoritária da Luz Saúde a investidores institucionais nacionais e internacionais. Ida para bolsa acontecerá só no próximo ano.

A Fidelidade confirmou os planos para a oferta pública inicial (IPO, sigla em inglês) da Luz Saúde, tendo em vista a venda de uma participação minoritária do capital do grupo de saúde a investidores institucionais nacionais e internacionais, segundo adiantou ao ECO a seguradora liderada por Jorge Magalhães Correia.

Caso a Fidelidade decida avançar com a operação, o IPO da Luz Saúde só irá ter lugar no início do próximo ano, depois de ter estado inicialmente previsto para acontecer no último trimestre deste ano, segundo disseram ao ECO fontes próximas do processo.

A Luz Saúde agendou para daqui a um mês uma assembleia geral de acionistas extraordinária para aprovar a venda de uma parte do seu capital através de um aumento de capital, com uma emissão de novas ações a serem subscritas por um grupo de investidores profissionais por via de um processo de book building, o que significa que, pelo menos nesta fase inicial, os pequenos investidores não poderão comprar ações do grupo de saúde. Simultaneamente, a Fidelidade irá realizar uma oferta de venda privada.

Os termos e condições do aumento de capital serão definidos pelo conselho de administração liderado por Isabel Vaz. A assembleia geral marcada para o dia 22 de dezembro irá ainda aprovar a admissão da totalidade das ações da Luz Saúde à negociação no mercado regulamentado gerido pela Euronext.

Até hoje a Fidelidade, detida pela Fosun, nunca tinha confirmado oficialmente os planos de um IPO da Luz Saúde. O grupo chinês informou esta terça-feira que obteve a autorização do regulador da bolsa de Hong Kong para avançar com a operação e indicou que, sujeito à aprovação das autoridades portuguesas, será submetido um prospeto na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) “no devido tempo”.

Fonte oficial revelou ao ECO que “a publicação da convocatória da assembleia geral e inclusive a aprovação das propostas que venham a ser submetidas não determinam a concretização do processo de venda”.

Isto porque o IPO, acrescentou a mesma fonte, “apenas terá lugar se estiverem reunidas as condições que o acionista vendedor considera adequadas para tal”.

Em cima da mesa estará a venda de uma participação entre 30% a 45% do capital do grupo de saúde e que poderá permitir um encaixe entre 300 milhões e 450 milhões de euros para a Fidelidade. A seguradora espera obter uma avaliação de mais de mil milhões de euros para o grupo que tem 28 unidades hospitalares e clínicas e perto de 14 mil funcionários em Portugal.

Como o ECO revelou em maio, Citi e UBS lideram um sindicato bancário para concretizar um IPO da Luz Saúde que vem sendo trabalhado num ambiente de mercado desafiante devido à subida das taxas de juro e, mais recentemente, aos riscos geopolíticos relacionados com a guerra no Médio Oriente.

A operação servirá para financiar o crescimento do grupo liderado por Isabel Vaz numa perspetiva internacional e também para reforçar os rácios de capital da própria Fidelidade – através de uma redução da exposição à Luz Saúde.

A assembleia geral extraordinária irá deliberar ainda sobre a eleição dos membros dos órgãos sociais para um novo mandato relativo ao quadriénio entre 2024 e 2027.

A Luz Saúde registou rendimentos operacionais de 600 milhões de euros em 2022, um aumento de 10,6% em comparação com 2021. Fechou o ano passado com lucros de 26,9 milhões de euros, mais 62% em termos homólogos.

Jorge Magalhães Correia, presidente do conselho de administração da FidelidadeHugo Amaral/ECO

Regresso à bolsa cinco anos depois

Para a Luz Saúde (antiga Espírito Santo Saúde), trata-se de um regresso à bolsa de Lisboa cerca de cinco anos depois de a Fidelidade a ter retirado da negociação em 2018.

Na altura, a seguradora avaliou o grupo de saúde em cerca de 550 milhões de euros, em função da contrapartida de 5,71 euros por ação que ofereceu aos investidores para comprar cerca de 1% que estava disperso na bolsa.

Confirmando-se uma avaliação superior a mil milhões de euros neste IPO, a Luz Saúde terá praticamente duplicado de valor neste período.

Abre caminho para o Novobanco?

O IPO da Luz Saúde — que poderá ser o maior dos últimos dez anos na bolsa portuguesa — é visto pelos analistas como um teste do mercado para avaliar o apetite dos investidores em relação ao próprio Novobanco, que também está a trabalhar numa ida para bolsa no próximo ano, segundo o CEO do banco, Mark Bourke.

É conhecido o interesse dos americanos da Lone Star em vender a sua participação de 75% no banco português, após ter investido 1.000 milhões de euros em 2017.

O último IPO na bolsa de Lisboa aconteceu em julho de 2021, com a admissão da Greenvolt, numa operação avaliada então em 500 milhões de euros.

Já no ano passado, a Euronext registou duas admissões técnicas, da Samba Digital e da MACC1X1 Socimi, de acordo com os dados disponibilizados pela dona da bolsa lisboeta.

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