Rendibilidade das empresas portuguesas recua pela primeira vez desde a pandemia

Rendibilidade das empresas registou contração no terceiro trimestre de 2023, após dez trimestres consecutivos a subir. Custo dos financiamentos obtidos aumentou de 2,8% para 3,7% no mesmo período.

Após dez trimestres consecutivos de melhoria, a rendibilidade das empresas portuguesas registou uma contração no terceiro trimestre de 2023, segundo dados divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal.

A rendibilidade das empresas, medida pelo rácio entre os resultados antes de amortizações, depreciações, juros e impostos (EBITDA) e o total do ativo, foi de 9,3%, no terceiro trimestre de 2023, face aos 9,5% registados no segundo trimestre de 2023 e 8,8% no período homólogo.

Esta quebra marca uma inversão na rendibilidade das empresas portuguesas, que vinha a aumentar desde o final de 2020, período marcado pela pandemia de Covid-19, num ano em que as crescentes tensões geopolíticas e a subida das taxas de juro têm vindo a pressionar a economia.

Os setores de atividade do comércio, transportes e armazenagem e outros serviços apresentaram uma redução da rendibilidade do ativo, quer em relação ao período homólogo, quer face ao período anterior. No comércio, a rendibilidade recuou 1,1 pontos percentuais para 8,8%, enquanto nos transportes baixou um ponto para 12,6%.

Em sentido oposto, nas empresas privadas, apenas o setor da eletricidade apresentou um aumento da rendibilidade do ativo relativamente ao segundo trimestre de 2023, com a rendibilidade a aumentar para 11,8%, mais 4,8 pontos percentuais que no mesmo trimestre de 2023.

A rendibilidade das empresas públicas foi positiva, fixando-se em 7,2% (-0,4% no período homólogo e 6,6% no período anterior).

Maior autonomia financeira, custos de financiamento mais elevados

A autonomia financeira das empresas, medida pelo peso do capital próprio no total do ativo, foi de 43,2% no terceiro trimestre de 2023, acima dos 40,9% fixados no período homólogo, mas idêntico ao do período anterior.

Face ao período homólogo, a autonomia financeira das empresas privadas aumentou em todos os setores. No que diz respeito às PME (pequenas e médias empresas), a autonomia financeira reforçou-se de 41,6% para 44,4%, e a das grandes empresas aumentou de 34,5% para 36,2%.

Esta maior robustez financeira das empresas coincide com um período de custos de financiamento mais elevados. O custo dos financiamentos obtidos aumentou de 2,8% para 3,7%, em comparação com o terceiro trimestre de 2022, de acordo com a mesma fonte.

Já a cobertura dos gastos de financiamento das empresas (que quantifica o número de vezes que o EBITDA gerado pelas empresas é superior aos seus gastos de financiamento) reduziu-se de 10,1 para 8,9. Esta redução foi transversal a todos os setores de atividade, à exceção do setor da eletricidade, gás e água, indica ainda o Banco de Portugal.

 

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