“Continuamos menos otimistas que os mercados”, diz membro do BCE

Gediminas Šimkus, presidente do banco central da Lituânia, foi um dos três membros do Conselho do BCE que esta sexta-feira defendeu que o BCE seja mais conservador na gestão da política monetária.

A decisão do Conselho do Banco Central Europeu (BCE) de manter inalteradas as taxas diretoras pela terceira reunião consecutiva não surpreendeu ninguém, por conta das declarações que vários governadores vinham a fazer. A começar pelas intervenções de Christine Lagarde, presidente do BCE, que dias antes, no decorrer do Fórum Mundial Económico em Davos, atirou para o verão a realização dos primeiros cortes das taxas diretoras do BCE.

Esta sexta-feira, três governadores do BCE reforçaram a ideia transmitida na quinta-feira em conferência de imprensa por Lagarde, de que o BCE deverá manter uma postura mais conservadora no que respeita à condução da política monetária. Foi o caso de Madis Müller, que esta sexta-feira de manhã referiu que ser “demasiado cedo para se falar em cortes de taxas”.

O presidente do banco central da Estónia e membro do Conselho do BCE referiu ainda que “agora há demasiado pouca confiança de que a inflação tenha sido derrotada”, apesar de as últimas previsões dos analistas profissionais publicadas num inquérito do BCE, publicadas esta sexta-feira, apontarem para uma inflação de 2,4% este ano, 0,3 pontos percentuais abaixo da anterior previsão que apontava para uma taxa de inflação em 2024 de 2,7%.

Recorde-se que, na quinta-feira, poucos minutos antes de ser conhecida a decisão do Conselho do BCE de que as taxas continuariam inalteradas, os investidores antecipam que a autoridade monetária da Zona Euro cortasse as taxas entre 130 e 140 pontos base ao longo deste ano.

Também esta sexta-feira o governador do banco central da Lituânia veio colocar água na fervura nas expectativas dos investidores. “Continuamos menos otimistas que os mercados quanto à redução das taxas”, referiu Gediminas Šimkus, esta manhã, sublinhando ainda que “estou confiante de que os dados não suportarão um corte em março.”

Šimkus considera “ser mais provável que os cortes de taxas ocorram à medida que o ano avança”. No entanto, em virtude de poderem ocorrer apenas mais tarde, o presidente do banco central da Lituânia sublinha que o BCE deverá dar passos mais rápidos nesse sentido

“É possível cortar mais tarde, mas dando passos maiores”, referiu também esta sexta-feira o croata Boris Vujčić, notando, contudo, que “preferia reduções de um quarto de ponto (25 pontos base) nas taxas quando começarem.”

Apesar disso, o presidente do banco central da Croácia salientou que “o quadro geral [da Zona Euro] é, atualmente, bom”, sublinhando que “a economia está mais numa fase de estagnação do que de recessão”, como também mostram os dados publicados esta sexta-feira pelo BCE, que apontam para uma “ligeira contração do PIB real no último trimestre de 2023, seguida de uma recuperação lenta da atividade económica ao longo de 2024.”

Para 2024 e 2025, os resultados do mais recente inquérito do BCE aos analistas profissionais apontam para uma revisão em baixa de 0,3 e 0,2 pontos percentuais, respetivamente, com os analistas a anteciparem agora um crescimento do PIB de 0,6% em 2024 e de 1,3% em 2025.

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