Líderes rumam a Davos para tentar “reconstruir a confiança”. Centeno, Stilwell e Cláudia Azevedo entre os confirmados
Incerteza geopolítica e económica vai ser pano de fundo da 54ª reunião do Fórum Económico Mundial, que começa na segunda-feira e que conta com a presença de vários líderes portugueses.
A população de Davos, estimada em 10.700 pessoas, vai começar a crescer já este fim de semana. Quando a 54ª reunião anual do Fórum Económico Mundial (FEM) começar na segunda-feira, a pequena cidade nos Alpes suíços deverá acolher 2.800 participantes, mais respetivas equipas e centenas de membros da organização. A comunicação social internacional também irá estar presente em peso, até 19 de janeiro, para transmitir ao mundo o que os líderes mundiais da política, dos negócios e da sociedade civil vão dizer numa altura de grande complexidade.
“O evento vai ocorrer no contexto geopolítico e geoeconómico mais complicado das últimas décadas”, sublinhou Børge Brende, presidente do FEM, num briefing realizado esta semana. “Com base nesse cenário, precisamos urgentemente de reconstruir a confiança“. Se o mote da edição do ano passado era “cooperação num mundo fragmentado”, o de 2024 é precisamente a parte final da frase de Brende: rebuilding trust.
O presidente do Fórum sublinhou que, para esse propósito, 60 chefes de Estado e de Governo vão estar em Davos, num evento que terá 200 sessões transmitidas em direto no site da organização. “No barómetro da cooperação global que publicámos esta semana, em muitas áreas, não estamos assim tão mal. Mas numa área assistimos à erosão da confiança: a paz e segurança”, referiu. “Desde 2016 temos visto a cooperação a diminuir e desde 2020 afundou realmente, passando de 14 milhões de pessoas deslocadas para 110 milhões”.
Sabemos também que precisamos de regras e regras de trânsito, por isso temos o prazer de ter connosco António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, e mais de 30 das organizações internacionais da ONU, para apoiar as discussões sobre a guerra em Gaza, a situação na Ucrânia e as crises em curso em África.
Bronde salientou as presenças do primeiro-ministro chinês, Li Qiang, da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, explicando ainda que os EUA vão estar representados, nomeadamente pelo Secretário de Estado, Antony Blinken, a par de 40 ministros dos Negócios Estrangeiros de países chave. Da Europa irão estar ainda o presidente francês, Emmanuel Macron, e o presidente do Governo espanhol, Pedro Sánchez.
“Sabemos também que precisamos de regras e regras de trânsito, por isso temos o prazer de ter connosco António Guterres, Secretário-Geral das Nações Unidas, e mais de 30 das organizações internacionais da ONU, para apoiar as discussões sobre a guerra em Gaza, a situação na Ucrânia e as crises em curso em África”, referiu.
O presidente ucraniano Vlodomyr Zelensky fará um “discurso especial” e também se reunirá com o grupo formado há dois anos, designado “CEO com a Ucrânia”.
“A guerra em Gaza continua e há preocupações quanto a uma nova escalada. Em Davos reuniremos os principais intervenientes e analisaremos como evitar uma maior deterioração e também o que vem a seguir. Teremos os principais ministros dos Negócios Estrangeiros do Médio Oriente e do Norte de África, como o primeiro-ministro do Qatar, o presidente de Israel, o primeiro-ministro do Líbano e o primeiro-ministro da Jordânia”, explicou.
Negócios importam e podem contribuir
O FEM foi criado em 1971 como uma fundação sem fins lucrativos, para promover a cooperação público-privada. O presidente da organização sublinhou a necessidade urgente desse tipo de interação, pois os desafios mais prementes que o mundo enfrenta são transfronteiriços: as viagens sem passaporte, as alterações climáticas, as futuras pandemias, os ataques cibernéticos.
“A única forma de lidar com isto é que os países e as empresas colaborem e, mesmo neste mundo fraturado, existem oportunidades para nos unirmos e encontrarmos soluções comuns”, disse, vincando a necessidade urgente de soluções, ação, e inovação quando se trata de cooperação público-privada. “Os negócios importam e os negócios podem contribuir”.
A organização do evento espera a participação de 1.600 líderes empresariais, incluindo “mais de 800 dos principais CEO e presidentes dos membros e parceiros do Fórum Económico Mundial“, sinalizando ainda a presença de mais de 200 membros das comunidades Global Shapers, Jovens Líderes Globais e Empreendedores Sociais do Fórum para apresentar inovações e soluções locais. Também participarão da reunião mais de 150 especialistas e dirigentes das principais universidades, instituições de pesquisa e grupos de reflexão do mundo.
Portugueses repetem presença
Além de António Guterres, outros líderes portugueses vão repetir presença no encontro anual em Davos. Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, está confirmado. Do lado das empresas, a EDP confirmou que voltará a marcar presença. “Miguel Stilwell d’Andrade e Vera Pinto Pereira, CEO e administradora executiva da EDP, respetivamente, farão parte do conjunto de líderes das grandes empresas mundiais que irão participar em diversas sessões de trabalho, reuniões bilaterais e painéis de discussão, com o intuito de encontrar as melhores estratégias para “reconstruir a confiança”, afirmou a empresa.
“Será um evento marcado por temas relevantes, nomeadamente o da colaboração com as comunidades para acelerar a transição energética e combater a crise climática”, explicou numa nota à imprensa. “A EDP irá dar o seu contributo no debate e definição de soluções que garantam um futuro mais inclusivo, justo e sustentável”.
Ainda no setor da energia, fonte oficial da Galp confirmou ao ECO que o presidente executivo da empresa, Filipe Silva, também irá participar no evento.
Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, vai participar na The Race to Reskill, uma sessão agendada para dia 17 de janeiro às 12h15 (hora de Lisboa), que deverá abordar o tema da requalificação a nível europeu, dando o exemplo da empresa, nomeadamente do programa europeu R4E e do programa português PRO_MOV.
O evento está organizado em quatro áreas temáticas.
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Alcançar segurança e cooperação num mundo fraturado:
Como podemos lidar de forma eficazmente com as crises de segurança, como a atual situação no Médio Oriente, e ao mesmo tempo colocar o terreno sob as forças estruturais de fragmentação? Como podemos identificar áreas onde a cooperação é essencial para garantir um cenário vantajoso para todas as partes interessadas?
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Criar crescimento e empregos para uma nova era:
Como podem os governos, as empresas e a sociedade civil unirem-se em torno de um novo quadro económico para evitar uma década de baixo crescimento e colocar as pessoas no centro de uma trajetória mais próspera? Como podemos minimizar os compromissos e maximizar as sinergias numa situação em que as medidas tradicionais aparentemente falham?
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A Inteligência Artificial como força motriz da economia e da sociedade
Como podemos usar a IA para beneficiar a todos? Como é que o panorama regulamentar divergente equilibra a inovação com os riscos sociais? Como irá a IA interagir com outras tecnologias transformadoras, incluindo 5/6 G, computação quântica e biotecnologia?
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Uma estratégia de longo prazo para o clima, a natureza e a energia
Como podemos desenvolver uma abordagem sistémica a longo prazo para alcançar os objetivos de um mundo neutro em carbono e positivo para a natureza até 2050, proporcionando ao mesmo tempo um acesso acessível, seguro e inclusivo à energia, aos alimentos e à água? Como podemos equilibrar essas compensações para alcançar o consenso social?
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