Contração da economia no euro abranda, mas pressão dos preços aumentou
Apesar de continuar em território de contração, a economia do euro deu alguns sinais de melhoria no arranque do ano. Já os preços voltaram a registar um aumento em janeiro.
A economia da Zona Euro caiu a um ritmo mais moderado no arranque de 2024, com a atividade económica a abrandar ao ritmo mais lento dos últimos seis meses. Ainda assim, os setores da indústria e dos serviços mantiveram a tendência de agravamento, enquanto a pressão nos preços se intensificou.
O índice flash dos gestores de compras (PMI, no original em inglês) composto da Zona Euro avançou para 47,9 em janeiro, em comparação com os 47,6 no mês anterior, de acordo com a S&P Global. Trata-se do valor mais elevados dos últimos de seis meses. Ainda assim, as leituras continuam a apontar para território de contração (índice abaixo de 50 pontos)2, a pior registada na região desde 2013.
O PMI do setor dos serviços baixou para 48,4, face aos 48,8 fixados em dezembro. Trata-se da pior leitura em três meses.
O PMI da indústria avançou para 46,6, acima dos 44,4 registados no último mês do ano. É o melhor resultado deste indicador num período de nove meses.
A produção de bens continua a liderar a recessão, com a produção industrial a cair pelo décimo mês consecutivo, contudo, em janeiro, a queda na produção industrial foi a menor desde abril passado. Já as novas encomendas de mercadorias registaram a menor queda em nove meses.
A contração das novas encomendas foi, segundo o relatório, a mais baixa registada desde junho passado, o que ajudou a estabilizar os níveis de emprego e a aumentar o otimismo dos empresários em relação ao próximo ano para o máximo em oito meses.
Em termos de países, a recessão continuou a ser liderada pela França, onde a produção caiu um oitavo mês consecutivo e ao ritmo mais acentuado desde setembro, devido às contrações acentuadas tanto na indústria como nos serviços.
A produção também caiu a um ritmo acentuado e acelerado na Alemanha, embora uma desaceleração moderada na indústria tenha ajudado a compensar o agravamento da situação no setor dos serviços.
Já o resto da Zona Euro como um todo regressou ao crescimento após cinco meses de queda, registando a maior – mas ainda modesta – expansão desde junho passado. O crescimento do setor dos serviços fora da França e da Alemanha acelerou para o máximos de seis meses e o abrandamento da indústria moderou-se para registar a menor redução para
dez meses.
Maior pressão nos preços
Apesar dos problemas causados pela crise no Mar Vermelho nas cadeias de fornecimento, com atrasos nas entregas, os custos de produção da indústria continuaram a cair em termos médios, em janeiro.
No entanto, o crescimento dos custos no setor dos serviços acelerou no primeiro mês de 2024, contribuindo para o aumento global mais acentuado nos preços cobrados por bens e serviços desde maio passado, tendo a taxa de inflação acelerado agora durante três meses, depois de ter fixado mínimos de 32 meses em outubro.
Estes números mostram-nos que “a economia da zona euro permanece em ampla estagnação e que os riscos para a inflação não são suficientemente pequenos para esperar um corte de taxas do Banco Central Europeu (BCE) antes de junho“, escreve o ING, num comentário aos índices PMI.
“Apesar dos problemas do Mar Vermelho aparecerem com destaque nas notícias, as preocupações com a inflação decorrem atualmente mais dos serviços do que dos bens“, conclui o ING. Dito isto, os especialistas destacam que a manter a inflação abaixo de 2% continua a ser uma preocupação para o BCE, pelo que consideram “improvável” um corte de juros antes de junho.
Estas perspetivas estão em linha com aquilo que tem sido o discurso da presidente do banco central, Christine Lagarde, que apontou, em Davos, para o verão a primeira descida de juros.
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