Marcelo fixa agenda política para 2024

A caminho de umas eleições antecipadas, o Presidente da República apontou ainda as falhas do atual Executivo, alertando que "crescimento sem justiça social não é sustentável".

Na mensagem de Ano Novo, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou o que afirmou há um ano e concluiu que, “afinal 2024, será mais decisivo do que 2023” face a umas eleições legislativas antecipadas marcadas para 10 de março na sequência da demissão do primeiro-ministro, António Costa, “o mais longo chefe de Governo em democracia”. “E todos desejamos que possa ser diferente de 2020 e 2021, com a pandemia, e de 2022 e 2023, com as guerras”, disse a partir do Palácio de Belém, num discurso de cerca de sete minutos.

O Chefe do Estado apontou as falhas do atual Executivo na habitação, na saúde, no combate às desigualdades e à pobreza e defendeu que, a 10 de março tal como “desde 1974, é o povo e só o povo quem mais ordena”.

Caderno de encargos para o futuro Governo: “Crescimento sem justiça social não é sustentável”

“Em Portugal, contas certas, maior crescimento, emprego qualificação das pessoas, investimento, exportações são essenciais, mas também ficou claro que crescimento sem justiça social, sem redução da pobreza, e das desigualdades entre pessoas e territórios não é sustentável”, vincou Marcelo, num alerta também ao futuro Executivo que resultar da ida às urnas de 10 de março.

Por isso, um “efetivo acesso à saúde, à educação, à solidariedade social é uma peça chave para que haja justiça social e crescimento”. Além disso, o Chefe do Estado apelou a “uma administração pública e justiça que possam fazer a diferença nos anos que dispomos de fundos europeus, irrepetíveis e de uso urgente”.

É este o caderno de encargos para o próximo Executivo, liderado pelo socialista Pedro Nuno Santos ou pelo social-democrata Luís Montenegro.

Independentemente dos resultados das legislativas, Marcelo defende que todos os portugueses devem “estar atentos e motivados para para as eleições de março”, sublinhando que “2023 acabou com mais desafio e mais difícil do que aquele com que havíamos começado”.

“A democracia não tem medo de dar a palavra ao povo”, frisou. “Sabemos que o voto não é tudo”, sinalizando que poderá, mais uma vez, haver necessidade de entendimentos de incidência parlamentar para viabilizar um Governo à esquerda ou à direita. “Mas sem voto não há liberdade”, repetiu, admitindo que “todas as democracias são inacabadas, imperfeitas, desiguais, deveria ser menos pobreza, menos injustiça, menos corrupção, menos desigualdades”.

“Os tempos serão e serão sempre mais rápidos, mais exigentes, mais difíceis e o começo desses mais de 50 anos do 25 de abril está hoje, está já na vossa decisão sobre o rumo que quereis para Portugal”, mas também para os Açores, que vai a votos a 2 de fevereiro e para as eleições europeias de 9 de junho.

Marcelo Rebelo de Sousa lembrou que 2024 é “o ano de meio século da democracia em Portugal”, que se celebra a 25 de abril. E apesar das falhas que apontou ao atual Governo, concluiu que agora estamos melhor do que em ditadura: “A 1 de janeiro de 1974, as contas não eram certas, o primeiro choque petrolífero abanava a economia, a situação em África degradava-se e os que imigravam ultrapassavam um milhão, há meio século não era possível votar livremente”.

Atenção ao fechamento da UE e às eleições dos EUA

Há um ano, o Presidente da República defendia a importância da estabilidade política e, considerava que, perante uma maioria absoluta socialista, “2023 iria ser decisivo no mundo, na Europa e em Portugal”. Mas o tempo provou o contrário: “Ficou claro que a guerra na Ucrânia está para durar, que o antigo conflito entre dois povos ambos querendo a mesma terra se convertia novamente em guerra aberta, a inflação descia mas o crescimento não subia”. “E, enquanto durarem as guerras, a recuperação económica será mais lenta” e pesará mais “sobre os que mais sofrem, os pobres”.

A nível internacional, Marcelo considera que “devemos estar atentos às eleições norte-americanas de novembro, ao impacto das guerras na economia europeia, em que o crescimento marca passo mesmo nas sociedades mais fortes”.

Assim como também “devemos estar atentos às eleições europeias para percebermos como vai ser no tempo imediato, a abertura ao mundo e a recuperação económica”. A este respeito, o Chefe do Estado sinalizou “o fechamento e a precipitação com a segurança numa União Europeia fortaleza distante do resto do mundo e até do resto da Europa”.

“2024 irá ser largamente aquilo que os votantes, em democracia, o quiserem. Em Portugal, em março; na Europa, em junho; na maior potência do mundo, em novembro; e antes disso, em fevereiro, nos Açores. Um ano, afinal, ainda mais decisivo do que o ano de 2023”, sublinhou.

(Notícia atualizada às 20h47)

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